Em outubro passado, publiquei no blog uma análise sobre oranking de seleções da Fifa. Em geral, pode-se considerar a listagem boa, mas distorções nos critérios produzem alguns resultados difíceis de justificar.
Seria possível montar um ranking melhor? Acho que sim. Por
isso, dediquei os últimos 5 meses a montar um novo ranking mundial de seleções,
que parte da mesma lógica da Fifa, mas procura eliminar suas distorções,
incorporando elementos de outras listas bem-sucedidas, como a da ATP.
Neste texto, apresento a metodologia de montagem do ranking.
Nos próximos quatro posts, apresentarei a lista das seleções, dividida em 4
partes.
Como funciona o
ranking
Existem duas formas de se pontuar neste ranking de seleções.
Uma é com os resultados das partidas, de forma similar ao que acontece no
ranking da Fifa. A pontuação é calculada pelo produto de quatro fatores:
- Resultado da partida: 3 para vitória, 1 para empate, 0
para derrota
- Importância da partida: 6 para Copa do Mundo, 4 para
torneios continentais e Copa das Confederações, 3 para eliminatórias da Copa do
Mundo, 2 para eliminatórias continentais, 1 para amistosos
- Qualidade do adversário: de 1 a 8, de acordo com sua
posição no ranking
1º
colocado
|
8 pontos
|
|
51º ao 75º
|
3 pontos
|
2º ao 5º
|
7 pontos
|
|
76º ao
100º
|
2 pontos
|
6º ao 10º
|
6 pontos
|
|
101º ao
150º
|
1,5 ponto
|
11º ao 25º
|
5 pontos
|
|
Abaixo do
150º
|
1 ponto
|
26º ao 50º
|
4 pontos
|
|
|
|
*Para a primeira edição do
ranking, foi considerada a posição das seleções no ranking da Fifa (a 1ª edição
de cada ano). A partir da próxima, vale a posição das seleções no ranking
anterior.
- Local da partida: 1,5 para jogos
na casa do adversário, 1 nos outros casos
Um exemplo: vencer a Espanha (1ª
colocada), nas eliminatórias para a Copa, em Madrid = 3*8*3*1,5 = 108 pontos. Outro exemplo: empatar com San Marino, em campo neutro, em um amistoso = 1*1*1*1 = 1 ponto.
Para o ranking, são consideradas todas as partidas entre duas seleções principais (não seleções olímpicas, nem “sub-”, nem combinados regionais) reconhecidas pela Fifa. Só têm fator maior que 1 jogos da Copa do Mundo, Copa das Confederações, torneios continentais e suas respectivas eliminatórias. Todas as outras partidas são consideradas amistosos, mesmo que levem nomes de torneios (como o Superclássico das Américas, Copa das Nações do Golfo, Copa Cecafa, etc.). Em todos os casos, foi tomada como base a lista de partidas internacionais disponível no site da Fifa.
O outro modo de ganhar pontos é de acordo com a
classificação dos torneios de seleções, de acordo com a tabela abaixo:
Torneio
|
Campeão
|
Vice
|
Semifinal
|
Quartas
|
Oitavas
|
1ª Fase
|
Copa do
Mundo
|
1000
|
600
|
350
|
200
|
100
|
50
|
Eurocopa
|
500
|
300
|
175
|
100
|
-
|
50
|
Copa
América
|
500
|
300
|
175
|
100
|
-
|
-
|
Copa Ouro
|
300
|
180
|
105
|
60
|
-
|
30
|
Copa
Africana de Nações
|
300
|
180
|
105
|
60
|
-
|
30
|
Copa da
Ásia
|
300
|
180
|
105
|
60
|
-
|
30
|
Copa das
Nações da OFC
|
200
|
120
|
70
|
-
|
-
|
20
|
Copa das
Confederações
|
200
|
120
|
70
|
-
|
-
|
-
|
*No caso dos torneios que tiveram mais de uma edição no
período considerado (Copa Ouro e CAN), os pontos de bônus são divididos pela
metade.
*Não há pontos de bônus para a 1ª fase da Copa América e da
Copa das Confederações porque a classificação para esses torneios é automática
(não há eliminatórias).
A pontuação de cada seleção em um ano é a soma dos pontos de
desempenho, mais os pontos ganhos nas partidas dessas competições, mais os 8
melhores resultados (em termos de pontos) alcançados nos outros jogos do ano
(amistosos e eliminatórias). Para montar o ranking, basta somar a pontuação obtida
nos últimos 4 anos.
As diferenças em
relação à Fifa
Ao definir a metodologia para este ranking, adotei dois
princípios:
1. Ser o mais simples e objetivo possível;
2. Ser o mais próximo possível ao método do ranking da Fifa.
A ideia de pontuar o resultado das partidas de acordo com
sua importância e a força do adversário, adotada pela Fifa, é interessante. A
esse conceito, adicionei apenas um “bônus” por vitórias na casa do adversário
(imagine, por exemplo, que ganhar do Equador em Quito é muito mais difícil do que
ganhar dele em Buenos Aires).
Outra diferença importante é o fator relativo à confederação
a que pertence cada equipe. Para tornar o ranking mais representativo, a Fifa
criou um índice (de 0,85 a 1) que varia de acordo com a confederação. Assim, se
a Nova Zelândia vencer a França em um amistoso, ela ganha 15% a menos de pontos
do que se o Chile derrotar o mesmo adversário em condições iguais. Tal recurso,
além de “deselegante”, parece terrivelmente injusto.
Se países em continentes fracos ganham jogos e torneios com
mais facilidade, eles já são punidos pelo fato de suas partidas valerem menos,
dado o ranking mais baixo de seus adversários. Não é preciso um fator adicional
de desvalorização. Neste ranking, a única diferença feita entre os continentes
consiste nos pontos de bônus distribuídos nas copas continentais – e mesmo
estes foram determinados com base nos resultados das últimas 3 Copas do Mundo
(times da Uefa e Conmebol tiveram aproveitamento de 62%; da CAF, AFC e Concacaf
ficaram entre 34% e 35%; da Oceania não tiveram participações suficientes para
uma conta relevante).
A mudança mais significativa entre os rankings é a inclusão de
uma quantidade considerável de pontos extras em função dos resultados finais
das equipes nos torneios. No ranking da Fifa, a Copa do Mundo vale muito só
porque suas partidas têm grande peso. Não há nenhum ganho adicional. Assim,
como os pontos advêm somente dos resultados das partidas, é perfeitamente
possível que o 3º colocado fique com mais pontos do que o campeão – o que é uma
distorção absurda.
Outro ponto a se considerar é a quantidade de partidas a ser
incluída na conta. Se fosse feita uma soma simples de resultados, seleções que
jogam muito seriam beneficiadas (seria possível “inflar” a pontuação vencendo
muitos amistosos contra times fracos). Para solucionar isso, a Fifa calcula a
média dos pontos ganhos por cada equipe em todos os jogos que disputou (cada
derrota vale 0, derrubando a média; vitórias contra “nanicos” também não ajudam
muito). O problema desse método é que ele recompensa quem joga menos: se o país
conseguiu um grande resultado no começo do ano (ex: ganhou da Argentina nas
Eliminatórias), convém que ele entre em campo o mínimo possível, para não
derrubar a média.
No caso deste ranking, foi feito um cálculo mais acessível:
todos os jogos valem, mas só podem ser contados os 8 melhores resultados (fora
os dos grandes torneios, que são sempre incluídos, a exemplo, novamente, do que
faz a ATP). Assim, não adianta marcar um monte de amistosos contra times
fracos, pois cada um valerá poucos pontos. Seleções que jogam com mais
frequência ainda levam uma pequena vantagem (já que as derrotas não prejudicam
sua pontuação), mas isso pouco afeta os principais resultados do ranking (lembrando
que o que realmente “pesa” na classificação são os grandes torneios e, em menor
grau, as eliminatórias).
Assim como faz a Fifa, este ranking considera os resultados
dos últimos 4 anos. Mas há uma diferença importante: aqui, os quatro anos têm o
mesmo peso, enquanto a Fifa dá mais valor para os mais recentes. Embora o
método da entidade ajude a captar melhor o “momento” de cada equipe, isso gera
distorções, já que seleções em diferentes continentes têm calendários
diferentes. Além disso, considero que o valor de um bom desempenho (por
exemplo, o título da Copa América) não diminui por ter ocorrido 1, 2 ou 3 anos
atrás (só deixa de valer, claro, após a realização de uma nova Copa América).
Para facilitar a comparação, segue abaixo uma tabela
listando as principais diferenças entre este ranking e o publicado pela Fifa:
Critério
|
Fifa
|
Futrankings
|
Diferença
de pontuação entre os anos considerados
|
Anos mais
recentes valem até 5 vezes mais
|
Os 4 anos
têm valor igual
|
Importância
das partidas
|
De 1 até 4
|
De 1 até 6
|
Diferença
entre os melhores e os piores adversários
|
4 vezes
(de 50 a 200 pontos)
|
8 vezes
(de 1 a 8 pontos)
|
Periodicidade
de atualização
|
Mensal
|
Anual
|
Diferenças
entre confederações
|
Times de
confederações mais fracas ganham até 15% a menos em cada partida
|
Não há
diferença nas partidas, só nos pontos de bônus das copas continentais
|
Bônus por
performance
|
Não há
|
Distribuídos
de acordo com a fase alcançada pela seleção em cada torneio
|
Cálculo
dos resultados anuais
|
Média dos
pontos obtidos em todas as partidas
|
Soma dos
pontos de bônus, partidas dos grandes torneios, mais os 8 melhores resultados
|
Local de
realização da partida
|
Não é
considerado
|
Vitória na
casa do adversário vale 50% a mais
|
Bom, apesar de achar o seu mais "justo", concordo com o Ranking da FIFA no quesito de só considerar jogos "A" contra "A". Só uma coisa que eu não vi no seu ranking, que é a relação ao número de jogos. Já tentei fazer um ranking "anual" nos moldes da FIFA e via que em 12 meses, tinha Seleção que jogava 10 vezes, enquanto outras jogavam duas vezes, quando muito.
ResponderExcluirEm termos de jogos considerados, este ranking é igual ao da Fifa (também só conto jogos "A" contra "A") - aliás, a lista de jogos eu peguei do próprio site da entidade!
ResponderExcluirSobre o número de jogos, neste ranking são contados no máximo 8 partidas por ano, além daquelas disputadas nos grandes torneios. Para times que jogam muito (tipo México, Arábia Saudita, etc.) são considerados só os 8 jogos que renderam mais pontos, e os outros são descartados.
Esse critério dá uma pequena vantagem para as seleções que jogam muitas vezes (principalmente entre os "nanicos"), já que não pune as derrotas. Mas me parece melhor que o método da Fifa, que beneficia quem joga poucas vezes - e, pior, permite que um país ganhe pontos sem entrar em campo!