Neste texto, concluo a série de análises sobre o desempenho de grandes jogadores da história em partidas decisivas. Nos posts anteriores, falei sobre Romário, Ronaldo, Ferenc Puskas, Gerd Müller, Eusébio, Johan Cruyff e Diego Maradona.
Para fazer estas avaliações, pesquisei a carreira de cada atleta e montei duas listas. Uma apresenta o desempenho em finais, incluindo placares e gols marcados. Outra mostra os resultados nos jogos de mata-mata, a partir das oitavas-de-final, considerando apenas vitórias e derrotas. Em ambos os cálculos, foram contados os números das seleções principais e olímpica e de todas as competições de clubes, excluindo as Supercopas nacionais e torneios amistosos. Nos dados referentes a mata-mata, como nem sempre as escalações das partidas estão disponíveis, partiu-se da suposição de que o atleta em questão sempre participou dos jogos, a não ser quando estivesse sabidamente suspenso ou machucado.
Os resultados
Vejamos como Pelé se saiu nas finais que disputou:
Final
(Ano)
|
Resultado
|
Gols
|
Copa do Mundo (1958)
|
5x2 Suécia
|
2
|
Taça Brasil (1959)
|
5x6 Bahia**
|
2
|
Taça Brasil (1961)
|
6x2 Bahia*
|
3
|
Copa Libertadores (1962)
|
7x4 Peñarol**
|
2
|
Taça Brasil (1962)
|
10x6 Botafogo**
|
2
|
Mundial de Clubes (1962)
|
8x4 Benfica*
|
5
|
Copa Libertadores (1963)
|
5x3 Boca Juniors*
|
1
|
Taça Brasil (1963)
|
8x0 Bahia*
|
4
|
Rio-São Paulo (1964)
|
2x3 Botafogo***
|
0
|
Taça Brasil (1964)
|
4x1 Flamengo*
|
3
|
Taça Brasil (1965)
|
6x1 Vasco*
|
1
|
Taça Brasil (1966)
|
4x9 Cruzeiro*
|
1
|
Campeonato Paulista (1967)
|
2x1 São Paulo
|
0
|
Copa do Mundo (1970)
|
4x1 Itália
|
1
|
Campeonato Paulista (1973)
|
0x0 Portuguesa****
|
0
|
Campeonato Norte-Americano
(1977)
|
2x1 Seattle Sounders
|
0
|
**Final disputada em 3 jogos
***Deveria ter havido um 2º jogo, que nunca aconteceu; título foi dividido
****Após confusão na disputa por pênaltis, o título foi dividido
*****A final do Mundial de Clubes de 1963 não foi incluída porque Pelé só disputou a 1ª das 3 partidas (o Santos perdeu esse jogo e ganhou os outros dois)
Nos jogos de mata-mata, os resultados de Pelé foram os seguintes:
Equipe
|
Vitórias
|
Derrotas
|
%
|
Brasil
|
6
|
0
|
100,0%
|
Santos
|
18
|
4
|
81,8%
|
New York Cosmos
|
5
|
1
|
83,3%
|
TOTAL
|
29
|
5
|
85,3%
|
Análise
É praticamente impossível achar defeitos nos números de Pelé em jogos decisivos. Falando de mata-mata em geral, o atacante teve quase 6 vitórias para cada derrota, uma média quase inacreditável. Quando falamos de finais, o aproveitamento impressionante se mantém: foram 12 triunfos contra apenas 2 derrotas (além de 2 decisões que, por incrível que pareça, terminaram com o título dividido).
PELÉ: praticamente perfeito em jogos decisivos |
Esse baixo número de partidas decisivas se repete na Seleção Brasileira. Com a camisa canarinho, foram apenas 6 confrontos, nas Copas de 1958 e 1970. Isso acontece porque, em 1962, Pelé contundiu-se na primeira fase e, em 1966, o Brasil foi eliminado na etapa inicial. Copa América, o Rei só disputou uma (1959), realizada no sistema de pontos corridos.
Poucos confrontos ou não, a verdade é indiscutível: Pelé foi decisivo, e muito. Não só manteve uma porcentagem altíssima de vitórias, como também marcou grande número de gols nas finais que disputou (27 em 29 jogos – média quase idêntica à de sua carreira como um todo). É uma pena que os regulamentos da época (e algumas contusões) não tenham propiciado ao Rei a chance de disputar ainda mais decisões. Se tivesse a oportunidade, não há dúvida de que Pelé alcançaria cifras ainda mais espetaculares.