segunda-feira, 28 de julho de 2014

Quantos jogadores da Seleção de 2014 estarão em 2018?


Assim que o Brasil foi humilhado pela Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, publiquei uma análise sobre a necessidade de reformulação total (maisuma!) na Seleção. Agora, aprofundo a análise, com base em dados estatísticos das Copas do Mundo mais recentes.

Nos últimos seis Mundiais, a média de jogadores mantidos na Seleção Brasileira, em relação à Copa do Mundo anterior, foi de apenas 7,7. Confira:

Copa de 1994 (ficaram de 1990): Taffarel, Jorginho, Dunga, Branco, Romário, Aldair, Muller, Bebeto, Mazinho, Ricardo Rocha
Copa de 1998 (ficaram de 1994): Taffarel, Dunga, Bebeto, Cafu, Aldair, Leonardo, Ronaldo
Copa de 2002 (ficaram de 1998): Cafu, Roberto Carlos, Ronaldo, Rivaldo, Denilson, Dida
Copa de 2006 (ficaram de 2002): Cafu, Lúcio, Roberto Carlos, Ronaldo, Gilberto Silva, Ronaldinho Gaúcho, Ricardinho, Dida, Kaká, Rogério Ceni
Copa de 2010 (ficaram de 2006): Lúcio, Juan, Kaká, Luisão, Gilberto, Gilberto Silva, Júlio César, Robinho
Copa de 2014 (ficaram de 2010): Júlio César, Maicon, Daniel Alves, Thiago Silva, Ramires

Por essa lista, então, poderíamos esperar que 7 ou 8 dos 23 que deram vexame na Copa de 2014 ganhassem uma nova chance em 2018. No entanto, deve-se considerar que o time que o Brasil levou a campo no último Mundial estava envelhecido, fator que está diretamente ligado à renovação:

Equipe
Até 26 anos
A partir de 30 anos
Dif
Mantidos na Copa seguinte
Brasil-2014
7
8
-1
?
Brasil-2010
6
9
-3
5
Brasil-2006
8
10
-2
8
Brasil-2002
12
3
+9
10
Brasil-1998
8
6
+2
6
Brasil-1994
7
5
+2
7
Brasil-1990
13
2
+11
11

Assim, é de se esperar que haja uma mudança maior do que a média nos nomes da Seleção para a próxima Copa do Mundo. No entanto, a tabela acima também mostra que trocar nomes não necessariamente significa rejuvenescer a equipe. Basta verificar que o time de 2014 foi o que mais mudou jogadores, mas ao mesmo tempo é um dos que mandou a campo menos jovens.

Também é importante notar que o número de “jovens”, abaixo de 27 anos, foi menor que o de “veteranos”, acima de 30, pela terceira Copa do Mundo seguida. É um fato expressivo, considerando que o número de “trintões” nunca havia superado o de jovens na Seleção antes de 2006.

Com isso, fica clara a dificuldade recente de renovação do Brasil nesse período: os técnicos se veem pressionados a trocar jogadores, mas não encontram jovens talentos para as vagas. E, mesmo quando apostam em garotos, escolhem mal. Em 2010, por exemplo, Dunga convocou 6 atletas com menos de 27 anos para a Copa do Mundo. Desses, apenas 2 (Thiago Silva e Ramires) retornaram em 2014. Os outros 4 (Felipe Melo, Michel Bastos, Robinho e Nilmar) realmente não teriam a menor condição de serem chamados nos dias de hoje.

O pior é que o Brasil vai na contramão da tendência mundial. Na última Copa, a maioria das seleções trouxe times jovens. Confira:

País
Até 26 anos
A partir de 30 anos
Dif
Gana
16
1
+15
Bélgica
15
1
+14
Coreia do Sul
15
1
+14
Alemanha
15
3
+12
Austrália
15
4
+11
Nigéria
15
5
+10
Suíça
12
3
+9
México
14
6
+8
Colômbia
10
2
+8
Argélia
12
4
+8
Holanda
14
7
+7
Inglaterra
12
5
+7
Bósnia
11
4
+7
Camarões
12
6
+6
França
10
4
+6
Japão
11
6
+5
Equador
11
6
+5
Croácia
10
6
+4
Costa Rica
11
7
+4
Grécia
9
6
+3
Chile
9
7
+2
Espanha
9
7
+2
Costa do Marfim
9
7
+2
Itália
8
6
+2
Estados Unidos
10
8
+2
Rússia
9
7
+2
Brasil
7
8
-1
Honduras
6
7
-1
Argentina
7
8
-1
Uruguai
5
7
-2
Portugal
7
9
-2
Irã
8
11
-3

Das 32 equipes participantes, só duas (Honduras e Uruguai) trouxeram menos jogadores “jovens” (abaixo de 27 anos) que o Brasil, e somente duas (Portugal e Irã) trouxeram mais veteranos (a partir de 30 anos). Ou seja, pouquíssimos países vão ter que se renovar mais do que o Brasil.

Impressiona, também, perceber que a campeã Alemanha aparece com um dos elencos mais recheados de jovens do Mundial. Se quiser, Joachim Löw não precisará mudar mais que 3 nomes de seu elenco para 2018. Outros times com bom desempenho – Bélgica, Nigéria, México e Colômbia – também aparecem entre os que tiveram menor número de veteranos. Já as maiores decepções da Copa – Espanha, Itália, Brasil e Portugal – aparecem todas na parte mais baixa da lista. Na verdade, a única equipe que conseguiu um bom resultado em 2014 com um time relativamente velho foi a Argentina.

Será que em 2018 (ou mesmo 2022) o Brasil terá condições de montar uma equipe mais jovem? E, em caso afirmativo, será que haverá coragem para abrir mão de resultados imediatos para montar uma base mais sólida para o futuro? Tudo o que a CBF fez desde a surra frente à Alemanha, infelizmente, indica que não.

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