No texto passado, apresentei uma nova maneira de contar o número de golsmarcados por Pelé. Além de uniformizar os critérios de contagem, eliminando gols em amistosos e separando os marcados pela Seleção, foi feita uma conta para “desinflacionar” os números do Rei.
Explico: como nos anos 1960 eram marcados muito mais gols do que hoje, jogadores dessa época levam vantagem em relação aos atuais. Para colocar os craques em pé de igualdade, é preciso dividir seus gols pela média da época (e multiplicar pela média atual). No caso de Pelé, o número de gols “desinflacionado” ficou em 605 – o que não deixa de ser uma marca impressionante.
E como será que outros grandes artilheiros da história se sairiam nessa metodologia? Para responder essa pergunta e montar o ranking abaixo, escolhi 15 jogadores que frequentemente aparecem nas listas de maiores goleadores. A seleção foi subjetiva e eliminou nomes para os quais não há disponível uma lista de gols minimamente confiável – por isso Túlio e Friedenreich, entre outros, não aparecem.
Foram considerados só gols marcados em partidas oficiais por clubes. Para calcular a média da época do jogador, escolhi o período de 8 temporadas contínuas em que o atleta foi mais produtivo (em termos de gols marcados), atuando em um mesmo país (ou Estado, para os brasileiros). Depois, dividi o total de gols pela média da época e multipliquei por 2,699 (média das últimas 8 temporadas do Campeonato Espanhol).
Com esses critérios, vejamos a lista de gols “desinflacionados” de 16 grandes artilheiros:
Nome
|
Gols
|
Temporadas
|
País/Estado
|
Média Gols
|
Gols Atual
|
Romário
|
687
|
1995 a 2002
|
Rio de Janeiro
|
2,841
|
653
|
Pelé
|
751
|
1958 a 1965
|
São Paulo
|
3,353
|
605
|
Roberto Dinamite
|
512
|
1972 a 1979
|
Rio de Janeiro
|
2,367
|
584
|
Zico
|
522
|
1976 a 1983
|
Rio de Janeiro
|
2,414
|
584
|
Ferenc Puskas
|
616
|
1958/9 a 1965/6
|
Espanha
|
3,010
|
552
|
Eusébio
|
565
|
1965/6 a 1972/3
|
Portugal
|
2,773
|
550
|
Gerd Müller
|
635
|
1966/7 a 1973/4
|
Alemanha
|
3,175
|
540
|
Hugo Sánchez
|
424
|
1983/4 a 1990/1
|
Espanha
|
2,356
|
486
|
Gunnar Nordahl
|
513
|
1948/9 a 1955/6
|
Itália
|
2,894
|
478
|
Uwe Seeler
|
575
|
1955/6 a 1962/3
|
Alemanha
|
3,597
|
431
|
Henrik Larsson
|
434
|
1997/8 a 2003/4
|
Escócia
|
2,771
|
423
|
Josef Bican
|
730
|
1938/9 a 1945/6
|
Rep. Tcheca
|
5,176
|
381
|
Jimmy McGrory
|
518
|
1925/6 a 1932/3
|
Escócia
|
3,711
|
377
|
Alfredo di Stéfano
|
475
|
1953/4 a 1960/1
|
Espanha
|
3,415
|
375
|
Jimmy Greaves
|
422
|
1961/2 a 1968/9
|
Inglaterra
|
3,162
|
360
|
Lionel Messi
|
273
|
2005/6 a 2012/3
|
Espanha
|
2,699
|
273
|
Por esse critério, Romário conseguiu o feito de superar Pelé. Isso deixa claro duas coisas:
1) O Baixinho era realmente inigualável na frente do gol, tendo marcado quase 700 vezes em uma época em que a média era pouco mais alta que a atual – e muito menor que a dos anos 1960.
2) Número de gols, “desinflacionados” ou não, não é critério para definir qual jogador é melhor.
Também chama a atenção como o critério faz com que jogadores brasileiros apareçam nas 4 primeiras posições da lista. Trata-se de uma distorção do método? Não necessariamente. Pelé e Romário são, de fato, dois jogadores que podem ser considerados os maiores goleadores da história. Já Zico e Roberto Dinamite merecem grande reconhecimento por terem feito mais de 500 gols em uma época em que a média era ainda menor que a atual.
O que se pode questionar é que os quatro – Romário principalmente – se beneficiaram por enfrentar muitas molezas nos campeonatos estaduais. Mas aí já entramos no campo da subjetividade...
Entre os estrangeiros, Puskas e Eusébio ocupam merecida posição de destaque. Quem perde muito com a atualização é o austro-tcheco Josef Bican, o segundo maior da história em números absolutos (730 gols). Como o campeonato tcheco da época tinha uma inacreditável média de 5,18 gols por partida, a marca “desinflacionada” do jogador cai bastante.
E o craque da atualidade, Lionel Messi? Evidentemente, ainda tem um longo caminho para percorrer – precisa de mais 160 gols para entrar no “top 10” histórico. Mas, com 25 anos de idade, o argentino ainda tem tempo de sobra para isso.
Como chegou à média de golos da época, se os golos foram de vários jogadores foram marcados em competições diferentes (campeonato, taça, estadual, etc...)e em campeonatos diferentes?
ResponderExcluirPenso que seria mais interessante você utilizar os seus rankings de competitividade (anuais) para fazer o mesmo exercício.
Olá!
ExcluirA média de gols foi feita com base apenas no principal campeonato do país (ou do Estado, no caso brasileiro). É verdade que não é um índice preciso, mas passa uma ideia de quantos gols saíam em cada "era" do futebol.
faltaou o Dadá Maravilha
ResponderExcluirOlá!
ExcluirNão deu para incluir o Dadá Maravilha porque não encontrei uma lista de gols dele que separe os marcados em jogos oficiais daqueles feitos em amistosos.
Pelé é mineiro de Três Corações
ResponderExcluirOlá!
ExcluirAh, não expliquei direito no texto... A coluna País/Estado refere-se ao lugar onde o jogador atuou a maior parte da carreira e não ao lugar onde nasceu. Por isso é que o Pelé consta como Paulista.