segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ranking de títulos do futebol brasileiro – evolução ano a ano


Aproveitando o marasmo dos campeonatos estaduais, trago aqui uma visão interessante sobre o desenvolvimento histórico das rivalidades locais entre os grandes clubes do futebol brasileiro.
A ideia é tomar como base o Ranking Histórico do Futebol Brasileiro e ver como a pontuação das equipes de cada Estado evoluiu ano a ano, o que dá uma medida muito boa de como o equilíbrio de forças mudou ao longo da história. Alguns resultados são surpreendentes!

Vejamos primeiro o Estado de São Paulo:

 Cinza - Santos; Vermelho - São Paulo; Preto - Corinthians; Verde - Palmeiras

No Estado em que as equipes têm mais títulos nacionais e internacionais, a oscilação é enorme. Veja o caso do Palmeiras: em 2001, era o paulista mais bem posicionado no ranking; 11 anos depois, já estava atrás dos três rivais do Estado. Aliás, pode-se dizer que os quatro “grandes” já sentiram o gosto de estar tanto na liderança quanto na lanterna dessa disputa.

Vale também destacar a importância das “eras de ouro” para as equipes. A época de Pelé fez o Santos dar um salto fenomenal no ranking, especialmente entre 1960 e 1968; o São Paulo mais que dobrou sua pontuação entre 1990 e 1993; o Palmeiras também cansou de ganhar títulos entre 1993 e 1999. Só o Corinthians é que apresenta um crescimento mais estável – se bem que podemos dizer que o Timão vive uma “era de ouro” desde 1998, quando tinha só metade dos pontos que tem hoje.

No Rio de Janeiro, o desempenho histórico das equipes tem características um pouco diferentes:



Vermelho - Flamengo; Preto - Vasco; Verde - Fluminense; Cinza - Botafogo

Até o fim dos anos 1970, havia bastante equilíbrio entre os quatro “grandes”, com ligeiro predomínio do Fluminense. Mas aí veio a geração de Zico, e o Flamengo deu um grande salto, distanciando-se dos rivais. Entre 1997 e 2000, o Vasco também ganhou muitos pontos, firmando-se na 2ª colocação – sua melhor posição em relação aos rivais. No entanto, a boa fase recente do Fluminense deixou a equipe a um passo de retomar a vice-liderança perdida em 1998.

É interessante analisar também a situação do Botafogo. Hoje, a Estrela Solitária está distante de seus rivais no ranking. Mas nem sempre foi assim. O brilhante time de Garrincha chegou a levar o alvinegro ao primeiro lugar entre os cariocas, em 1968. O problema é que, depois disso, houve uma longa seca, que durou 20 anos, e, fora um período bem-sucedido entre 1988 e 1998, as conquistas vieram a conta-gotas – daí a distância de mais de 100 pontos que hoje separa o Botafogo de seus rivais mais próximos.

No Rio Grande do Sul, os dois rivais se revezam ao longo do tempo:



Vermelho - Internacional; Azul - Grêmio

Como toda boa rivalidade entre dois times, Grêmio e Inter se revezaram como força dominante no Rio Grande do Sul ao longo do tempo – e sempre um acaba repetindo os feitos do outro.

No início dos anos 1970, o Colorado abriu vantagem sobre o rival graças a seu domínio no cenário nacional. Mas menos de 10 anos depois a diferença sumiu, graças a uma “era de ouro” do Grêmio. Na década de 1990, foi a vez de o Tricolor disparar na frente, com os títulos conquistados sob o comando de Felipão. Mas recentemente o Inter recuperou terreno, graças, principalmente, às duas Libertadores e ao Mundial que venceu. Agora, já faz quatro anos que o lado vermelho de Porto Alegre está na frente. Mas a história mostra que isso pode mudar a qualquer momento.

Por fim, em Minas Gerais, não há tanta alternância:


Azul - Cruzeiro; Preto - Atlético

Na rivalidade mineira, é possível distinguir claramente três etapas. Até os anos 1960, o domínio era do Atlético, que tinha mais títulos locais que o rival. De meados dos anos 1960 até o fim dos anos 1980, houve genuíno equilíbrio. De 1991 a 2003, no entanto, o Cruzeiro desandou a ganhar títulos (fez quase metade de seu total de pontos nessa época) e abriu uma grande vantagem sobre o rival – mesmo com o título do Galo na última Libertadores, o Cruzeiro ainda mantém expressiva vantagem de 135 pontos.

Olhando para todos os gráficos, é possível concluir que a alternância de forças é um dos componentes principais para manter viva a rivalidade entre clubes. Mesmo que hoje haja razoável diferença entre rivais, os gráficos mostram que, em todos os casos, a história já foi outra.

No passado, times como os Américas do Rio e de Minas, ou a Portuguesa, em São Paulo, talvez também pudessem ser incluídos nessa lista de rivalidades. No entanto, a ausência de “épocas de ouro” fez com que eles ficassem para trás, acabando com a rivalidade. Por isso, fica o alerta, principalmente para Atlético e Botafogo: é melhor voltarem a encostar nos rivais, se não, daqui a algumas décadas, os gráficos podem vir a ter ainda menos equipes...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Últimas análises sobre o Ranking de Seleções 2014


Para fechar a série de textos sobre o Novo Ranking de Seleções de 2014, apresento algumas comparações da lista com a edição anterior, além de projeções para 2015.

Primeiro, vejamos quais foram as equipes que mais ganharam e mais perderam posições no ranking deste ano:

Anterior
Atual
País
Dif
104
64
Armênia
+40
79
48
Burkina Fasso
+31
124
96
Etiópia
+28
97
71
Escócia
+26
113
88
Islândia
+25

Anterior
Atual
País
Dif
89
123
Letônia
-34
83
114
Irlanda do Norte
-31
100
129
Benin
-29
119
148
Chipre
-29
150
179
Ilhas Faroe
-29

Pela natureza do ranking, é mesmo esperado que as seleções que mais se moveram sejam as que estão perto do centro da lista. A curiosidade fica para o fato de que os que mais subiram encontram-se todos no “top 100”, enquanto os que mais desceram estão todos fora desse grupo (mesmo comparando-se as posições anteriores, nota-se que os que cresceram neste ano já se encontravam significativamente melhor do que os que mais caíram).

A lista fica mais interessante se verificarmos quais foram os times que mais oscilaram em termos de pontos, não de posições:

Anterior
Atual
País
Pos
Dif
573,5
857,5
Panamá
+18
284,0
545,8
815,5
Nigéria
+16
269,7
1.924,8
2.177,8
Uruguai
0
253,0
1.198,5
1.424,5
Itália
+3
226,0
256,5
455,3
Burkina Fasso
+31
198,8

Anterior
Atual
País
Pos
Dif
1.528,0
1.368,0
México
-2
-160,0
796,3
640,0
Egito
-8
-156,3
1.794,0
1.669,5
Brasil
0
-124,5
676,0
566,0
Eslováquia
-9
-110,0
915,5
809,8
França
-6
-105,7

O maior ganhador, o Panamá, deve seu desempenho ao surpreendente vice-campeonato da Copa Ouro. O mesmo motivo, na África, explica o crescimento da Burkina Fasso, única equipe a aparecer entre os maiores ganhadores tanto por posições quanto por pontos.

Entre os perdedores, surpreende o caso do México, que deveria até ter ganhado pontos em 2014, já que não defendia nenhuma pontuação na Copa das Confederações. No entanto, os mexicanos foram mal no torneio intercontinental, e pior ainda na Copa Ouro (sem falar das Eliminatórias), o que motivou sua queda.

Embora tenha sido campeão da Copa das Confederações, o Brasil perdeu pontos porque também ganhara o título do torneio em 2009. Por não disputar as Eliminatórias, a Seleção acabou ficando com menos pontos nos jogos “avulsos”, o que explica a perda.

Outra comparação interessante é entre o ranking da Fifa (tomado como base a lista de janeiro de 2014) e o deste blog. As equipes com as maiores diferenças entre os dois são:

Fifa
Blog
País
Dif
35
102
Cabo Verde
-67
49
88
Islândia
-39
55
94
País de Gales
-39
76
113
Serra Leoa
-37
47
82
Áustria
-35
63
98
Israel
-35

Fifa
Blog
País
Dif
141
72
Taiti
+69
115
51
Iraque
+64
135
77
Coreia do Norte
+58
101
56
Catar
+45
172
128
Ilhas Salomão
+44

Em geral, os times mais prejudicados pela metodologia do Novo Ranking são aqueles que no último ano tiveram desempenho muito melhor do que nas temporadas anteriores. No outro lado da escala, os maiores beneficiados são países com bom desempenho nos torneios continentais, mas que não disputaram o Mundial, ou, então, que ganharam mais pontos em 2010 e 2011 do que nos anos seguintes. Como curiosidade, vale apontar o fato que os maiores beneficiados ganharam mais posições do que perderam os maiores prejudicados.

Por fim, façamos uma projeção para 2015. Quais deverão ser as principais mudanças no ranking? Vejamos quais são as equipes que “defendem” mais pontos neste ano:

Pos
País
Defende
1
Espanha
1.721,5
4
Holanda
1.245,0
3
Alemanha
929,0
2
Uruguai
706,3
10
Gana
665,5

Naturalmente, os países que têm mais pontos a defender em 2014 são os que se saíram melhor na Copa de 2010. No entanto, espera-se que parte deles tenha bom desempenho no próximo Mundial, o que deve atenuar bastante a queda. Aliás, como curiosidade, vale dizer que, dos 5 países que mais defendiam pontos em 2013, só o México perdeu posições (os outros eram Brasil, Estados Unidos, Espanha e Costa Rica).

Levando em conta o contexto atual das seleções, dentre as listadas acima, a situação mais difícil é a de Gana, que perderá os pontos da Copa Africana de 2010 (em 2014 não haverá CAN) e dificilmente conseguirá chegar novamente às quartas-de-final do Mundial. A Holanda também sofrerá para repetir o vice-campeonato de 2010. Outros países com perspectiva de queda acentuada são Paraguai (não vai para a Copa, que lhe valeu 374 pontos em 2010), Egito (perderá 376 pontos do título da CAN-2010), Eslováquia e África do Sul (ambos fora do Mundial, que disputaram em 2010).

Entre os países com mais chances de subir, não adianta ver quais são os que defendem menos pontos: afinal, 38 países não pontuaram em 2010, o mais bem ranqueado deles sendo a Guiné Equatorial (hoje no 111º lugar). Quem deve disparar, mesmo, é El Salvador, 62º colocado, com apenas 4 pontos a defender. Costa Rica, Bélgica, Equador e Colômbia ganharão no mínimo 50 pontos no Mundial e têm menos do que isso a defender. Entre os melhores, a Itália tem boa situação, já que defende só 137 pontos, de longe o menor valor entre os 15 primeiros colocados da lista.

E na liderança, será que teremos mudanças? O principal fator, logicamente, será o desempenho da Espanha na Copa do Mundo. Se a Fúria chegar à final, deverá manter o primeiro lugar, mesmo que saia derrotada. Se chegar à semi, também tem boas chances de permanecer na liderança, desde que o campeão não seja Alemanha, Holanda, Brasil ou Argentina.