A Copa do Mundo de 2014 não para de surpreender. Depois do alto número de gols da primeira fase, as oitavas-de-final viram incríveis 5 jogos irem para a prorrogação. Proporcionalmente, até este momento, trata-se de um recorde; mas, para igualar a maior marca da história, ainda faltam mais três prorrogações, já que aconteceram 8 na Copa de 1990.
Veja abaixo o número de prorrogações em cada Mundial:
Copa |
Prorrogações
|
Possíveis
|
Gols
|
Empates
|
1930 |
0
|
3
|
0
|
0
|
1934 |
3
|
17
|
4
|
1
|
1938 |
6
|
18
|
9
|
3
|
1950 |
0
|
0
|
0
|
0
|
1954 |
1
|
8
|
2
|
0
|
1958 |
0
|
8
|
0
|
0
|
1962 |
0
|
8
|
0
|
0
|
1966 |
1
|
8
|
2
|
0
|
1970 |
3
|
8
|
7
|
0
|
1974 |
0
|
2
|
0
|
0
|
1978 |
1
|
2
|
2
|
0
|
1982 |
1
|
4
|
4
|
1
|
1986 |
5
|
16
|
5
|
3
|
1990 |
8
|
16
|
6
|
4
|
1994 |
4
|
16
|
3
|
3
|
1998 |
4
|
16
|
1
|
3
|
2002 |
5
|
16
|
3
|
2
|
2006 |
6
|
16
|
3
|
4
|
2010 |
4
|
16
|
2
|
2
|
2014* |
5
|
8
|
7
|
2
|
Nota-se, claramente, uma “perda de eficácia” das prorrogações ao longo do tempo. Até 1978, 73% das vezes o tempo extra foi suficiente para determinar o vencedor; desde então, a única vez que essa proporção passou dos 50% foi na Copa de 2002 (e nas oitavas-de-final de 2014). No geral, de 1982 a 2010, só 41% das vezes a prorrogação teve um vencedor.
Outra coisa interessante a se notar é a alta média de gols no tempo extra. Contrariando o senso comum, de que as prorrogações são retrancadas, observa-se uma média de 3,24 gols a cada 90 minutos de jogo ao longo da história. É claro que a sensação de retranca não é injustificada: nas Copas entre 1998 e 2010, a média nas prorrogações caiu para apenas 1,54 gols por 90 minutos de jogo (já considerando as partidas decididas no “gol de ouro”, que tiveram menos tempo disputado).
Nas oitavas-de-final de 2014, vimos 7 gols em 5 prorrogações, excelente média de 4,2 gols por 90 minutos. O número é mais incrível ainda se considerarmos que no tempo regulamentar, a média de gols dessa fase foi de pífios 1,38 a cada 90 minutos.
Destaque para as prorrogações de Alemanha x Argélia e de Bélgica x Estados Unidos, que tiveram 3 gols cada uma, após 0x0 no tempo normal. Mas esse número de gols não chega a ser um recorde. A prorrogação mais incrível da história foi a da semifinal da Copa de 1970 entre Itália e Alemanha, que viu 5 gols (o placar final foi de 4x3 para os italianos, após um comum 1x1 no tempo normal).
E se considerarmos o desempenho das seleções nas prorrogações das Copas do Mundo, quem se destaca? Vejamos:
País |
Vitórias
|
Empates
|
Derrotas
|
Dif
|
Itália |
5
|
5
|
1
|
+4
|
Argentina |
3
|
4
|
0
|
+3
|
Inglaterra |
3
|
3
|
1
|
+2
|
Áustria |
1
|
0
|
0
|
+1
|
Hungria |
1
|
0
|
0
|
+1
|
Turquia |
1
|
0
|
0
|
+1
|
Coreia do Sul |
1
|
1
|
0
|
+1
|
Gana |
1
|
1
|
0
|
+1
|
Sérvia |
1
|
1
|
0
|
+1
|
França |
2
|
4
|
1
|
+1
|
Brasil |
1
|
5
|
0
|
+1
|
Camarões |
1
|
0
|
1
|
0
|
Senegal |
1
|
0
|
1
|
0
|
Bélgica |
2
|
1
|
2
|
0
|
Rep. Tcheca |
1
|
1
|
1
|
0
|
Uruguai |
1
|
1
|
1
|
0
|
Bulgária |
0
|
1
|
0
|
0
|
Chile |
0
|
1
|
0
|
0
|
Costa Rica |
0
|
1
|
0
|
0
|
Cuba |
0
|
1
|
0
|
0
|
Grécia |
0
|
1
|
0
|
0
|
Japão |
0
|
1
|
0
|
0
|
Portugal |
0
|
1
|
0
|
0
|
Ucrânia |
0
|
1
|
0
|
0
|
Irlanda |
0
|
2
|
0
|
0
|
Romênia |
0
|
3
|
0
|
0
|
Espanha |
1
|
4
|
1
|
0
|
Argélia |
0
|
0
|
1
|
-1
|
Colômbia |
0
|
0
|
1
|
-1
|
Nigéria |
0
|
0
|
1
|
-1
|
Noruega |
0
|
0
|
1
|
-1
|
Polônia |
0
|
0
|
1
|
-1
|
Paraguai |
0
|
1
|
1
|
-1
|
Suécia |
0
|
1
|
1
|
-1
|
México |
0
|
2
|
1
|
-1
|
Suíça |
0
|
2
|
1
|
-1
|
Alemanha |
2
|
5
|
3
|
-1
|
Estados Unidos |
0
|
0
|
2
|
-2
|
Rússia |
0
|
0
|
2
|
-2
|
Holanda |
0
|
1
|
3
|
-3
|
A Itália compensa seu fraco desempenho em disputas de pênaltis (confira aqui) com um excelente resultado em prorrogações – sofreu apenas 1 derrota em 11 disputas desse tipo.
Mais impressionante é o caso da Argentina, invicta em 7 prorrogações. Se considerarmos que os argentinos só perderam 1 das 4 disputas de pênaltis em que se envolveram, dá para concluir que não é uma boa ideia estender o jogo para além dos 90 minutos contra o time de Messi e companhia.
Na ponta de baixo da tabela, o destaque é Holanda, que perdeu 3 das 4 prorrogações que disputou. Considerando que os holandeses também são péssimosnos pênaltis, percebe-se o quanto foi importante a virada da Oranje para cima do México, ainda no tempo regulamentar.
Vale também mencionar o caso da Bélgica, que nesta Copa do Mundo disputou sua 5ª prorrogação. Em 1986, os belgas conseguiram a proeza de disputar o tempo extra em três jogos seguidos, cada vez com um resultado diferente: vitória nas oitavas, empate nas quartas (classificou-se nos pênaltis) e derrota na semifinal. Em 1990, a Inglaterra também jogou três prorrogações seguidas, vencendo as duas primeiras e empatando a última (perdeu nos pênaltis para a Alemanha).
E o Brasil? Quando de trata de prorrogações, a Seleção é talvez a mais sem graça do mundo: empatou 5 dos 6 tempos extras que disputou, todas as vezes sem gols. A única exceção foi o incrível 6x5 contra a Polônia nas oitavas-de-final da Copa de 1938, jogo que terminou 4x4 no tempo normal e viu três gols na prorrogação.
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