segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Diego Maradona foi um jogador decisivo?

Diego Maradona foi um gênio do futebol. Frequentemente apontado como o 2º maior jogador da história, o argentino coleciona façanhas em campo, lances incríveis, feitos memoráveis, polêmicas... Além de craque incontestável, tem personalidade forte e grande apelo popular, o que faz com que a admiração que desperta vá além do aspecto esportivo – principalmente na Argentina e em Nápoles.

Diferentemente de outros craques, Maradona não tem uma lista tão impressionante de troféus. Por outro lado, raríssimos são os jogadores que colecionam tantos momentos memoráveis na carreira. Mas e nas decisões que disputou, será que Maradona realmente se comportava como um dos maiores da história?

Neste texto, sigo com a série de análises sobre o desempenho de grandes jogadores da história em partidas decisivas. Nos posts anteriores, falei sobre Romário, Ronaldo, Ferenc Puskas, Gerd Müller, Eusébio e Johan Cruyff.

Para fazer estas avaliações, pesquisei a carreira de cada atleta e montei duas listas. Uma apresenta o desempenho em finais, incluindo placares e gols marcados. Outra mostra os resultados nos jogos de mata-mata, a partir das oitavas-de-final, considerando apenas vitórias e derrotas. Em ambos os cálculos, foram contados os números das seleções principais e olímpica e de todas as competições de clubes, excluindo as Supercopas nacionais e torneios amistosos. Nos dados referentes a mata-mata, como nem sempre as escalações das partidas estão disponíveis, partiu-se da suposição de que o atleta em questão sempre participou dos jogos, a não ser quando estivesse sabidamente suspenso ou machucado.

Os resultados


Vejamos como Diego Maradona se saiu nas finais que disputou:

Final (Ano)
Resultado
Gols
Copa da Liga da Espanha (1983)
4x3 Real Madrid*
2
Copa da Espanha (1983)
2x1 Real Madrid
0
Copa da Espanha (1984)
0x1 Athletic Bilbao
0
Copa do Mundo (1986)
3x2 Alemanha Ocidental
0
Copa da Itália (1987)
4x0 Atalanta*
0
Copa da Itália (1989)
1x4 Sampdoria*
0
Copa Uefa (1989)
2x1 Stuttgart
1
Copa do Mundo (1990)
0x1 Alemanha Ocidental
0
*Final disputada em 2 jogos

Nos jogos de mata-mata, os resultados de Maradona foram os seguintes:

Equipe
Vitórias
Derrotas
%
Argentina
7
2
77,8%
Argentinos Juniors
0
2
0,0%
Boca Juniors
0
2
0,0%
Barcelona
14
4
77,8%
Napoli
11
5
68,8%
Sevilla
0
1
0,0%
TOTAL
32
16
66,7%

Análise


Como já mencionado, Maradona tem poucos títulos na carreira, se comparado com sua importância histórica. O mesmo vale para sua participação em finais e outros jogos decisivos. Em toda a carreira, “Don Diego” disputou apenas 8 decisões – não é difícil encontrar jogadores medianos com número maior.

MARADONA: números fracos, para
um craque de tamanha importância
Além da baixa quantidade, o desempenho de Maradona nas finais também não chama atenção: foram 5 vitórias e 3 derrotas, com 3 gols marcados em 11 jogos. No caso do argentino, o número de gols não deve ser levado em conta, já que, diferentemente dos outros craques apresentados nesta série, “Don Diego” não tinha como função primordial fazer gols, mas sim criá-los. É o baixo número de títulos (em mata-mata) que decepciona: tirando uma Copa do Mundo e uma Copa Uefa, foram só 3 trofeus de copas nacionais, e mais nada. Muito pouco para um dos 5 maiores jogadores da história.

Quando se trata de mata-mata como um todo, a análise é a mesma. A média de Maradona não chega a ser ruim (2 vitórias para cada derrota), mas também não está à altura de uma lenda do futebol. Na verdade, Maradona só foi mesmo dominante com a camisa da seleção argentina e nos dois anos que defendeu o Barcelona. Nesses períodos, “Don Diego” somou 2/3 das vitórias em mata-mata de toda a sua carreira.

Em resumo, os números de Maradona em jogos decisivos são decepcionantes. O fato é que o mito do argentino se construiu pela excelência de seus melhores momentos (o desempenho na Copa de 1986, por exemplo, pode ser considerado o maior na história dos Mundiais), não pela força dos números. Seria um absurdo dizer que Maradona não foi decisivo, mas também não dá para negar que, nesse aspecto, ele fica atrás de outros craques – e não só de Pelé.

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