quinta-feira, 24 de julho de 2014

Rankings de seleções podem prever o futuro?


Em fevereiro deste ano, publiquei um texto em que tomava como base o Ranking de Seleções elaborado por este blog para projetar quais seriam os resultados daCopa do Mundo de 2014. No mesmo texto, comparei as previsões dessa lista com outras feitas a partir do tradicional ranking da Fifa.

Terminado o Mundial, é interessante ver como os diferentes rankings se saíram em prever como a competição se desenrolaria. Para isso, comparamos previsões feitas a partir de 4 listas: o Novo Ranking de Seleções deste blog, o Ranking da Fifa publicado em janeiro (ou seja, feito a partir dos mesmos dados do Novo Ranking), o Ranking da Fifa de maio (último divulgado antes da Copa) e os prêmios pagos pelas casas de apostas em caso de título de cada seleção (dados de 20 de abril, da casa de apostas Bovada). Para controle, incluo na tabela também o número médio de acertos que uma aposta totalmente aleatória conseguiria:

Ranking
Oitavas
Quartas
Semifinal
Final
Campeão
Na mosca
Geral
Ranking Futrankings
6
9
3
3
1
0
Ranking Fifa (jan)
6
10
4
2
1
0
Ranking Fifa (mai)
8
11
4
2
1
0
Casas de apostas
8
9
5
3
1
0
Aleatório
4
8
2
0,50
0,13
0,03
*As previsões foram feitas a partir dos grupos e cruzamentos da Copa do Mundo. Em todos os casos, considerou-se que o time mais bem ranqueado (ou com menor prêmio, no caso das apostas) avançaria de fase. As previsões das quartas-de-final em diante foram feitas a partir dos resultados da previsão inicial, não dos confrontos que realmente ocorreram na Copa do Mundo.
**Acerto “na mosca” acontece quando a previsão adivinhou a posição em que determinado time ficou em seu grupo; acerto “geral” indica o número de classificados corretos, independentemente da posição.

A primeira coisa a destacar é que nenhuma das quatro previsões acertou algo que hoje parece óbvio: que a Alemanha seria campeã. No caso dos três rankings, a favorita era a Espanha. Para a casa de apostas, o campeão seria o Brasil. Na final, todos acertaram uma das equipes. Os três rankings novamente estiveram juntos, ao apontar a Alemanha. Já a casa de apostas indicou a Argentina na decisão.

É nas semifinais que a comparação fica mais interessante. Aqui, as duas versões do ranking da Fifa falharam feio. Na lista de janeiro, a entidade colocava Colômbia e Espanha entre os semifinalistas; em maio, os espanhóis eram acompanhados por Portugal entre os 4 melhores. A Espanha, aliás, foi o time que todos erraram, já que figurava em todas as listas de semifinalistas. O ranking deste blog não acreditou no Brasil, enquanto a casa de apostas esqueceu a Holanda.

Nas primeiras fases, a lista que se saiu melhor foi o ranking da Fifa de maio, que acertou 11 dos 16 que passaram para as oitavas-de-final – nas quartas, a casa de apostas se saiu melhor, acertando 5 de 8.

Somando todos os acertos (o “geral” das oitavas, mais quartas, semis, finalistas e campeão), os resultados dos quatro métodos não diferiram muito: a casa de apostas e o ranking da Fifa de maio acertaram 18 (em 31 possíveis), o ranking da Fifa de janeiro acertou 17 e o Novo Ranking de Seleções acertou 16. A diferença, que já é pequena, fica ainda menor se considerarmos que as duas primeiras previsões tiveram a vantagem de serem feitas mais perto do início da Copa do Mundo. Em todos os casos, vale destacar que os resultados são significativamente melhores que a aposta aleatória, a qual renderia menos de 11 pontos.

Falando especificamente das previsões feitas pelo ranking deste blog, vale fazer alguns destaques. Na parte positiva, a lista foi a única a prever a presença da Holanda na semifinal. Com relação ao Brasil, embora tenha previsto que o time cairia nas oitavas-de-final, o Novo Ranking não foi mal, se considerarmos que ele previa que a Seleção perderia para a Holanda e que, na realidade, o Brasil só passou das oitavas nos pênaltis.

Mas isso não quer dizer que o ranking do blog não cometeu erros feios. Um deles foi o mesmo das outras listas: apontar a Espanha campeã. Nesse caso, qualquer ranking baseado em resultados de jogos faria o mesmo, já que os resultados da Fúria nos últimos 4 anos eram muito consistentes. O erro mais feio foi colocar Honduras nas quartas-de-final (!!!). É verdade que o caminho dos Catrachos até lá seria relativamente fácil, mas não precisava exagerar... Outra equipe eliminada na primeira fase que também aparecia entre os 8 melhores é a Itália – este erro, bem mais compreensível.

A conclusão, se é que se pode tirar uma, é que um bom ranking reflete de maneira adequada o passado, mas não serve para prever o futuro – pelo menos não mais do que a previsão de qualquer analista bem informado. Aliás, mesmo os especialistas das casas de apostas, que ganham a vida prevendo resultados, não foram muito melhor do que a simples aplicação dos rankings, o que mostra o quanto o ser humano tende a prever o futuro baseado apenas no passado.

2 comentários:

  1. Boa análise e ótima conclusão. Vou só acrescentar uma coisa:
    Eu sei que existem amistosos, e países de continentes diferentes disputam competições distintas, mas fazendo uma análise bem superficial: Se as colocações finais dos países em todas as competições respeitassem a ordem dos rankings anteriores a elas, as posições nos rankings seriam eternamente imutáveis...

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  2. Exato!
    Os rankings podem ser vistos como uma tentativa de organizar e comparar as "incoerências" dos resultados passados. Mas, como você notou, nunca funcionarão perfeitamente para prever o futuro (ainda bem)!

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