Em 14 de setembro, o Cruzeiro disputou uma das partidas mais importantes do Campeonato Brasileiro, contra o São Paulo. Perdeu. Em 8 de outubro, outro “jogo de 6 pontos”, contra o Corinthians. De novo, a Raposa perdeu. Em campeonatos menos equilibrados, em que poucos times têm chances de título, duas derrotas como essas, no segundo turno, frente a adversários diretos, poderiam custar o título a uma equipe. Mas, no Brasileirão, não é esse o caso.
Aqui, todos os times oscilam muito. É comum uma equipe ganhar um jogo difícil e, na sequência, sofrer uma derrota boba (como foi o caso do São Paulo, que, depois de bater o Cruzeiro, perdeu para o Coritiba). Como os duelos entre times do topo são poucos, e é “fácil” perder para pequenos, os jogos contra estes acabam sendo mais decisivos na disputa pelo título, e os resultados de 2014 deixaram isso bem claro.
Veja, abaixo, os resultados de Cruzeiro, São Paulo, Internacional e Corinthians em jogos contra os 7 primeiros colocados e contra os 9 últimos (considerando-se a classificação final do Brasileirão):
7 Primeiros
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9 Últimos
|
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Time
|
V
|
E
|
D
|
V
|
E
|
D
|
Cruzeiro
|
5
|
2
|
5
|
13
|
5
|
0
|
São Paulo
|
5
|
3
|
4
|
10
|
5
|
3
|
Internacional
|
3
|
2
|
7
|
12
|
3
|
3
|
Corinthians
|
7
|
3
|
2
|
7
|
8
|
3
|
Como se vê, nos jogos “difíceis”, o aproveitamento cruzeirense esteve longe de ser brilhante: fez apenas 17 pontos, menos que o São Paulo (18) e que o Corinthians (24). Por outro lado, contra os adversários fracos, a eficiência do Cruzeiro foi digna de um Real Madrid: ganhou 44 pontos em 54 possíveis (81%), 9 a mais que o São Paulo e 15 a mais que o Corinthians.
O Timão, aliás, pode afirmar que perdeu o título para os pequenos: seu desempenho contra os melhores (67% de aproveitamento) é digno de um campeão; porém, contra os mais fracos, o Corinthians conseguiu o “feito” de ter aproveitamento mais baixo (54%). O excesso de empates (leia-se: tática defensivista + falta de qualidade dos atacantes) contra os menores foi o principal motivo para a baixa produtividade e custou a taça ao time do Parque São Jorge.
Vale frisar que nada disso desmerece a conquista do Cruzeiro, muito pelo contrário. Em um campeonato em que a Seleção rouba jogadores das equipes, em que o calendário deixa todos extenuados, em que vendas de atletas, contusões e suspensões acontecem a todo momento, manter esse tipo de regularidade é mesmo um grande feito.
Que fique a lição para todos: nos pontos corridos, a chave para o título não está nos grandes clássicos contra Atléticos, São Paulos ou Grêmios, mas sim nos jogos “sem graça” (e muito mais numerosos) contra Chapecoenses, Coritibas e Bahias.
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