Um dos argumentos muito usado a favor da disputa de torneios com mata-mata é que essa fórmula seria mais emocionante do que a disputa por pontos corridos. O atual Campeonato Paulista, no entanto, mostra que isso nem sempre é verdade.
Faltando 3 rodadas para o fim da primeira fase, apenas 1 ponto separa o 1º do 4º colocado. Se a disputa fosse por pontos corridos, teríamos um final de campeonato épico (ok, “épico” é exagero para um Paulistinha), com enorme pressão sobre as equipes e uma grande chance de ver 4 times brigando pelo título até a última rodada – coisa que é impossível no mata-mata.
Em vez disso, temos pela frente 3 rodadas mornas. Afinal de contas, está óbvio que os 4 grandes ocuparão as 4 primeiras posições. E, embora traga uma pequena vantagem nas fases decisivas, a briga pelo 1º lugar não desperta grandes paixões – até porque os jogos que valem mesmo só acontecem na próxima etapa.
Além disso, não custa lembrar que as finais de torneios mata-mata nem sempre são tão emocionantes assim. Só para citar alguns exemplos recentes, a decisão do Paulista de 2008 foi muito sem graça (o Palmeiras venceu os dois jogos contra a Ponte, por 1x0 e 5x0), a final da Copa do Brasil de 2009 foi morna (o Corinthians nunca teve o título ameaçado pelo Internacional depois de ganhar o jogo de ida por 2x0, já que marcou os 2 primeiros gols no 2x2 da volta) e até a decisão da Libertadores de 2007 trouxe poucas emoções (o Boca matou o Grêmio no primeiro jogo, por 3x0, e ainda ganhou o segundo, 2x0).
Pode-se argumentar, com razão, que os exemplos citados são exceções e que, normalmente, o mata-mata permite um desfecho mais emocionante. É verdade, mas essa emoção final vem à custa de uma primeira fase longa e chata, o que não acontece nos pontos corridos. Assim, se fosse possível fazer um “gráfico de emoção”, a comparação entre os dois modelos seria a seguinte (mata-mata com um regulamento parecido ao do Paulista):
Nos dois casos, depois da empolgação da estréia, há uma natural perda de interesse. No caso dos pontos corridos, a disputa começa a esquentar no segundo turno, aumentando lentamente o interesse até o clímax das rodadas finais. No mata-mata, a primeira fase é mais chata, e a emoção só aumenta um pouco nas últimas rodadas; depois, ela cresce rapidamente durante as etapas eliminatórias, terminando num pico mais alto, na grande final. Vale a pena?