domingo, 27 de janeiro de 2013

Felipão, o rei do mata-mata


Apesar de ter saído do Palmeiras em baixa, com a equipe à beira do rebaixamento, Luiz Felipe Scolari foi escolhido para comandar a Seleção Brasileira. Dada a carência de bons técnicos no País, provavelmente foi a escolha correta – e certamente é uma opção melhor que Mano Menezes.

A campanha do técnico em 2012 ajuda a explicar sua escolha. Se Felipão não foi bem no Brasileiro, por outro lado tirou um coelho da cartola ao levar o limitadíssimo Palmeiras ao título da Copa do Brasil. Ou seja, Scolari é inegavelmente um técnico “copeiro” – e o Mundial é disputado em mata-mata.

Abaixo, você pode conferir o desempenho de Luiz Felipe Scolari em torneios de mata-mata, ao longo de sua carreira. Os resultados são realmente impressionantes:

Clube
Classificado
Eliminado
Aproveitamento
Goiás
5
1
83%
Al Qadissiyah (KUW)
4
0
100%
Coritiba
2
2
50%
Criciúma
5
0
100%
Grêmio
32
10
76%
Palmeiras (97 a 2000)
26
11
70%
Cruzeiro
5
3
63%
Brasil
4
1
80%
Portugal
4
4
50%
Chelsea
3
1
75%
Bunyodkor (UZB)
2
3
40%
Palmeiras (2010 a 2012)
14
5
74%
TOTAL
106
41
72,1%
*Não foi possível coletar dados confiáveis sobre seus trabalhos por CSA, Juventude, Brasil de Pelotas, Al Shabab, Pelotas e seleção do Kuwait. Todas foram passagens curtas e não devem alterar significativamente o resultado final.

O aproveitamento total de Felipão, de 72,1%, é realmente impressionante. Esse número significa que ele venceu (quase) 3 de cada 4 confrontos de mata-mata que enfrentou na carreira. A especialidade de Scolari é a Copa do Brasil: foram 44 confrontos, com 38 vitórias. É um aproveitamento de 86%, que lhe rendeu 4 títulos em 10 participações.

Em Copas do Mundo, Felipão também é excelente: foram 6 vitórias (4 com o Brasil e 2 com Portugal), contra apenas 2 derrotas (ambas com Portugal, sendo uma na disputa do 3º lugar).

Com base nisso, é possível calcular as chances (de brincadeira, é claro) de título do Brasil na próxima Copa do Mundo. Dado que são necessárias 4 vitórias seguidas para ser campeão e o aproveitamento de Scolari é de 72,1%, concluímos que a chance de a Seleção ficar com o troféu seria de 27%. Se tomarmos como base o aproveitamento do técnico em Copas (75%), então as chances sobem para 32%. Talvez essas probabilidades não pareçam nada impressionantes – dado que a Seleção tem sempre a “obrigação” de ser campeã –, mas certamente não seriam maiores com nenhum outro técnico brasileiro.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Equilíbrio histórico dos Estaduais – últimos 20 anos


No último texto, apresentei o índice de equilíbrio histórico (clique aqui para conhecer ametodologia) dos principais campeonatos estaduais do Brasil. Com índices que variaram de 2,8 a 9,4, vimos que, com exceção de Santa Catarina (e, talvez, São Paulo) são torneios que sempre tiveram um grupo pequeno de clubes ganhando títulos. 

A situação fica ainda pior se considerarmos apenas os últimos 20 anos. Afinal, nos primórdios dos torneios, muitos times pequenos, que hoje nem existem mais, conseguiram ser campeões. Contando apenas as últimas duas décadas, chega-se a um número que reflete melhor quantos times realmente brigam pelo título, atualmente.

Considerando os nove Estados que hoje têm representantes na Série A do Brasileirão, o ranking dos últimos 20 anos é o seguinte:

Pos
Estado
Índice
1
São Paulo
4,5
2
Santa Catarina
4,3
3
Paraná
3,6
4
Rio de Janeiro
3,3
5
Minas Gerais
2,8
6
Goiás
2,7
7
Bahia
2,4
7
Rio Grande do Sul
2,4
9
Pernambuco
2,2

Nota-se que, com uma diferença de no máximo 0,8 ponto (a mais ou a menos), o índice equivale ao número de times considerados “grandes” dentro de seus respectivos Estados. Além disso, os números caem muito em relação ao ranking histórico geral e, em alguns casos, chegam a níveis comparáveis aos dos torneios mais sem graça do mundo.

Enquanto o Brasileirão tem um índice de equilíbrio de 8,7 nos últimos 20 anos, o mais equilibrado dos Estaduais – o Paulista – tem só 4,5. Os três últimos colocados da lista só não têm índices piores que o Grego (2,2), o Português (2,1) e o Escocês (1,8) – considerando, em todos os casos, os últimos 20 anos.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Equilíbrio histórico dos principais campeonatos estaduais


Neste fim de semana, começa a disputa dos campeonatos estaduais. São torneios de pouquíssima relevância esportiva e baixo nível técnico, cujas conquista, atualmente, só são realmente celebradas por torcidas que sabem que seus times não têm condições de ganhar nenhum outro título.

Um dos problemas dos Estaduais é a falta de equipes competitivas. Se, no Brasileiro, a quantidade de postulantes ao título costuma ser alta, nos Estaduais vemos sempre os mesmos brigando pela taça (e, quando isso não acontece, fica claro que é por causa da má fase das equipes tradicionais).

Essa falta de equilíbrio dos campeonatos estaduais ao longo da história pode ser constatada por meio do ranking de equilíbrio histórico (clique aqui paraconhecer a metodologia de cálculo). Essa lista leva em consideração quantos títulos cada time ganhou e calcula um índice análogo ao usado para medir o grau de concentração de setores da economia. Um índice de 4, por exemplo, equivale a um torneio em que todos os títulos da história foram divididos igualmente entre 4 equipes.

Considerando os nove Estados que hoje têm representantes na Série A do Brasileirão, o ranking é o seguinte:

Pos
Estado
Índice
1
Santa Catarina
9,4
2
São Paulo
6,7
3
Paraná
5,0
4
Rio de Janeiro
4,6
5
Bahia
4,4
6
Goiás
4,3
7
Pernambuco
3,6
8
Minas Gerais
3,2
9
Rio Grande do Sul
2,8

Para efeito de comparação, vale dizer que o índice do Campeonato Brasileiro é superior a 11 – lembrando que, quanto mais alto, mais equilibrado (cliqueaqui para ver os índices dos principais campeonatos internacionais). Ou seja, o único torneio que pode ser considerado equilibrado é o Catarinense, onde, na verdade, ainda não há times “grandes” totalmente consolidados.

São Paulo ainda tem um mínimo de competitividade, com um índice próximo ao do Campeonato Italiano, por exemplo. O resto tem níveis baixos, ou baixíssimos. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem um bom número de times grandes – quatro –, mas a pequena quantidade de títulos que ficaram com outras equipes faz com que o índice seja de apenas 4,6. É bom lembrar que o Campeonato Espanhol, que é praticamente um “duopólio” de Barcelona e Real Madrid, tem índice de 4,0.

Minas Gerais e Rio Grande do Sul, então, têm números que se equiparam aos dos torneios menos equilibrados do mundo, como o Uruguaio e os Escocês (países que só têm dois times de verdade).

Ou seja, mesmo na época em que os clubes pequenos montavam equipes de verdade (e não “catadões” juntados às pressas 1 mês antes do início do campeonato), em poucos casos isso se traduziu em campeonatos realmente competitivos. Quando os grandes só disputavam os Estaduais, ok, era o único título a se comemorar. Mas hoje, numa época de obsessão pela Libertadores e de Brasileiro disputado por pontos corridos, importar-se com torneios que só têm 4 times de verdade (no máximo) é um anacronismo injustificável.