quinta-feira, 3 de julho de 2014

Prorrogações em Copas do Mundo


A Copa do Mundo de 2014 não para de surpreender. Depois do alto número de gols da primeira fase, as oitavas-de-final viram incríveis 5 jogos irem para a prorrogação. Proporcionalmente, até este momento, trata-se de um recorde; mas, para igualar a maior marca da história, ainda faltam mais três prorrogações, já que aconteceram 8 na Copa de 1990.
 
Veja abaixo o número de prorrogações em cada Mundial:

Copa
Prorrogações
Possíveis
Gols
Empates
1930
0
3
0
0
1934
3
17
4
1
1938
6
18
9
3
1950
0
0
0
0
1954
1
8
2
0
1958
0
8
0
0
1962
0
8
0
0
1966
1
8
2
0
1970
3
8
7
0
1974
0
2
0
0
1978
1
2
2
0
1982
1
4
4
1
1986
5
16
5
3
1990
8
16
6
4
1994
4
16
3
3
1998
4
16
1
3
2002
5
16
3
2
2006
6
16
3
4
2010
4
16
2
2
2014*
5
8
7
2
*Inclui apenas as oitavas-de-final

Nota-se, claramente, uma “perda de eficácia” das prorrogações ao longo do tempo. Até 1978, 73% das vezes o tempo extra foi suficiente para determinar o vencedor; desde então, a única vez que essa proporção passou dos 50% foi na Copa de 2002 (e nas oitavas-de-final de 2014). No geral, de 1982 a 2010, só 41% das vezes a prorrogação teve um vencedor.

Outra coisa interessante a se notar é a alta média de gols no tempo extra. Contrariando o senso comum, de que as prorrogações são retrancadas, observa-se uma média de 3,24 gols a cada 90 minutos de jogo ao longo da história. É claro que a sensação de retranca não é injustificada: nas Copas entre 1998 e 2010, a média nas prorrogações caiu para apenas 1,54 gols por 90 minutos de jogo (já considerando as partidas decididas no “gol de ouro”, que tiveram menos tempo disputado).

Nas oitavas-de-final de 2014, vimos 7 gols em 5 prorrogações, excelente média de 4,2 gols por 90 minutos. O número é mais incrível ainda se considerarmos que no tempo regulamentar, a média de gols dessa fase foi de pífios 1,38 a cada 90 minutos.

Destaque para as prorrogações de Alemanha x Argélia e de Bélgica x Estados Unidos, que tiveram 3 gols cada uma, após 0x0 no tempo normal. Mas esse número de gols não chega a ser um recorde. A prorrogação mais incrível da história foi a da semifinal da Copa de 1970 entre Itália e Alemanha, que viu 5 gols (o placar final foi de 4x3 para os italianos, após um comum 1x1 no tempo normal).

E se considerarmos o desempenho das seleções nas prorrogações das Copas do Mundo, quem se destaca? Vejamos:

País
Vitórias
Empates
Derrotas
Dif
Itália
5
5
1
+4
Argentina
3
4
0
+3
Inglaterra
3
3
1
+2
Áustria
1
0
0
+1
Hungria
1
0
0
+1
Turquia
1
0
0
+1
Coreia do Sul
1
1
0
+1
Gana
1
1
0
+1
Sérvia
1
1
0
+1
França
2
4
1
+1
Brasil
1
5
0
+1
Camarões
1
0
1
0
Senegal
1
0
1
0
Bélgica
2
1
2
0
Rep. Tcheca
1
1
1
0
Uruguai
1
1
1
0
Bulgária
0
1
0
0
Chile
0
1
0
0
Costa Rica
0
1
0
0
Cuba
0
1
0
0
Grécia
0
1
0
0
Japão
0
1
0
0
Portugal
0
1
0
0
Ucrânia
0
1
0
0
Irlanda
0
2
0
0
Romênia
0
3
0
0
Espanha
1
4
1
0
Argélia
0
0
1
-1
Colômbia
0
0
1
-1
Nigéria
0
0
1
-1
Noruega
0
0
1
-1
Polônia
0
0
1
-1
Paraguai
0
1
1
-1
Suécia
0
1
1
-1
México
0
2
1
-1
Suíça
0
2
1
-1
Alemanha
2
5
3
-1
Estados Unidos
0
0
2
-2
Rússia
0
0
2
-2
Holanda
0
1
3
-3
*Tabela inclui resultados até as oitavas-de-final da Copa de 2014

A Itália compensa seu fraco desempenho em disputas de pênaltis (confira aqui) com um excelente resultado em prorrogações – sofreu apenas 1 derrota em 11 disputas desse tipo.

Mais impressionante é o caso da Argentina, invicta em 7 prorrogações. Se considerarmos que os argentinos só perderam 1 das 4 disputas de pênaltis em que se envolveram, dá para concluir que não é uma boa ideia estender o jogo para além dos 90 minutos contra o time de Messi e companhia.

Na ponta de baixo da tabela, o destaque é Holanda, que perdeu 3 das 4 prorrogações que disputou. Considerando que os holandeses também são péssimosnos pênaltis, percebe-se o quanto foi importante a virada da Oranje para cima do México, ainda no tempo regulamentar.

Vale também mencionar o caso da Bélgica, que nesta Copa do Mundo disputou sua 5ª prorrogação. Em 1986, os belgas conseguiram a proeza de disputar o tempo extra em três jogos seguidos, cada vez com um resultado diferente: vitória nas oitavas, empate nas quartas (classificou-se nos pênaltis) e derrota na semifinal. Em 1990, a Inglaterra também jogou três prorrogações seguidas, vencendo as duas primeiras e empatando a última (perdeu nos pênaltis para a Alemanha).

E o Brasil? Quando de trata de prorrogações, a Seleção é talvez a mais sem graça do mundo: empatou 5 dos 6 tempos extras que disputou, todas as vezes sem gols. A única exceção foi o incrível 6x5 contra a Polônia nas oitavas-de-final da Copa de 1938, jogo que terminou 4x4 no tempo normal e viu três gols na prorrogação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário