sexta-feira, 29 de julho de 2016

As verdadeiras chances dos brasileiros na Olimpíada – parte 2


Está chegando mais uma Olimpíada e, com a proximidade do evento, cresce o oba-oba ao redor dos atletas brasileiros. Este ano, o otimismo está ainda maior, com os Jogos sendo disputados no Rio de Janeiro e o Governo Federal estabelecendo a meta de ficar entre os 10 melhores países no total de medalhas.

Mas será que essas aspirações são realistas? Para prever de forma objetiva o que se pode esperar dos brasileiros na Rio-2016, basta olhar para a posição que cada atleta ocupa no ranking de sua modalidade. Ok, esse está longe de ser um critério perfeito, mas, na média, indica resultados próximos da realidade, como se pode ver neste levantamento feito pelo blog, em 2012.

Neste post, apresento as previsões para o desempenho de nossos atletas do badminton, basquete, boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, futebol, ginástica, golfe, handebol, hipismo e hóquei na grama. No dia 27, publiquei a tabela com as previsões para atletismo e natação (incluindo maratona aquática).

O critério primário na elaboração da lista foi a posição dos atletas no ranking oficial de sua modalidade. Nos casos em que não existe ranking, tomou-se como base o resultado do último campeonato mundial. Nos esportes coletivos, é considerada a posição da equipe dentre as classificadas para a Olimpíada; em eventos individuais, considera-se a posição do atleta no ranking geral, levando-se em conta eventuais restrições quanto ao número de participantes de um mesmo país.

Com base na posição na lista de sua modalidade, os atletas brasileiros foram divididos nas quatro categorias a seguir:

Figurante: ranking abaixo de 16º. Disputa Olimpíada só para ganhar experiência/marcar presença. Qualquer vitória ou melhoria de marca pessoal já tornará a campanha positiva.
Coadjuvante: ranking entre 9º e 16º. Pode vencer um ou outro confronto, avançar de fase e até endurecer o jogo contra favoritos. Mas não dá para pensar em medalhas.
Pode surpreender: ranking entre 5º e 8º. Atleta de bom nível, que tem condições de viver grandes momentos nos Jogos. Não é favorito a medalhas, mas, com a ajuda da torcida e um pouco de sorte, pode descolar um lugar no pódio.
Briga por medalhas: ranking entre 2º e 4º. Não chega a ser o melhor do mundo, mas tem plenas condições de subir no pódio no Rio de janeiro.
Favorito: 1º lugar no ranking. É apontado como o melhor do mundo. Por isso, é o nome a ser batido na briga pela medalha de ouro.

Terminadas as explicações, confira o que se pode esperar de nossos atletas nesta Olimpíada:

Atleta
Esporte
Expectativa
Ygor Coelho
Badminton
Figurante
Lohaynny Vicente
Badminton
Figurante
Seleção Feminina
Basquete
Pode surpreender
Seleção Masculina
Basquete
Pode surpreender
Patrick Lourenço
Boxe (até 49kg)
Briga por medalhas
Julião Neto
Boxe (até 52kg)
Coadjuvante
Robenilson de Jesus
Boxe (até 56kg)
Coadjuvante
Robson Conceição
Boxe (até 60kg)
Favorito
Adriana Araújo
Boxe (até 60kg)
Coadjuvante
Joedison Teixeira
Boxe (até 64kg)
Figurante
Andreia Bandeira
Boxe (até 75kg)
Figurante
Michel Borges
Boxe (até 81kg)
Coadjuvante
Juan Nogueira
Boxe (até 91kg)
Figurante
Felipe Borges
Canoagem (slalom C1)
Figurante
Dupla masculina
Canoagem (slalom C2)
Figurante
Ana Sátila
Canoagem (slalom K1)
Figurante
Pedro Gonçalves
Canoagem (slalom K1)
Figurante
Erlon de Souza
Canoagem (velocidade C1 1000m)
Figurante
Isaquias Queiroz
Canoagem (velocidade C1 1000m)
Figurante
Erlon de Souza
Canoagem (velocidade C1 200m)
Figurante
Isaquias Queiroz
Canoagem (velocidade C1 200m)
Figurante
Dupla masculina
Canoagem (velocidade C2 1000m)
Coadjuvante
Ana Paula Vergutz
Canoagem (velocidade K1 200m)
Figurante
Edson Silva
Canoagem (velocidade K1 200m)
Figurante
Ana Paula Vergutz
Canoagem (velocidade K1 500m)
Figurante
Dupla masculina
Canoagem (velocidade K2 200m)
Coadjuvante
Equipe Masculina
Canoagem (velocidade K4 1000m)
Figurante
Priscilla Carnaval
Ciclismo (BMX)
Figurante
Renato Rezende
Ciclismo (BMX)
Figurante
Raiza Goulão
Ciclismo (cross country)
Coadjuvante
Henrique Avancini
Ciclismo (cross country)
Figurante
Rubens Donizete
Ciclismo (cross country)
Figurante
Clemilda Fernandes
Ciclismo (estrada)
Figurante
Flavia Oliveira
Ciclismo (estrada)
Figurante
Kleber Ramos
Ciclismo (estrada)
Figurante
Murilo Fischer
Ciclismo (estrada)
Figurante
Gideoni Monteiro
Ciclismo (omnium)
Figurante
Equipe Masculina
Esgrima (espada)
Pode surpreender
Equipe Feminina
Esgrima (espada)
Pode surpreender
Nathalie Moellhausen
Esgrima (espada)
Figurante
Guilherme Melaragno
Esgrima (espada)
Figurante
Nicolas Ferreira
Esgrima (espada)
Figurante
Equipe Masculina
Esgrima (florete)
Pode surpreender
Guilherme Toldo
Esgrima (florete)
Figurante
Henrique Marques
Esgrima (florete)
Figurante
Tais Rochel
Esgrima (florete)
Figurante
Renzo Agresta
Esgrima (sabre)
Figurante
Marta Baeza
Esgrima (sabre)
Figurante
Seleção Masculina
Futebol
Briga por medalhas
Seleção Feminina
Futebol
Pode surpreender
Arthur Zanetti
Ginástica (argolas)
Coadjuvante
Arthur Nory Mariano
Ginástica (artística - individual geral)
Coadjuvante
Lorrane Oliveira
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Arthur Zanetti
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Diego Hypolito
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Francisco Barretto Jr
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Sérgio Sasaki
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Daniele Hypolito
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Flávia Saraiva
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Jade Barbosa
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Rebeca Andrade
Ginástica (artística - individual geral)
Figurante
Equipe Masculina
Ginástica (artística)
Pode surpreender
Equipe Feminina
Ginástica (artística)
Coadjuvante
Arthur Nory Mariano
Ginástica (barra)
Briga por medalhas
Equipe Feminina
Ginástica (rítmica)
Coadjuvante
Natália Gaudio
Ginástica (rítmica)
Figurante
Arthur Nory Mariano
Ginástica (solo)
Coadjuvante
Rafael Andrade
Ginástica (trampolim)
Figurante
Jade Barbosa
Ginástica (trave)
Coadjuvante
Adilson Silva
Golfe
Figurante
Miriam Nagl
Golfe
Figurante
Victoria Lovelady
Golfe
Figurante
Seleção Feminina
Handebol
Pode surpreender
Seleção Masculina
Handebol
Coadjuvante
Equipe mista
Hipismo (adestramento)
Figurante
Giovanna Pass
Hipismo (adestramento)
Figurante
João Vitor Oliva
Hipismo (adestramento)
Figurante
Luiza Almeida
Hipismo (adestramento)
Figurante
Pedro Almeida
Hipismo (adestramento)
Figurante
Equipe mista
Hipismo (CCE)
Coadjuvante
Carlos Parro
Hipismo (CCE)
Figurante
Márcio Jorge
Hipismo (CCE)
Figurante
Márcio Appel
Hipismo (CCE)
Figurante
Ruy Fonseca
Hipismo (CCE)
Figurante
Equipe mista
Hipismo (saltos)
Coadjuvante
Álvaro de Miranda Neto
Hipismo (saltos)
Figurante
Eduardo Menezes
Hipismo (saltos)
Figurante
Pedro Veniss
Hipismo (saltos)
Figurante
Stephan Barcha
Hipismo (saltos)
Figurante
Seleção Masculina
Hóquei na Grama
Coadjuvante

Neste pedaço da lista, algumas ressalvas devem ser feitas, devido a imperfeições do método. O principal problema ocorre no futebol masculino, no qual o ranking reflete a realidade das equipes principais, mas a disputa olímpica envolve times sub-23. Por esse motivo, o Brasil figura em 4º entre os participantes (briga por medalhas), quando o mais correto seria considerá-lo favorito.

Na ginástica artística, as imperfeições também são evidentes. Trata-se de um esporte sem ranking mundial, então a base para a previsão é apenas um evento, o último mundial da categoria. Nesse torneio, Arthur Zanetti não se saiu bem e por isso aparece como figurante no individual geral (o que corresponde à realidade) e como coadjuvante em sua especialidade, as argolas.

Por outro lado, na esgrima acontece o oposto: em três eventos por equipes, os brasileiros aparecem como podendo surpreender. Na verdade, nossos esgrimistas são azarões, mas, como apenas 8 equipes participam de cada competição, os brasileiros aparecem em 8º nos respectivos rankings – portanto, na faixa do “pode surpreender” (5º a 8º lugar).

Assim como acontece no atletismo e na natação, a maior parte de nossos atletas são figurantes (no caso, dois terços). As chances realistas de medalha limitam-se a dois boxeadores (Patrick Lourenço e Robson Conceição), dois ginastas (Arthur Nory Mariano e Arthur Zanetti – este último, desconsiderando-se o ranking) e a seleção masculina de futebol. Além desses, pode haver surpresas com o futebol e handebol femininos, as duas seleções de basquete e a equipe masculina de ginástica. Nos outros eventos, o negócio é incentivar nossos atletas e não esperar grandes resultados.

Na próxima semana, completarei o balanço das chances dos brasileiros, trazendo as previsões para judô, levantamento de peso, luta, nado sincronizado, pentatlo moderno, polo aquático, remo, rúgbi, saltos ornamentais, taekwondo, tênis, tênis de mesa, tiro, tiro com arco, vela, vôlei e vôlei de praia.