domingo, 25 de novembro de 2012

Times há mais tempo na primeira divisão do Brasileirão



O rebaixamento do Palmeiras para a segunda divisão, matematicamente confirmado na última semana, foi emblemático. Se não foi a primeira vez que um time grande caiu, foi a primeira em que um dos grandes retornou à Série B.

O outro “escorregão” palmeirense foi relativamente recente, em 2002. O alviverde disputou a Segundona em 2003 e voltou à Série A em seguida, mantendo-se na elite desde 2004. Parece pouco tempo (e é), mas, por incrível que pareça, só há 6 times que estão na primeira divisão há mais tempo. Veja só:

Pos Time Desde
1 Cruzeiro 1966
2 Flamengo 1967
2 Internacional 1967
4 Santos 1980
4 São Paulo 1980
6 Fluminense 2000
7 Botafogo 2004
7 Palmeiras 2004
9 Grêmio 2006
10 Atlético-MG 2007
11 Corinthians 2009
12 Atlético-GO 2010
12 Vasco 2010
14 Bahia 2011
14 Coritiba 2011
14 Figueirense 2011
17 Náutico 2012
17 Ponte Preta 2012
17 Portuguesa 2012
17 Sport 2012

Na história do Campeonato Brasileiro, há 5 times que nunca foram rebaixados (os 5 primeiros da lista): Cruzeiro, Flamengo, Internacional, Santos e São Paulo. Os dois últimos aparecem com uma sequência menor porque não disputaram o Brasileirão em 1979, por não aceitarem a fórmula de disputa daquele ano (queriam entrar só na 3ª fase).

Flamengo, Inter e Cruzeiro participaram de todas as edições do Brasileirão propriamente dito, mas os dois primeiros não jogaram as últimas disputas da Taça Brasil. Incluindo esse torneio na conta, o time com maior série ininterrupta de participações na primeira divisão é o Cruzeiro, sempre presente desde 1966.

Excetuando-se os 5 que nunca caíram, é interessante notar que nenhum time tem uma série contínua na Série A maior que 12 anos. Com o rebaixamento palmeirense, o Corinthians, que completa só 4 anos seguidos na elite, já estará entre os 10 mais longevos nesse quesito.

Como curiosidade, também vale uma olhada para os times que subirão à Série A em 2013. Dentre os promovidos, não há ninguém que está fora há muito tempo: o maior jejum é do Criciúma, que disputou a Série A pela última vez em 2004. Vitória e Goiás estão fora desde 2010, e o Atlético-PR passou apenas um ano na Segundona.

Ou seja, se é fácil cair, também parece ser fácil voltar. O Palmeiras alcançou um feito negativo ao tornar-se o primeiro grande a cair duas vezes. Só precisa ficar esperto para não passar outro vexame: ser o primeiro grande a não conseguir voltar direto para a elite (desde a adoção da fórmula de disputa por pontos corridos e o fim das "viradas de mesa").

domingo, 18 de novembro de 2012

Os maiores artilheiros da história – descontando a “inflação”



No texto passado, apresentei uma nova maneira de contar o número de golsmarcados por Pelé. Além de uniformizar os critérios de contagem, eliminando gols em amistosos e separando os marcados pela Seleção, foi feita uma conta para “desinflacionar” os números do Rei.

Explico: como nos anos 1960 eram marcados muito mais gols do que hoje, jogadores dessa época levam vantagem em relação aos atuais. Para colocar os craques em pé de igualdade, é preciso dividir seus gols pela média da época (e multiplicar pela média atual). No caso de Pelé, o número de gols “desinflacionado” ficou em 605 – o que não deixa de ser uma marca impressionante.

E como será que outros grandes artilheiros da história se sairiam nessa metodologia? Para responder essa pergunta e montar o ranking abaixo, escolhi 15 jogadores que frequentemente aparecem nas listas de maiores goleadores. A seleção foi subjetiva e eliminou nomes para os quais não há disponível uma lista de gols minimamente confiável – por isso Túlio e Friedenreich, entre outros, não aparecem.

Foram considerados só gols marcados em partidas oficiais por clubes. Para calcular a média da época do jogador, escolhi o período de 8 temporadas contínuas em que o atleta foi mais produtivo (em termos de gols marcados), atuando em um mesmo país (ou Estado, para os brasileiros). Depois, dividi o total de gols pela média da época e multipliquei por 2,699 (média das últimas 8 temporadas do Campeonato Espanhol).

Com esses critérios, vejamos a lista de gols “desinflacionados” de 16 grandes artilheiros:

Nome
Gols
Temporadas
País/Estado
Média Gols
Gols Atual
Romário
687
1995 a 2002
Rio de Janeiro
2,841
653
Pelé
751
1958 a 1965
São Paulo
3,353
605
Roberto Dinamite
512
1972 a 1979
Rio de Janeiro
2,367
584
Zico
522
1976 a 1983
Rio de Janeiro
2,414
584
Ferenc Puskas
616
1958/9 a 1965/6
Espanha
3,010
552
Eusébio
565
1965/6 a 1972/3
Portugal
2,773
550
Gerd Müller
635
1966/7 a 1973/4
Alemanha
3,175
540
Hugo Sánchez
424
1983/4 a 1990/1
Espanha
2,356
486
Gunnar Nordahl
513
1948/9 a 1955/6
Itália
2,894
478
Uwe Seeler
575
1955/6 a 1962/3
Alemanha
3,597
431
Henrik Larsson
434
1997/8 a 2003/4
Escócia
2,771
423
Josef Bican
730
1938/9 a 1945/6
Rep. Tcheca
5,176
381
Jimmy McGrory
518
1925/6 a 1932/3
Escócia
3,711
377
Alfredo di Stéfano
475
1953/4 a 1960/1
Espanha
3,415
375
Jimmy Greaves
422
1961/2 a 1968/9
Inglaterra
3,162
360
Lionel Messi
273
2005/6 a 2012/3
Espanha
2,699
273

Por esse critério, Romário conseguiu o feito de superar Pelé. Isso deixa claro duas coisas:

1) O Baixinho era realmente inigualável na frente do gol, tendo marcado quase 700 vezes em uma época em que a média era pouco mais alta que a atual – e muito menor que a dos anos 1960.
2) Número de gols, “desinflacionados” ou não, não é critério para definir qual jogador é melhor.

Também chama a atenção como o critério faz com que jogadores brasileiros apareçam nas 4 primeiras posições da lista. Trata-se de uma distorção do método? Não necessariamente. Pelé e Romário são, de fato, dois jogadores que podem ser considerados os maiores goleadores da história. Já Zico e Roberto Dinamite merecem grande reconhecimento por terem feito mais de 500 gols em uma época em que a média era ainda menor que a atual.

O que se pode questionar é que os quatro – Romário principalmente – se beneficiaram por enfrentar muitas molezas nos campeonatos estaduais. Mas aí já entramos no campo da subjetividade...

Entre os estrangeiros, Puskas e Eusébio ocupam merecida posição de destaque. Quem perde muito com a atualização é o austro-tcheco Josef Bican, o segundo maior da história em números absolutos (730 gols). Como o campeonato tcheco da época tinha uma inacreditável média de 5,18 gols por partida, a marca “desinflacionada” do jogador cai bastante.

E o craque da atualidade, Lionel Messi? Evidentemente, ainda tem um longo caminho para percorrer – precisa de mais 160 gols para entrar no “top 10” histórico. Mas, com 25 anos de idade, o argentino ainda tem tempo de sobra para isso.