segunda-feira, 21 de julho de 2014

Copa do Mundo 2014: quem ganhou e quem perdeu


Passada uma semana do fim da Copa do Mundo de 2014, a poeira começa a baixar. Com as emoções controladas, agora é possível fazer uma análise mais ponderada do desempenho de cada participante neste Mundial.

Levando em conta as expectativas pré-Copa e os resultados em torneios anteriores, vejamos quais países voltaram para casa em alta, quais não mudaram muito sua situação e quais caíram no conceito geral. Note-se que esta é uma análise subjetiva e que as notas atribuídas não têm nenhuma base estatística.

GANHARAM

Alemanha – 10/10
Foi uma Copa do Mundo perfeita para os alemães: trouxeram o melhor time, fizeram a melhor preparação, mostraram o melhor futebol e conquistaram o título. De quebra, ainda fizeram excelente campanha de relações públicas e ganharam a simpatia dos brasileiros, quebrando o estereótipo de ser um povo “frio”. Para completar, ainda têm talentos jovens, com potencial para manter o domínio no futuro (16 jogadores de até 27 anos, o dobro do Brasil). Certamente, é o modelo de jogo e de desenvolvimento de atletas deles que será copiado durante os próximos anos.

Costa Rica – 9/10
Os Ticos foram a “Cinderela” do Mundial. Caíram em um dos “grupos da morte”, com três seleções tradicionalíssimas, e saíram de lá invictos, em primeiro lugar. Como recompensa, enfrentaram a limitada Grécia nas oitavas, o que lhes permitiu avançar até as quartas, onde só foram eliminados pela Holanda nos pênaltis. A Costa Rica deu um exemplo de como se deve enfrentar times mais fortes, mostrando a diferença de uma retranca pura e simples para um inteligente jogo de contra-ataques.

Argentina – 8/10
Chegou à final após 24 anos de ausência e até teve chances de derrubar a poderosa Alemanha – a mesma que humilhara o Brasil na partida anterior. Tudo isso na casa do arquirrival. A Argentina surpreendeu a todos ao apresentar uma defesa sólida, mas decepcionou no ataque, onde suas estrelas só apresentaram brilho esporádico. Apesar da decepção de perder a final e do futebol pouco empolgante, não dá para reclamar da campanha.

Holanda – 8/10
Não eram poucos os que apontavam a Holanda como possível vítima de um dos “grupos da morte” da Copa. Mas a Oranje estreou de maneira brilhante contra a Espanha e aproveitou o embalo para alcançar o 3º lugar no Mundial. Na primeira fase, chegou a apresentar o futebol mais vistoso do torneio, mas perdeu embalo no mata-mata, até cair nos pênaltis na sonolenta semifinal contra a Argentina. No geral, o saldo é amplamente positivo.

Colômbia – 8/10
Com um futebol rápido, muito talento e o artilheiro/revelação da Copa, a Colômbia tornou-se a queridinha dos neutros, ocupando o lugar que costumava ser do Brasil. Aproveitou um grupo tranquilo para passar bem pela primeira fase e derrotou de maneira convincente o Uruguai nas oitavas. Se tivesse um pouco mais de ousadia (e atenção na defesa), poderia ter eliminado o Brasil. Ah, tudo isso sem seu principal astro (Falcao García). São ótimas as perspectivas para o futuro.

Argélia – 7/10
Chegou sem grandes expectativas, mas conseguiu bons resultados. Logo na estreia, assustou a favorita Bélgica e vendeu caro a derrota. Depois, fez um surpreendente 4 a 2 sobre a Coreia do Sul, resultado que lhe permitiu jogar por um empate contra a Rússia – resultado que acabou acontecendo. Nas oitavas-de-final, acertou na estratégia contra a Alemanha e assustou várias vezes os futuros campeões, antes de cair na prorrogação. Nada mal para um time que muitos apostavam que seria o lanterna de seu grupo.

Grécia – 7/10
Pela primeira vez, os gregos conseguiram passar de fase em uma Copa do Mundo. O futebol foi feio, o talento escasso, mas, na base da raça, a Grécia conseguiu uma classificação dramática, superando adversários mais talentosos. E por pouco não foi mais longe, sendo eliminada só nos pênaltis pela Costa Rica, em mais uma partida dramática. Não foi brilhante, mas trouxe um pouco de orgulho e alegria a um país afundado em uma crise econômica sem fim.

Chile – 7/10
Faltaram 5 centímetros para a glória. Fosse um pouquinho mais baixo aquele chute de Mauricio Pinilla que acertou o travessão na prorrogação contra o Brasil, e os chilenos teriam eliminado os anfitriões da Copa do Mundo. Mas isso não aconteceu e, pela segunda vez seguida, o Chile perdeu para o Brasil nas oitavas-de-final. Pelo bom futebol mostrado – incluindo uma sólida vitória contra a Espanha – e pela evolução em relação ao fácil 3 a 0 que sofreu na eliminação do Mundial anterior, o saldo é bastante positivo.

Estados Unidos – 7/10
Os Estados Unidos são uma entre apenas 7 seleções que disputaram todas as últimas 7 Copas do Mundo. E, no Brasil, os norte-americanos continuaram a cimentar sua constante evolução no futebol. Os EUA pegaram um dos grupos mais difíceis da primeira fase e avançaram com méritos. Nas oitavas, fizeram uma partida emocionante, até finalmente cair para a Bélgica na prorrogação. Tudo isso com dezenas de milhares de pessoas acompanhando os jogos em telões nas ruas de cidades norte-americanas. Os Estados Unidos já se firmaram no “segundo escalão” do futebol mundial. Não duvide que eles sejam capazes de dar o próximo passo.

França – 7/10
Depois do vexame de 2010, o desempenho na Copa de 2014 foi amplamente positivo para os franceses. O time foi dominado na eliminação frente à Alemanha, mas ninguém pensava seriamente em título. O mais importante foi o bom futebol mostrado nos jogos contra Honduras, Nigéria e, principalmente, Suíça. Dado que o time conta com vários jovens talentos, as perspectivas para o futuro são boas.

Nigéria – 7/10
O começo não foi dos melhores, empatando com o Irã. Mas depois a Nigéria ganhou bem da Bósnia, resultado que foi suficiente para classificar a equipe para as oitavas-de-final pela primeira vez desde 1998. Nos dois jogos mais duros que enfrentou, contra França e Argentina, acabou derrotada, mas mostrou momentos de brilho e uma organização acima da média dos times africanos. Tudo isso com um elenco que contou com 11 jogadores de até 23 anos de idade. Apesar da saída do bom técnico Stephen Keshi, a perspectiva é que a Nigéria se firme como a melhor seleção da África.

FICARAM NA MESMA

México – 6/10
“Jogamos como nunca, perdemos como sempre”. É impressionante como o México sempre dá um jeito de confirmar o batido clichê. El Tri estava a 5 minutos de conseguir uma excelente – e merecida – vitória sobre a Holanda, até tomar dois gols e ser eliminada nas oitavas-de-final pela 6ª vez consecutiva. A decepção é ainda maior porque, depois de muita turbulência nas eliminatórias, a equipe mostrou um bom futebol em todas as partidas que disputou no Mundial. E essa é a eterna história do México: surpreende positivamente, mas deixa um gosto amargo no final.

Uruguai – 6/10
Foi uma campanha de altos e baixos. O Uruguai começou mal, levando de 3 a 1 para a Costa Rica. Depois, parecia ter engrenado, ao vencer a Inglaterra por 2 a 1 e a Itália por 1 a 0. Mas acabou eliminado nas oitavas, de maneira convincente, pela Colômbia. A diferença entre as vitórias e as derrotas? A presença de Luis Suárez, que em duas Copas do Mundo disputadas, já acumula dois lances históricos (o pênalti salvador que fez contra Gana, em 2010, e a mordida em Chiellini, em 2014). Dados os adversários difíceis que enfrentou, as dificuldades nas eliminatórias e o abalo com a suspensão de seu melhor jogador, cair nas oitavas-de-final não é mau resultado – mas também não é bom, até porque o time havia sido semifinalista no Mundial anterior.

Suíça – 6/10
Não era a Suíça a rainha dos 0 a 0 e dos jogos chatos? Como um time desses sai da Copa com 7 gols marcados e 7 sofridos, em apenas 4 jogos? A explicação, em grande parte, está no contexto, que “forçou” os suíços a ir para o ataque na maior parte do tempo, criando partidas mais divertidas que o esperado. No último ato, contra a Argentina, tudo de volta ao normal: jogo chato, defensivo, e eliminação sofrida frente a um adversário melhor.

Bélgica – 5/10
Antes da Copa do Mundo, as pessoas que queriam apostar em uma surpresa indicavam a Bélgica como possível campeã. No final das contas, isso mostrou-se um grande exagero. Não que os Diabos Vermelhos tenham se saído mal – cair nas quartas-de-final era mais ou menos o que se esperava realisticamente da equipe. A decepção, mesmo, foi o futebol feio, pouco inspirado, demonstrado durante todo o torneio. Perder para a Argentina é normal, mas ter sofrido tanto contra os outros adversários limitados que enfrentou, não. Pelo menos, o time é jovem (17 jogadores até 27 anos) e tem tudo para fazer melhor no próximo Mundial.

Irã – 5/10
Nada se esperava do Irã, que tem um time fraco e ainda passou por atribulações em seus preparativos para a Copa. Em vista disso, ter empatado com a Nigéria e segurado a Argentina por 89 minutos não foi nada mal. No último jogo, contra a Bósnia, a fragilidade da equipe ficou clara. Mas, dadas as baixas expectativas, voltar para casa com 1 ponto e a moral intacta está de bom tamanho.

Austrália – 5/10
Não dá para dizer que um time que perdeu os 3 jogos que disputou fez uma boa campanha. Mas a Austrália tinha um elenco muito jovem (14 jogadores de até 25 anos) e caiu em um dos “grupos da morte”. Em vista disso, ter endurecido o jogo contra Chile e Holanda (com direito a um golaço de Cahill) é um bom consolo, para uma seleção que está pensando mais no futuro.

Croácia – 5/10
A seleção croata começou bem a Copa: só perdeu para o Brasil por causa do juiz e depois goleou Camarões. Mas na hora da decisão da vaga contra o México, a Croácia foi dominada e não pode reclamar da eliminação. Aliás, cair na primeira fase não é nenhuma novidade para o país, que sofrera o mesmo destino nos últimos dois Mundiais que disputara.

Equador – 5/10
O mais fraquinho dos times sul-americanos teve também a campanha mais fraca. Mas foi por pouco: não fosse o gol sofrido no último minuto, que decretou a derrota na estreia contra a Suíça, a história teria sido bem diferente. Embora sem convencer, nem muito menos encantar, o Equador venceu Honduras e empatou com a França – resultados que lhe valeriam uma vaga nas oitavas, não fosse o fatídico golzinho suíço.

PERDERAM

Bósnia – 4/10
Única estreante da Copa, a Bósnia era uma incógnita. Por um lado, era inegável que haver se classificado já era um feito em si. Por outro, o grupo era fraco, e um segundo lugar parecia possível. Contra Argentina e Irã, a Bósnia fez exatamente o que se esperava dela. A decepção foi a derrota para a Nigéria, em um jogo no qual um empate deixaria os europeus em ótima posição para passar de fase. Não foi um desastre, mas inegavelmente daria para ter feito mais.

Costa do Marfim – 4/10
Pela terceira vez em três Copas do Mundo disputadas, a Costa do Marfim decepcionou. Em um grupo equilibrado, os marfinenses pareciam ter feito o suficiente para se classificarem para as oitavas-de-final pela primeira vez – até verem a fraquinha equipe da Grécia marcar um gol no último minuto e ficar com a vaga. O único consolo é não ter dado vexame, ao contrário de outros africanos...

Itália – 4/10
Pela segunda vez seguida, a Itália é eliminada na primeira fase da Copa do Mundo. Ok, desta vez há atenuantes, já que os italianos caíram no “grupo da morte” (o que não teria acontecido se o ranking da Fifa fosse mais bem-feito e os tivesse colocado como cabeças-de-chave) e estiveram a poucos minutos de garantir um empate contra o Uruguai que os classificaria. Mas, mesmo com todas as deficiências do elenco, perder para a Costa Rica e não ficar nem entre os 16 melhores é inadmissível para um país com a tradição da Itália.

Inglaterra – 4/10
Primeiro, as boas notícias: a Inglaterra não jogou mal contra Itália e Uruguai, e alguns jovens jogadores mostraram potencial. Mas foi só isso. No final das contas, os ingleses saíram da Copa com apenas 1 ponto ganho, a pior campanha de sua história. A justificativa é que o time caiu em um “grupo da morte”. Mas, se a Costa Rica conseguiu avançar, a Inglaterra também deveria conseguir.

Honduras – 4/10
Desde antes da Copa, já se sabia que Honduras era o time mais fraco das Américas. E o torneio comprovou isso. Apesar de muito vigor físico (que muitas vezes se confundiu com violência), a equipe foi amplamente dominada nos jogos contra França e Suíça. Contra o Equador, os hondurenhos saíram na frente e chegaram até a sonhar, mas também acabaram derrotados. No final, o pior time das Américas acabou com a segunda pior campanha da Copa.

Rússia – 3/10
A seleção russa não é exatamente um poço de talento. Mas não conseguir ganhar nem da Argélia nem da Coreia do Sul foi uma grande decepção. O gosto fica ainda mais amargo por causa da retranca que a Rússia empregou quase todo o tempo, tornando-a possivelmente a equipe mais chata de assistir em toda a Copa. E o pior é que não funcionou: no jogo contra a Argélia, cedeu o empate depois de liderar por 1 a 0 e saiu fora da Copa sem deixar saudades.

Coreia do Sul – 3/10
A estreia da Coreia do Sul não foi das mais empolgantes: empate de 1 a 1 contra a Rússia, conseguido graças ao goleiro Akinfeev, que levou o maior frango da Copa. Mas o desastre veio no jogo seguinte, com a derrota de 4 a 2 para a Argélia. No fim, com remotíssimas chances de classificação, a derrota para a Bélgica foi normal. Os sul-coreanos estavam longe de ter um timaço, mas ficar em último lugar no grupo mais fraco da Copa foi muito decepcionante.

Japão – 3/10
O Japão tem o melhor time da Ásia e mostrou bom toque de bola, com inegável talento, em diversos momentos. Mas, na “hora H”, a equipe simplesmente falhou. Contra a Costa do Marfim, os japoneses merecidamente lideravam o jogo, até que ficaram em pânico com a entrada de Drogba em campo e cederem a virada. Contra a Grécia, não conseguiram sair do 0 a 0, mesmo jogando todo o segundo tempo com um homem a mais. Na despedida, a goleada sofrida para a Colômbia fechou da pior maneira uma campanha para ser esquecida.

Portugal – 3/10
A seleção portuguesa apostou todas as suas fichas em Cristiano Ronaldo. Apostou e perdeu. O craque, meio baleado, não teve uma boa Copa, e Portugal foi eliminado logo de cara. O pior nem foi o 4 a 0 levado na estreia – afinal, a derrota aconteceu frente à excelente Alemanha e foi facilitada pela idiota expulsão de Pepe. A maior decepção foi o jogo seguinte, o 2 a 2 com os Estados Unidos, numa partida que, na verdade, Portugal mereceria perder. A sofrida vitória contra Gana, na despedida, não foi nem de longe suficiente para salvar a campanha de uma equipe da qual se esperava muito mais.

Gana – 3/10
Gana volta para casa com o consolo de ter sido a única seleção que não perdeu para a Alemanha, tendo conseguido segurar um 2 a 2, em uma ótima partida. Mas, de resto, deu tudo errado. Não só perdeu, de forma merecida, para Estados Unidos e Portugal, como ainda deu vexame fora de campo, com direito a jogadores expulsos da delegação e a milhões de dólares em dinheiro vivo sendo distribuídos aos atletas em plena Copa do Mundo.

Espanha – 2/10
A campanha da Espanha não chegou a ser a pior de todos os tempos de um time campeão (em 2002, a França voltou para casa com apenas 1 ponto). Mas a maneira como o campeoníssimo grupo espanhol implodiu no 5 a 1 sofrido frente à Holanda foi algo histórico. No jogo seguinte, a merecida derrota para o Chile confirmou que a Fúria não era mais aquela dos anos anteriores. Para um time que veio ao Brasil com a pretensão de se tornar o maior da história, voltar para casa já na primeira fase foi uma indiscutível humilhação.

Camarões – 2/10
A seleção de Camarões teve a pior campanha da Copa do Mundo, com três derrotas sofridas e saldo de -8. Mas isso é só parte da história. Os camaroneses já chegaram ao Brasil divididos, com brigas dentro do elenco e com cartolas por causa de prêmios. Em campo, o que se viu foi um time desorganizado e com a cabeça fora do lugar (vide a expulsão de Song contra a Croácia), que poderia ter perdido por placares ainda mais elásticos. Camarões trouxe a campo todos os piores estereótipos relacionados a times africanos – desorganização, indisciplina, violência –, sem mostrar quase nada de positivo.

Brasil – 1/10
Não foi só o 7 a 1 para a Alemanha. Mesmo antes de ser humilhada pelos alemães, a Seleção já vinha mostrando um futebol feio, faltoso, sem criatividade, a ponto de perder a simpatia conquistada ao longo de décadas junto aos torcedores estrangeiros. O Brasil só ganhou da Croácia com a ajuda do juiz, tomou sustos contra Camarões e Colômbia e não conseguiu ganhar dos históricos fregueses México e Chile. Na despedida, a indiscutível derrota para a Holanda só confirmou que a humilhação frente aos alemães não foi acaso. E o pior é que, Neymar à parte (talvez Oscar e Bernard também), o Brasil nem tem grandes talentos jovens para o futuro. E a gente que pensava que nada poderia ser pior que o Maracanazo de 1950...

3 comentários:

  1. Muito boa a análise. Se fosse fazer a mesma coisa, dificilmente daria 2 ou mais de diferença em algum país em relação às tuas notas. Botei comentários durante a Copa em praticamente todos os posts, mas não apareceu nenhum. Sabes o porquê? (na verdade esta é a minha segunda tentativa neste)

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    1. Ah, bem que eu estava estranhando sua ausência, heheheh!
      Mas realmente não seu o motivo de seus comentários não aparecerem... Não fiz nenhuma mudança nas configurações!

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