PAN-2015: quadro de medalhas inspira muito otimismo e pouco realismo |
O Pan é ridículo enquanto previsão de desempenho para a Olimpíada (83% dos medalhistas de ouro no torneio de 2011 não subiram no pódio dos Jogos Olímpicos seguintes), mas, mesmo assim, pode valer como entretenimento e como experiência para jovens atletas (na prática, o Pan é um “grande evento” quando acontece no Brasil e/ou a Globo transmite; em Toronto e na Record, passou a ser tratado pela mídia como a competição secundária que é).
Como em todo evento dessa natureza, grande atenção é dada ao quadro de medalhas. No entanto, os quadros convencionais trazem grandes distorções. Esportes como canoagem e levantamento de peso distribuem mais de uma dúzia de medalhas de ouro, enquanto competições como futebol e basquete não passam de duas. Assim, países que calham de serem bons em esportes que valem muitas medalhas aparecem em posição desproporcional no quadro (exemplo clássico é a Jamaica). Para corrigir isso, em 2011 apresentei um novo quadro de medalhas, em que a contagem é feita por esporte, e não por modalidade.
Explicando melhor: em cada um dos 40 esportes do Pan (seguindo a divisão de modalidades feita pela Wikipedia), foi montado um quadro de medalhas. Ao 1º colocado nesse quadro foi atribuída 1 medalha de ouro no quadro geral; o 2º ficou com uma de prata, e o 3º com uma de bronze. Assim, pode-se descobrir quais países realmente são potências esportivas (dentro do contexto do Pan, vale lembrar) e quais só concentram seus ganhos em poucos esportes.
Vejamos como ficou o quadro de medalhas alternativo dos Jogos Pan-Americanos de 2015:
Pos
|
País
|
Ouro
|
Prata
|
Bronze
|
Dif*
|
1
|
Estados Unidos
|
14
|
10
|
5
|
0
|
2
|
Canadá
|
8
|
9
|
7
|
0
|
3
|
Brasil
|
6
|
5
|
6
|
0
|
4
|
Argentina
|
5
|
2
|
4
|
+3
|
5
|
México
|
5
|
1
|
4
|
+1
|
6
|
Colômbia
|
3
|
3
|
2
|
-1
|
7
|
Cuba
|
3
|
2
|
5
|
-3
|
8
|
Guatemala
|
1
|
0
|
2
|
+2
|
9
|
Venezuela
|
0
|
3
|
1
|
-1
|
10
|
Chile
|
0
|
1
|
2
|
+1
|
11
|
Uruguai
|
0
|
1
|
1
|
+7
|
12
|
Equador
|
0
|
1
|
0
|
-3
|
13
|
Paraguai
|
0
|
0
|
1
|
+7
|
14
|
Peru
|
0
|
0
|
0
|
-2
|
Os três primeiros colocados no quadro alternativo mantêm-se os mesmos do quadro tradicional: Estados Unidos, Canadá e Brasil. De fato, quando se trata de Pan-Americanos, esses têm sido os três países dominantes. Em seguida, uma mudança que mostra bem a diferença entre os dois quadros de medalhas: o 4º colocado é a Argentina (forte em hóquei, tênis, vôlei), que ganhou três posições, caminho oposto ao de Cuba (forte em boxe, canoagem, taekwondo), que perdeu três.
Falando sobre o Brasil, houve uma pequena melhora em relação ao Pan de 2011. Naquela edição, o País figurou entre os melhores de 16 esportes (neste ano foram 17), terminando em 4º lugar na lista (melhorou para 3º). Em 2015, os esportes em que o Brasil ganhou medalhas no quadro alternativo foram:
Ouro: karatê, futebol, handebol, judô, pentatlo moderno (dividido com a Guatemala) e tênis de mesa;
Prata: basquete, tiro, vela, polo aquático (dividido com o Canadá) e natação;
Bronze: canoagem, ginástica, hipismo, patinação, vôlei e vôlei de praia (dividido com Cuba).
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