domingo, 30 de janeiro de 2011

Copa no Qatar

O Japão ganhou ontem a Copa da Ásia 2011, disputada no Qatar. Como esse país, por incrível que pareça, vai receber a Copa do Mundo em 2022, achei interessante dar uma olhada na média de público do torneio asiático, para ver o quanto o povo qatariano é “apaixonado por futebol”.
No geral, a Copa da Ásia teve uma média de 12.791 pessoas presentes nos estádios. No torneio anterior, disputado em 2007, em quatro países (Tailândia, Vietnã, Malásia e Indonésia), a média foi 70% maior: 21.785 pessoas.
Em defesa do Qatar, deve-se levar em conta alguns outros dados. Um deles é a capacidade dos estádios. Na edição de 2007, a média ponderada das capacidades (capacidade x nº de jogos em cada estádio / total de jogos) era de 71.509 pessoas. No Qatar, a média foi de só 27.344. Assim, pode-se dizer que os estádios qatarianos tiveram ocupação de 47%, enquanto os do Sudeste Asiático tiveram só 30%.
Outra comparação é a da média de público nos jogos menos interessantes, ou seja, aqueles que não envolveram o time da casa nem eram a final do torneio. Nesse critério, a média do Qatar cai para 9.496, mas a do torneio de 2007 despenca para 7.834.
Em resumo, fica claro que o Qatar está longe de ser um país apaixonado por futebol, mas também não destoa tanto de outras nações asiáticas (o que não torna a escolha da Fifa menos absurda).

sábado, 29 de janeiro de 2011

Outro ranking histórico do futebol inglês

O ranking do Campeonato Inglês que eu publiquei semana passada é uma boa ferramenta para medir a “tradição” dos clubes, mas tem uma falha inegável: ele só considera resultados de um único torneio – o próprio Campeonato Inglês –, prejudicando times que tiveram mais glórias em outras competições.
Sabendo disso, montei um segundo ranking da Inglaterra, desta vez abrangendo o futebol inglês como um todo, não só o campeonato nacional. Aqui, a lógica é parecida com o do ranking histórico criado pela Folha de S. Paulo: para cada torneio foi atribuída uma pontuação, proporcionalmente a sua importância ao longo da história. A grande diferença em relação ao ranking do jornal é que, aqui, só ganham pontos os campeões (sempre me pareceu algo muito arbitrário dar pontos aos vices, mas não pontuar terceiros colocados, quartos, quintos...).
O peso dos torneios foi distribuído da seguinte maneira:
Torneio
Pontos
Campeonato Inglês (A)
20
Copa da Inglaterra (B)
10
Copa da Liga Inglesa (C)
5
Liga dos Campeões (D)
35
Liga Europa / Copa Uefa / Fairs Cup (E)
20
Recopa (F)
20
Supercopa Européia (H)
5
Mundial de Clubes (I)
5
Community Shield (G)
2
War Time Leagues (torneios disputados durante a II Guerra Mundial) (J)
1


É nesse ponto que fica evidente a grande desvantagem deste ranking: ao examinar a distribuição de pontos, você provavelmente discordou do valor que eu atribuí a algum dos torneios. E esse é um problema sem solução, já que a ponderação da importância histórica de uma competição é altamente subjetiva.
O máximo que se pode fazer é explicar a lógica que norteou a distribuição dos pesos. Ao fazer isso, considerei a importância que os ingleses atribuem a cada torneio. Por isso é que o Mundial de Clubes vale só 5 pontos – para os ingleses, ganhar o Mundial está no mesmo patamar que vencer a Recopa. Para não desprezar nenhum torneio, incluí na conta títulos de pouca expressão, como o Community Shield e os torneios disputados durante a II Guerra Mundial. Como a pontuação deles é pequena, seu impacto no resultado final do ranking é quase nulo.
Levando tudo isso em conta, a classificação dos times foi a seguinte (apresento só os 30 primeiros colocados, mais os outros times que hoje estão na Premier League):
Pos

Time
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
Pontos
1
Liverpool
18
7
7
5
3
15
3
1
722
2
Manchester United
18
11
4
3
1
17
1
2
644
3
Arsenal
13
10
2
1
1
12
3
425
4
Aston Villa
7
7
5
1
1
1
273
5
Everton
9
5
1
9
1
260
6
Tottenham
2
8
4
2
1
7
3
210
7
Chelsea
4
6
4
2
4
1
2
208
8
Newcastle
4
6
1
1
161
9
Sunderland
6
2
1
141
10
Nottingham Forest
1
2
4
2
1
1
2
135
11
Blackburn
3
6
1
1
126
12
Leeds
3
1
1
2
2
1
118
13
Sheffield Wednesday
4
3
1
1
116
14
Wolverhampton
3
4
2
4
1
115
15
Manchester City
2
4
2
1
3
1
114
16
West Bromwich Albion
1
5
1
2
77
17
Huddersfield
3
1
1
2
73
18
Portsmouth
2
2
1
1
62
19
Preston
2
2
1
61
19
Sheffield United
1
4
1
61
21
Burnley
2
1
2
52
21
West Ham
3
1
1
1
52
23
Derby
2
1
1
51
24
Ipswich
1
1
1
50
24
The Wanderers
5
50
26
Bolton
4
1
41
27
Bury
2
1
21
28
Old Etonians
2
20
29
Leicester
3
1
1
17
30
Blackpool
1
3
13
45
Stoke
1
2
7
46
Birmingham
1
1
6
53
Fulham
0
53
Wigan
0


Comparando este ranking com o do Campeonato Inglês, vemos que não há controvérsias em relação aos três primeiros colocados: Liverpool, Manchester United e Arsenal, nessa ordem, ficam na ponta em ambos os métodos. Na sequência, pode-se considerar um “empate técnico” entre Everton e Aston Villa, cujas posições se invertem entre os rankings. O próximo grupo é formado por Tottenham, Chelsea, Newcastle e Sunderland, que aparecem nessa ordem neste ranking, e na ordem inversa no do Campeonato Inglês.
Descendo mais na classificação, começam a aparecer algumas oscilações maiores. A mais significativa é a do Nottingham Forest, que sobe da 20ª para a 10ª posição nesta metodologia. Outros que variam bastante são Derby (23º neste ranking e 14º no outro), Stoke (de 26º para 45º) e Birmingham (de 29º para 46º).
E qual dos dois rankings é o melhor? Acho que é uma questão de gosto pessoal, mas, em geral, o ranking de títulos reflete melhor a tradição dos clubes grandes, enquanto o ranking do Campeonato Inglês é bem mais preciso para indicar a importância histórica de times médios e pequenos, que não têm uma sala de troféus grande. De qualquer forma, dá para ver que, a pesar das diferenças, as duas classificações não chegam a ser contraditórias entre si.