segunda-feira, 6 de abril de 2015

O peso de jogar em casa – 2015



Aproveitando o marasmo dos campeonatos estaduais, volto a um assunto interessante: a quantificação do peso de jogar em casa no futebol. Já fiz duas análises sobre esse tema, em 2012 e em 2013, o que já permite detectar algumas tendências.

Primeiro, vejamos quanto o fato de jogar em casa foi decisivo em 12 dos mais importantes torneios do futebol mundial, na temporada passada:

Campeonato
Vitórias casa
Empates
Vitórias visitante
Casa – visitante
Libertadores 2014
54,8%
26,2%
19,0%
35,8
Brasileiro 2014
51,8%
24,2%
23,9%
27,9
Argentino 2013/14
46,3%
30,8%
22,9%
23,4
Holandês 2013/14
47,1%
27,5%
25,5%
21,6
Italiano 2013/14
47,6%
23,7%
28,7%
18,9
Liga dos Campeões 2013/14
50,0%
18,5%
31,5%
18,5
Espanhol 2013/14
47,1%
22,6%
30,3%
16,8
Francês 2013/14
44,2%
28,4%
27,4%
16,8
Alemão 2013/14
47,4%
20,9%
31,7%
15,7
Português 2013/14
45,0%
25,0%
30,0%
15,0
Inglês 2013/14
47,1%
20,5%
32,4%
14,7
Japonês 2014
40,8%
25,2%
34,0%
6,8
MÉDIA GERAL
47,4%
24,5%
28,1%
19,3

Em 2014, os estádios da América do Sul fizeram valer sua fama de “caldeirões”, já que os três torneios do continente lideram a lista de importância do “fator casa”. Nos casos do Brasileiro e da Libertadores, trata-se da confirmação da tendência, já que os dois torneios também apareceram com os maiores índices nos levantamentos anteriores. O Argentino, por outro lado, mostrou uma inversão: nos dois rankings anteriores, ele era o penúltimo colocado, mas desta vez aparece como terceiro maior.

No pé da lista, a novidade é o Campeonato Inglês, torneio que costumava aparecer no bloco intermediário, mas que em 2013/14 teve o segundo mais baixo “fator casa”. Já os outros três que aparecem nas últimas posições repetem os resultados dos outros anos: o Japonês, o Português e o Alemão são mesmo os torneios com os menores índices de “fator casa”, na média das três temporadas pesquisadas.

Aqui, aparece uma forte tentação de dizer que os torneios menos equilibrados apresentariam, também, um “fator casa” mais baixo. Comparando-se o Índice de Equilíbrio com o valor do “fator casa”, o que se encontra é uma relação fraca entre os dois (r² = 0,30, para a temporada 2013/14). Faz sentido, em termos lógicos, considerar que, quanto menor a diferença técnica entre duas equipes, mais importante torna-se o fato de jogar em casa. No entanto, essa suposição deve ser tomada com cuidado, já que a lista apresenta algumas claras exceções, como é o caso do Campeonato Japonês (equilíbrio relativamente alto e “fator casa” baixíssimo) ou do Campeonato Italiano (“fator casa” alto, mesmo com equilíbrio baixo).

Outra coisa interessante a se considerar na comparação entre as três temporadas é que a importância de jogar em casa, em um determinado campeonato, pode oscilar bastante; no entanto, a média geral dos 12 torneios considerados variou bem pouco: foi de 18,9 pontos em 2010/11, de 20,0 em 2011/12 e de 19,3 na última temporada. Como a proporção de empates é relativamente constante em todos os campeonatos (sempre perto de 25%), dá para afirmar que, no futebol, o normal é o mandante ganhar 47% das partidas e o visitante vencer em 28% dos casos, sobrando 25% de empates.

Nenhum comentário:

Postar um comentário