Atendendo a sugestão de um leitor no post anterior, fiz uma comparação mais abrangente dos resultados das Copas Américas recentes com os das Copas do Mundo.
Nessa análise, considero só os torneios equivalentes ao atual, ou seja, disputados três anos antes de Mundiais, a partir de 1987. Assim, foram descartadas as Copas Américas de 1989, 1993, 1997 e 2001.
Vejamos os resultados:
Copa América 1987 | Copa do Mundo 1990 | ||
1º | Uruguai | Argentina | 2º |
2º | Chile | Brasil | 9º |
3º | Colômbia | Colômbia | 14º |
4º | Argentina | Uruguai | 16º |
5º | Brasil | Bolívia | 4º Elimin. |
6º | Peru | Chile | 5º Elimin. |
7º | Bolívia | Paraguai | 6º Elimin. |
8º | Equador | Equador | 7º Elimin. |
9º | Paraguai | Peru | 8º Elimin. |
10º | Venezuela | Venezuela | 9º Elimin. |
Copa América 1991 | Copa do Mundo 1994 | ||
1º | Argentina | Brasil | 1º |
2º | Brasil | Argentina | 10º |
4º | Colômbia | Colômbia | 19º |
5º | Uruguai | Bolívia | 21º |
6º | Paraguai | Uruguai | 5º Elimin. |
7º | Equador | Paraguai | 6º Elimin. |
8º | Peru | Equador | 7º Elimin. |
9º | Bolívia | Peru | 8º Elimin. |
10º | Venezuela | Venezuela | 9º Elimin. |
*O Chile não foi incluído na lista por não ter participado das Eliminatórias para a Copa de 1994
Copa América 1995 | Copa do Mundo 1998 | ||
1º | Uruguai | Brasil | 2º |
2º | Brasil | Argentina | 6º |
3º | Colômbia | Paraguai | 14º |
5º | Argentina | Chile | 16º |
6º | Paraguai | Colômbia | 21º |
8º | Bolívia | Peru | 5º Elimin. |
9º | Equador | Equador | 6º Elimin. |
10º | Peru | Uruguai | 7º Elimin. |
11º | Chile | Bolívia | 8º Elimin. |
12º | Venezuela | Venezuela | 9º Elimin. |
Copa América 1999 | Copa do Mundo 2002 | ||
1º | Brasil | Brasil | 1º |
2º | Uruguai | Paraguai | 16º |
4º | Chile | Argentina | 18º |
5º | Colômbia | Equador | 24º |
6º | Paraguai | Uruguai | 26º |
7º | Peru | Colômbia | 6º Elimin. |
8º | Argentina | Bolívia | 7º Elimin. |
9º | Bolívia | Peru | 8º Elimin. |
11º | Equador | Venezuela | 9º Elimin. |
12º | Venezuela | Chile | 10º Elimin. |
Copa América 2004 | Copa do Mundo 2006 | ||
1º | Brasil | Brasil | 5º |
2º | Argentina | Argentina | 6º |
3º | Uruguai | Equador | 12º |
4º | Colômbia | Paraguai | 18º |
5º | Paraguai | Uruguai | 5º Elimin. |
7º | Peru | Colômbia | 6º Elimin. |
9º | Bolívia | Chile | 7º Elimin. |
10º | Chile | Venezuela | 8º Elimin. |
11º | Venezuela | Peru | 9º Elimin. |
12º | Equador | Bolívia | 10º Elimin. |
Copa América 2007 | Copa do Mundo 2010 | ||
1º | Brasil | Uruguai | 4º |
2º | Argentina | Argentina | 5º |
4º | Uruguai | Brasil | 6º |
5º | Paraguai | Paraguai | 8º |
6º | Venezuela | Chile | 10º |
7º | Peru | Equador | 6º Elimin. |
8º | Chile | Colômbia | 7º Elimin. |
9º | Colômbia | Venezuela | 8º Elimin. |
10º | Bolívia | Bolívia | 9º Elimin. |
11º | Equador | Peru | 10º Elimin. |
A partir dessas tabelas é possível fazer uma análise estatística para responder a seguinte pergunta: o resultado das Copas Américas está relacionado com o desempenho dos times sul-americanos (México e outros convidados foram descartados) na Copa do Mundo seguinte?
Assim, foi feito o seguinte teste de hipótese: se a seleção A ficou na frente da Seleção B na Copa América, então A também tem que ficar na frente de B na Copa do Mundo. Se isso for verdadeiro em boa parte dos casos, é porque os dois torneios estão relacionados. Por isso, são feitas todas as comparações possíveis (10*9/2 = 45, para 10 times) e se verifica se a quantidade de resultados positivos é suficiente para que se considere que não foi mera coincidência.
Por exemplo, na primeira tabela (Copa América 1987 x Copa do Mundo 1990), 32 das 45 comparações tiveram resultado positivo, ou seja, em 32 casos a hipótese mostrou-se verdadeira (ex: o Uruguai ficou na frente do Chile na Copa América e também na Copa do Mundo). Com isso, tem-se um aproveitamento de 71%. Usando-se fórmulas estatísticas, verifica-se que a chance de que tal índice seja alcançado por “sorte” é menor que 1%.
Nas tabelas seguintes, os índices de acerto foram, na ordem, 86%, 64%, 62%, 71% e 73%. Em todos, o “nível de significância” (esse é o termo estatístico) foi maior que 95%, ou seja, a probabilidade de “mera coincidência” é menor que 5% em todos os casos.
Analisando todas as tabelas em conjunto, temos um total de 185 acertos em 261 possíveis, ou seja, um índice de 70,88%. Isso dá um nível de significância maior que 99,99% (o nível é mais alto porque o número de testes foi maior).
O que isso tudo quer dizer? Que podemos afirmar com certeza que sim, o resultado da Copa América tem relação com o da Copa do Mundo, mesmo os torneios estando separados por três anos.
Isso, porém, deve ser relativizado, já que foram levados em conta os resultados de todos os 10 times sul-americanos. Assim, é lógico que, sempre, Brasil, Argentina e Uruguai ficaram à frente de Bolívia e Venezuela. Esses resultados “óbvios” garantiram com que o índice sempre fosse alto. Se fosse possível excluir as “obviedades” e considerar só as seleções mais ou menos parelhas, talvez o resultado fosse bem diferente.
De qualquer forma, se não podemos “cravar” que um time está bem ou mal só por causa do resultado da Copa América, a análise estatística pelo menos comprova que também não se deve esperar um “revertério” total na hierarquia de forças entre as seleções nesse período de três anos.
Po, legal que se aceitou minhas sugestão.
ResponderExcluirTenho mais uma sugestão para tópico então, eu tava lendo esses dias o livro Soccereconomics, ele tenta ser tipo o Freakonomics, mas com dados de futebol.
O livro tem dados bem interessantes, especialmente quando ele fala do mercado de transferências. Ele primeiro roda uma regressão e mostra que na Europa times com uma folha salarial maior tem um desempenho melhor no campeonato. Eu gostaria de saber se seria possível ter esse índice para o Brasil, testar se times com folhas salariais maiores tem um desempenho melhor no campeonato brasileiro. Ainda, com esse índice, dá para saber quais são os técnicos que pegam times com folhas salariais pequenas e tem um desempenho melhor, dá para fazer um ranking de "melhores técnicos".
Bom essa minha sugestão.
Abraços!
Seria muito interessante!
ResponderExcluirO problema é que não há dados confiáveis sobre as folhas salariais dos clubes aqui no Brasil, então, não dá para fazer o cálculo.
Outro complicador é que, aqui, não é o técnico que contrata os jogadores. Assim, não é culpa do treinador se a diretoria montou um time cheio de pernas-de-pau que ganham uma fortuna...
Abs!