quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Seleção Brasileira impõe respeito – mas só em amistosos

O jogo do Brasil contra os Estados Unidos, na última terça-feira, foi exatamente o 100º amistoso disputado pela Seleção desde que ganhou seu último título mundial, em 2002 (contando apenas jogos da equipe principal contra outras seleções). O desempenho do Brasil nesse tipo de partida durante esse período é bem impressionante. Veja só:

Adversário
V
E
D
Total
Argentina
4
1
3
8
México
3
1
1
5
Estados Unidos
4
0
0
4
Chile
3
1
0
4
França
2
1
1
4
Inglaterra
1
2
1
4
Portugal
2
0
2
4
Irlanda
2
1
0
3
África do Sul
2
0
0
2
Alemanha
1
0
1
2
China
1
1
0
2
Colômbia
1
1
0
2
Costa Rica
2
0
0
2
Equador
2
0
0
2
Gana
2
0
0
2
Honduras
2
0
0
2
Itália
1
1
0
2
Japão
2
0
0
2
Rússia
1
1
0
2
Suécia
2
0
0
2
Turquia
1
1
0
2
TOTAL
72
16
12
100
*Estão listadas apenas as equipes que disputaram pelo menos 2 amistosos contra o Brasil no período.

A primeira coisa é que se nota é que o Brasil não tem retrospecto negativo contra nenhum dos 21 adversários acima – e olha que a lista inclui nações importantes, como Itália, França e Argentina. No geral, nos últimos 100 amistosos, a Seleção teve 77% de aproveitamento, considerando-se 3 “pontos” por vitória e 1 por empate. É um índice muito bom, equivalente ao dos campeões nos principais torneios por pontos corridos.

No entanto, quando analisamos os jogos oficiais (Eliminatórias, Copa do Mundo, Copa América e Copa das Confederações) do Brasil no mesmo período, o desempenho cai sensivelmente:

Adversário
V
E
D
Total
Chile
7
2
0
9
Paraguai
2
4
2
8
Argentina
4
2
1
7
Uruguai
3
4
0
7
Colômbia
2
3
1
6
Equador
4
1
1
6
Venezuela
4
2
0
6
México
2
1
2
5
Peru
3
2
0
5
Bolívia
1
2
1
4
Estados Unidos
3
0
0
3
Japão
2
1
0
3
Alemanha
1
0
1
2
Camarões
1
0
1
2
Croácia
2
0
0
2
Holanda
0
0
2
2
Itália
2
0
0
2
TOTAL
52
26
13
91
*Estão listadas apenas as equipes que disputaram pelo menos 2 jogos oficiais contra o Brasil no período

BRASIL: praticamente invencível,
mas só em amistosos
Ok, em números gerais, o desempenho do Brasil em jogos oficiais não chega a ser ruim: o aproveitamento é de 67% (num torneio por pontos corridos, não daria para falar em título, mas provavelmente bastaria para uma vaga na Liga dos Campeões/Libertadores). No entanto, a queda de aproveitamento em relação aos amistosos é sensível: cai de 6 para 4 vitórias para cada derrota. E não custa lembrar que a lista de partidas oficiais inclui 11 jogos contra as molezas Peru e Venezuela (aproveitamento de 76%) e 18 partidas da Copa das Confederações (aproveitamento de 81%), torneio que poucos países importantes levam a sério.

A diferença no aproveitamento entre amistosos e jogos “sérios” não acontece tanto pela qualidade dos adversários – em ambas as listas há times fortes e molezas. O principal motivo para a diferença é o comportamento da Seleção nos jogos que não valem nada: enquanto os outros times usam essas partidas para se preparar, o Brasil tem levado os amistosos muito a sério. O maior exemplo disso é o desempenho com o técnico Dunga: são 32 vitórias, 3 empates e apenas 2 derrotas (aproveitamento de 89%) em amistosos, somando suas duas passagens pela Seleção.

O problema dessa “seriedade” em amistosos não se limita a criar falsas expectativas. Ao buscar desesperadamente vitórias – necessárias para se manterem no cargo –, os técnicos da Seleção abrem mão de testar jogadores novos, desistem de qualquer tipo de inovação e nem tentam imprimir um padrão de jogo específico para a Seleção. Ou seja, não fazem aquilo que deveria ser o principal objetivo dos amistosos. Com isso, quando chegam os jogos importantes, o que vemos é uma Seleção que pode até ganhar, mas não tem organização em campo e troca o talento e a fluidez que marcaram a sua história por estratégias defensivistas que buscam nada mais que segurar resultados – e às vezes nem isso conseguem.

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