segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Quadro de medalhas invertidas da Olimpíada Rio-2016


Terminados os Jogos Olímpicos Rio-2016, é hora da ressaca. E nada combina melhor com a depressão pós-festa do que olhar para os perdedores, aqueles que não só ficaram sem medalha, mas conseguiram alcançar o último lugar em suas competições.

Vejamos, então, como ficaria o “quadro de medalhas invertido” das Olimpíadas-2016, levando em consideração os três últimos colocados em cada uma das provas disputadas:

Pos
País
Último
Penúltimo
Antepenúltimo
1
Brasil
27
11
5
2
Austrália
10
11
10
3
Egito
8
10
7
4
Alemanha
8
4
8
5
Argélia
8
3
3
6
Itália
7
3
4
7
China
6
10
8
8
Estados Unidos
6
7
8
9
França
6
6
11
10
Japão
6
6
7
11
Cazaquistão
6
6
5
12
Venezuela
6
6
1
13
Marrocos
6
4
1
14
Tunísia
6
2
6
15
Holanda
5
4
7
16
Bielorrússia
5
3
4
17
Canadá
4
5
11
18
Ucrânia
4
5
7
19
Romênia
4
4
2
20
Rússia
4
4
1
21
Reino Unido
4
2
4
22
Bélgica
4
1
1
23
Bahrein
4
1
0
24
Angola
4
0
2
25
Mongólia
4
0
1
*Nem sempre é simples definir o último colocado de uma competição – um exemplo é o tênis, em que 32 atletas são eliminados na primeira partida. Nesses casos, o critério usado foi a diferença de pontos das derrotas e, mantida e igualdade, considera-se que é melhor quem perdeu para um adversário que foi mais longe na competição.
**Provas com grande número de desistências (por exemplo, a maratona) não foram incluídas na lista.


Pronto! Encontramos um aspecto em que o Brasil é uma potência olímpica! Em termos de segurar a lanterna, ninguém nem se compara aos brasileiros!

Brincadeiras à parte, já era esperado que o Brasil fosse mesmo o campeão dos lanternas. Isso acontece porque, além de contar com uma delegação grande (note que potências como China, Estados Unidos, Austrália e Alemanha também estão no “bottom 10”), o País pôde inscrever muitos atletas fracos beneficiando-se de vagas destinadas ao país-sede. Nesses casos, nada mais normal do que o competidor terminar entre as últimas posições.

Mesmo levando em consideração o “fator casa”, porém, não dá para negar que a distância do Brasil para os outros lanternas impressiona: foram mais últimos colocados que o 2º, o 3º e o 4º do ranking somados. A disparidade dos resultados brasileiros no topo do pódio e no pé da classificação fica evidente quando comparamos as diferenças entre medalhas e lanternas de todos os países:

País
Ouros
Lanternas
Diferença
Estados Unidos
46
6
+40
Reino Unido
27
4
+23
China
26
6
+20
Rússia
19
4
+15
Alemanha
17
8
+9
---
---
---
---
Venezuela
0
6
-6
Marrocos
0
6
-6
Tunísia
0
6
-6
Egito
0
8
-8
Argélia
0
8
-8
Brasil
7
27
-20
*A lista exibe apenas os 5 melhores e 6 piores países na diferença entre medalhas de ouro e últimas colocações.

E como é que o Brasil conseguiu tantas últimas posições? Vejamos o desempenho do País por esportes:

Esporte
Último
Penúltimo
Antepenúltimo
Esgrima
6
1
1
Tiro
5

1
Saltos Ornamentais
4

1
Atletismo
3


Natação
1
1

Levantamento de Peso
1
1

Luta
1
1

Polo Aquático
1


Ciclismo
1


Hóquei na Grama
1


Rugby
1


Tênis de Mesa
1


Tênis
1


Canoagem

2
1
Tiro com Arco

2

Basquete

1

Hipismo

1

Ginástica

1

Nado Sincronizado


1

De fato, a maioria de lanternas brasileiros vêm de três esportes em que não temos nenhuma tradição: esgrima, tiro e saltos ornamentais. Nos três casos, o Brasil teve grande quantidade de competidores classificados apenas por pertencerem ao país-sede. Não por acaso, o único esporte em que tivemos tanto um lanterna quanto um medalhista de ouro foi o atletismo.

No final das contas, o ranking dos maiores lanternas vale apenas como curiosidade, não permitindo conclusões muito sérias. A grande quantidade de países presentes na lista (177, contra apenas 87 no quadro de medalhas convencional) mostra que o “fator sorte” e convites a atletas fracos pesam muito mais do que reais políticas esportivas. E, no final de contas, é melhor ser o último colocado de uma Olimpíada do que nem ter participado, não é?