quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O nível técnico dos Estaduais

A cada início de temporada, o papo no Brasil é sempre o mesmo: o time A está encantando, porque tem uma média de 4 gols por partida; o time B vai ganhar tudo, afinal ainda tem 100% de aproveitamento; a garotada do time C tem jogado o futebol mais bonito desde a época do Pelé. E quando chega o fim da temporada, nenhum dos três ganhou nada, o  time A ficou em 9º no Brasileirão, B trocou de técnico três vezes e C quase foi rebaixado.
Por que essa “queda”? A resposta, para quem não é torcedor iludido, é até meio óbvia: o nível técnico médio dos Estaduais, disputados no começo da temporada, é muito baixo.
Para demonstrar isso, não precisa de nenhuma matemática refinada. É só comparar o nível com o próprio Campeonato Brasileiro. Como? Em cada Estado, conta-se quantos times disputam a Série A, quantos estão na Série B, quantos aparecem na Série C e quantas vagas há para a Série D. Pega-se o total de times que disputam o Estadual e divide-se por 2, para ver qual divisão o “time do meio” disputa (é um cálculo análogo ao da mediana, em estatística).
Um exemplo: em 2011, o Estado de São Paulo terá 4 times na primeira divisão, 7 times na segunda, 2 na terceira e 2 na quarta (não considero o fato de o Guarani estar na segunda divisão do Estadual). Ao todo, são 20 equipes no Campeonato Paulista; assim, a 10º equipe seria um time da Série B, divisão que, dessa forma, teria um nível médio parecido com o dos times do Paulistão.
Não parece tão ruim, não é? Mas agora veja só como fica a mesma conta, aplicada aos outros Estaduais:
Nível da Série A: nenhum
Nível da Série B: São Paulo
Nível da Série C: nenhum
Nível da Série D: Distrito Federal, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina e Rio de Janeiro
Nível inferior à Série D: todos os outros 21 Estados
Assim, daria até para dizer, por exemplo, que é mais difícil ganhar 5 jogos seguidos na quarta divisão do Brasileiro do que na primeira fase do Campeonato Paranaense (ganhar o título é outra história, já que isso depende mais da qualidade dos melhores times do que da média geral).
Se as federações estaduais se importassem um pouco com a competitividade e diminuíssem o número de participantes, limitando-os a 10 equipes, o nível médio melhoraria bastante em alguns torneios: o Estadual do Rio de Janeiro chegaria ao nível da Série B; o Mineiro subiria para a Série C; e o Paranaense, o Pernambucano e o Gaúcho melhorariam para a qualidade média (ou melhor, mediana) da Série D. Aliás, com melhora e tudo, ainda é muito fraco, não é?

Um comentário:

  1. Primeiramente, excelente trabalho. Caso queiras ajuda pra fazer os rankings dos outros países além do Inglês, tenho no Excel a classificação de alguns clubes que escolhi em diversos campeonatos nacionais europeus. Afora isso, comentando sobre os estaduais, realmente estão perdendo a empolgação... Vou relatar um fato: Sou sócio do Figueirense, vou em todos os jogos. Uma vitória pela Série B contra um Ipatinga da vida (com todo respeito aos clubes, mas pode ser qualquer time genérico aqui) por 2 a 1 a torcida saía vibrando e animada. Esse final de semana pelo estadual, vencemos o Joinville (rival tradicional) em casa com folgas e chegamos à final do turno, mas a torcida saiu conversando, sem vibração ou empolgação. Apesar de saber já da queda de moral dos estaduais, fiquei até surpreso.

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