Na Copa do Mundo de 2014, pela 5ª vez consecutiva, as duas semifinais serão disputadas em datas diferentes. Com isso, um dos finalistas jogará a decisão do torneio com a vantagem de haver descansado um dia a mais. Desigual? Sem dúvida. Mas será que isso será uma grande vantagem a favor do vencedor do confronto entre Brasil e Alemanha?
Nas últimas 5 Copas do Mundo (incluindo a atual), os jogos entre equipes que tiveram tempos diferentes de descanso apresentam os seguintes resultados:
Mundial |
Vitórias do Mais Descansado
|
Empates
|
Vitórias do Menos Descansado
|
2014 |
6
|
2
|
2
|
2010 |
5
|
4
|
2
|
2006 |
2
|
3
|
4
|
2002 |
15
|
8
|
10
|
1998 |
4
|
4
|
5
|
Total |
32
|
21
|
23
|
Com base nesses 5 torneios, dá para dizer sem dúvida que os times que puderam descansar um dia a mais levaram vantagem. Mas também se nota que essa vantagem é pequena, facilmente superável por outros fatores.
Vale notar que a grande maioria dos jogos que entraram na tabela acima são da 1ª fase, etapa em que é comum que equipes sejam beneficiadas com um dia a mais de descanso que os adversários. No mata-mata, essa diferença é bem menos frequente, já que a Fifa tem se esforçado para que futuros oponentes joguem no mesmo dia (curiosamente, tal precaução foi ignorada na Copa de 2002).
No entanto, a diferença de descanso se mantém justamente na hora mais importante, antes da final. O motivo é lógico: se as duas semis fossem jogadas na mesma data, haveria mais um (tedioso) dia sem jogos, o que seria um desperdício. Nas decisões, no entanto, os resultados são bem curiosos em relação ao descanso das equipes:
2010: Holanda perdeu para a Espanha, que descansou um dia a menos
2006: Itália, que descansou um dia a mais, ganhou nos pênaltis
2002: Alemanha perdeu para o Brasil, que descansou um dia a menos
1998: Brasil perdeu para a França, que descansou um dia a menos
1994: as duas semifinais foram no mesmo dia
1990: Argentina perdeu para a Alemanha, que descansou um dia a menos
1970 a 1986: os dois finalistas tiveram o mesmo tempo de descanso
1966: Alemanha perdeu para a Inglaterra, que descansou um dia a menos
1934 a 1962: os dois finalistas tiveram o mesmo tempo de descanso
1930: Argentina perdeu para o Uruguai, que descansou um dia a menos
Por incrível que pareça, em 6 das 7 finais em que as equipes não tiveram o mesmo tempo de descanso, o time mais cansado venceu! A única exceção foi a final de 2006, na qual a Itália, mais descansada, foi campeã nos pênaltis. Seria esse um sinal de que Argentina/Holanda são favoritas para a decisão deste ano?
Existe outro fator a ser considerado, quando falamos de descanso. Será que passar pelo desgaste de uma prorrogação é muito prejudicial para uma equipe nas partidas seguintes do mata-mata? Vejamos os resultados dos jogos que envolveram uma equipe que jogou 120 minutos na partida anterior contra um adversário que enfrentou apenas os 90 minutos regulamentares:
Mundial |
Vitórias de quem não jogou prorrogação
|
Disputas de pênaltis
|
Vitórias de quem jogou a prorrogação
|
2014 |
0
|
1
|
2
|
2010 |
2
|
1
|
0
|
2006 |
3
|
2
|
0
|
2002 |
3
|
0
|
0
|
1998 |
2
|
1
|
1
|
Total |
10
|
5
|
3
|
Nas Copas entre 1998 e 2010, jogar a prorrogação praticamente significou “morte certa” para as equipes na partida seguinte: foram só 3 vitórias (2 delas nos pênaltis), em 15 encontros. No entanto, em 2014, a tendência se inverteu. Brasil e Alemanha, que precisaram da prorrogação nas oitavas, venceram suas partidas nas quartas-de-final. Mesmo a Costa Rica sobreviveu a 120 minutos contra a Holanda e só foi eliminada nos pênaltis.
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