quarta-feira, 25 de maio de 2011

Como (não) prever o Brasileirão – parte 2

No post anterior, vimos que os resultados dos Estaduais não ajudam em nada a prever os resultados do Campeonato Brasileiro. Como fazer, então, para dar um chute embasado para o torneio nacional?
Teoricamente, existe um método ainda mais óbvio que usar os Estaduais: simplesmente copiar a classificação final do Brasileirão passado, cabendo apenas o trabalho de enxertar os quatro recém-promovidos entre os outros 16 times. Será que isso dá certo?
Para responder a essa pergunta, foram feitas comparações análogas às do post anterior. Testei a seguinte hipótese: nos casos em que o time A e o time B se enfrentaram na mesma divisão em 2009 e 2010, se A ficou na frente de B no primeiro ano, então A também deve ter ficado na frente de B no segundo.

Assim, tem-se 126 comparações possíveis para a primeira divisão: 120 envolvendo os 16 times que não foram rebaixados, mais 6 com os 4 que estavam na Série B em 2009 e subiram para a Série A. Dá para fazer a mesma conta na Segundona. São ao todo 78 comparações: 6 para os 4 times que caíram da Série A, 6 para os 4 que vieram da Série C e 66 para as 12 equipes que se mantiveram na Série B.
E o que dizem os resultados? Curiosamente, a comparação da Série A de 2009 com 2010 foi desastrosa: houve só 45% de acerto, ou seja, menos que o cara-ou-coroa. Por outro lado, as outras três comparações alcançaram resultados muito bons: 72% de acerto na Série A entre 2008 e 2009, 79% na Série B de 2009 para 2010 e 64% na Segundona 2008x2009.

Somando os quatro testes, temos um total de 295 acertos em 428 possíveis, ou seja, 69% (no caso dos Estaduais, o acerto somado das duas temporadas foi só de 53%).
É até meio óbvio constatar que a classificação final de um ano é um bom ponto de partida para prever como será o resultado final da temporada seguinte. Nos campeonatos europeus, nem é preciso fazer contas para perceber isso. Mas o Brasileirão é tão cheio de resultados imprevisíveis, e os times mudam tanto durante os Estaduais, que é válido questionar se a suposição é verdadeira.

Em resumo, um índice de acerto de 69% mostra que tomar como base a tabela de 2010 está longe de ser um método infalível para prever como será o Brasileirão de 2011. Mas, sem dúvida, é um bom ponto de partida para se fazer prognósticos – muito mais que os resultados dos torneios estaduais.

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