quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Análises e curiosidades sobre o Ranking de Seleções



Para fechar o assunto do Ranking de Seleções deste ano, aqui vão algumas análises e curiosidades sobre a lista.

Semelhanças com o ranking da FIFA


Em todas as partes da lista que publiquei, fiz comentários sobre as principais diferenças com o ranking da Fifa. Mas quais as semelhanças? Neste ano, 12 seleções aparecem exatamente na mesma posição nas duas listas. Metade delas (Anguilla, Bahamas, Djibuti, Eritreia, Somália e Tonga) são equipes que não fizeram nenhum ponto, então a coincidência é inevitável. Mais relevante é o fato de, em ambos os rankings, a Argentina aparecer em 2º lugar, e o Uruguai ser o 11º. Todas as outras coincidências são de seleções menores (Botsuana em 95º, Guam em 156º, Guiana em 161º e Ilhas Virgens Britânicas em 199º). Vale dizer, também, que outras seis seleções diferem em apenas 1 colocação – as mais importantes são Chile e Colômbia.

Na média geral, a diferença de posições entre as duas listas, neste ano, foi de 17,9. É um número menor que a média da edição passada (18,5), mas supera a de 2012 (17,0) e 2013 (15,4). De qualquer forma, é um patamar bastante significativo, mostrando que as diferenças nos critérios de montagem levam a mudanças consideráveis no resultado final.

Ganhos e perdas


Já foi bastante comentado, em outros textos, quais foram os times que mais ganharam posições no ranking (Quirguistão, Emirados Árabes, Hong Kong) e os que mais perderam (Taiti, Venezuela, Estônia). Mas, em termos pontos, quais foram as maiores variações? Vejamos:

Maiores ganhos
Anterior
Atual
País
Pos
Dif
1.220,3
1.863,8
Chile
+8
+643,5
2.036,5
2.432,0
Argentina
0
+395,5
284,8
539,0
Emirados Árabes
+34
+254,3
737,0
946,5
Equador
+7
+209,5
682,0
886,3
Coreia do Sul
+13
+204,3

A lista dos times que mais ganharam pontos está intimamente ligada ao resultado das competições mais valiosas da temporada. Assim, é natural que Chile e Argentina, finalistas da última Copa América (e que não foram bem no torneio de 2011), sejam os dois países que mais ganharam. O mesmo vale para Emirados Árabes e Coreia do Sul, que foram melhor na Copa da Ásia de 2015 do que na de 2011. A única exceção é o Equador, que fez uma péssima Copa América, mas ganhou muitos pontos graças aos espetaculares resultados obtidos no começo das Eliminatórias (venceu a Argentina fora e o Uruguai em casa, além de bater Bolívia e Venezuela).

Vale notar que o Brasil também ganhou uma boa quantia de pontos em 2015. Foram 125,5 a mais, fazendo com que seja o 10º país que mais subiu. Isso se deve, principalmente, às Eliminatórias para a Copa – em 2011, a Seleção, já classificada para o Mundial, não disputou o qualificatório.

Nota-se, também, a ausência de europeus na lista. Nenhuma surpresa aí, já que os times do continente limitaram-se a disputar eliminatórias para a Eurocopa em 2015. Nesse continente, quem mais ganhou pontos foi a Islândia, apenas 92 (é a 12ª na lista geral).

Maiores perdas
Anterior
Atual
País
Pos
Dif
1.874,0
1.326,0
Uruguai
-6
-548,0
714,3
362,5
Venezuela
-35
-351,8
975,5
734,8
Japão
-7
-240,8
2.783,8
2.669,3
Alemanha
0
-114,5
295,5
185,5
Taiti
-35
-110,0

Novamente, os principais torneios continentais são a maior influência na lista. O Uruguai, campeão da Copa América de 2011, e a Venezuela, maior surpresa do torneio daquele ano, foram os times que mais perderam pontos em 2015. O mesmo raciocínio vale para o Japão, campeão da Copa da Ásia em 2011 e que caiu nas quartas-de-final do torneio do último ano.

Chama a atenção, na lista, a presença da Alemanha em 4º lugar, com uma perda de 114,5 pontos. Estônia e Itália são outros dois times da Europa que também perderam mais de 100 pontos. À parte alguns tropeços pontuais (como a derrota da Alemanha para a Irlanda, nas Eliminatórias da Euro), a queda de muitos europeus se explica pelo calendário mais enxuto em 2015, que teve menos “datas FIFA” do que 2011.

Quem vai cair em 2016


Por último, podemos fazer algumas projeções para o próximo ano, vendo quais são as equipes que mais “defendem” pontos em 2016:

Pos
País
Defende
5
Espanha
981,5
9
Itália
673,0
1
Alemanha
610,0
2
Argentina
581,5
4
Chile
512,3
15
Portugal
459,8
19
Grécia
367,5
7
Colômbia
364,5
18
Inglaterra
362,3
13
França
358,5

Em ano de Eurocopa, é natural que os times que mais têm pontos a perder sejam os que se saíram bem na Euro-2012. Espanha e Itália têm motivos para preocupação, já que seria uma surpresa repetirem a performance de quatro anos atrás (campeão e vice, respectivamente). A Alemanha, por outro lado, mostra plenas condições de defender sua pontuação, e até superá-la. A pior situação é a da Grécia, que defende 367,5 pontos e não disputará a Eurocopa em 2016.

Além dos europeus, três sul-americanos aparecem na lista, consequência da realização da Copa América Centenário, em 2016. Com essa edição “extra” do torneio, a competição de 2015 perderá metade de seu valor, pondo maior pressão nos times que se saíram bem.

Fora da Europa e América do Sul, não são esperadas mudanças muito grandes. O time que mais defende pontos é o México (225, 19ª seleção no geral), mas El Tri deverá igualar ou até superar essa pontuação com bons resultados nas Eliminatórias. Situação mais difícil é a da Zâmbia, que deixará de contar com os pontos do título da CAN-2012 (161, mais 66 em outras partidas) e tende a despencar no ranking. Outro que precisa de um milagre para não cair é o Taiti, campeão da Copa das Nações da Oceania em 2012. Na Ásia, quem defende mais pontos (184,5) é o Uzbequistão, uma eterna incógnita nas Eliminatórias.

E o Brasil? A Seleção defenderá 235,5 pontos em 2016. Com uma Copa América e 8 jogos de Eliminatórias pela frente, a tendência é que o time de Dunga ganhe pontos (mas dificilmente ultrapassará Alemanha e Argentina), a não ser que tenha um ano desastroso. O verdadeiro teste para o Brasil acontecerá em 2017, quando defenderá mais de 700 pontos sem contar com a Copa das Confederações.

Também há aqueles que não têm com o que se preocupar em 2016. Nada menos que 26 seleções não defendem nenhum ponto no próximo ano. No entanto, são todas “nanicas” – a melhor delas é o Quirguistão (que foi, aliás, o time que mais subiu neste ano), na 129ª posição.

Há, no entanto, times que estão em situação ainda melhor. É o caso do País de Gales (defende 36 pontos), da Irlanda do Norte (defende 38) e da Áustria (defende 50,3). Só por terem se classificado para a Eurocopa, os três países já garantiram 50 pontos no próximo ranking. Se fizerem um bom torneio, vão disparar (isso sem falar de pontos nas Eliminatórias para o Mundial e em amistosos).

Por fim, vale a pena mencionar os curiosos casos da Burkina Fasso e da Nigéria. Graças à mudança no calendário da CAF, no próximo ano os pontos da CAN-2012 sairão do ranking, sem que haja uma nova edição do torneio em 2016. Com isso, as Copas Africanas realizadas em 2013 e 2015 passarão a valer mais pontos. Como foram bem nessas edições, Burkina e Nigéria com certeza ganharão pontos na próxima lista, mesmo que percam todas suas partidas no ano. É uma situação incoerente, mas a culpa é da CAF, não da metodologia do ranking...

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