O rebaixamento do Palmeiras para a segunda divisão, matematicamente
confirmado na última semana, foi emblemático. Se não foi a primeira vez que um
time grande caiu, foi a primeira em que um dos grandes retornou à Série B.
O outro “escorregão” palmeirense foi relativamente recente, em 2002. O
alviverde disputou a Segundona em 2003 e voltou à Série A em seguida,
mantendo-se na elite desde 2004. Parece pouco tempo (e é), mas, por incrível
que pareça, só há 6 times que estão na primeira divisão há mais tempo. Veja só:
Pos |
Time |
Desde |
1 |
Cruzeiro |
1966 |
2 |
Flamengo |
1967 |
2 |
Internacional |
1967 |
4 |
Santos |
1980 |
4 |
São Paulo |
1980 |
6 |
Fluminense |
2000 |
7 |
Botafogo |
2004 |
7 |
Palmeiras |
2004 |
9 |
Grêmio |
2006 |
10 |
Atlético-MG |
2007 |
11 |
Corinthians |
2009 |
12 |
Atlético-GO |
2010 |
12 |
Vasco |
2010 |
14 |
Bahia |
2011 |
14 |
Coritiba |
2011 |
14 |
Figueirense |
2011 |
17 |
Náutico |
2012 |
17 |
Ponte Preta |
2012 |
17 |
Portuguesa |
2012 |
17 |
Sport |
2012 |
Na história do Campeonato Brasileiro, há 5 times que nunca foram rebaixados
(os 5 primeiros da lista): Cruzeiro, Flamengo, Internacional, Santos e São
Paulo. Os dois últimos aparecem com uma sequência menor porque não disputaram o
Brasileirão em 1979, por não aceitarem a fórmula de disputa daquele ano
(queriam entrar só na 3ª fase).
Flamengo, Inter e Cruzeiro participaram de todas as edições do Brasileirão
propriamente dito, mas os dois primeiros não jogaram as últimas disputas da
Taça Brasil. Incluindo esse torneio na conta, o time com maior série
ininterrupta de participações na primeira divisão é o Cruzeiro, sempre presente
desde 1966.
Excetuando-se os 5 que nunca caíram, é interessante notar que nenhum time
tem uma série contínua na Série A maior que 12 anos. Com o rebaixamento
palmeirense, o Corinthians, que completa só 4 anos seguidos na elite, já estará
entre os 10 mais longevos nesse quesito.
Como curiosidade, também vale uma olhada para os times que subirão à Série A
em 2013. Dentre os promovidos, não há ninguém que está fora há muito tempo: o
maior jejum é do Criciúma, que disputou a Série A pela última vez em 2004. Vitória
e Goiás estão fora desde 2010, e o Atlético-PR passou apenas um ano na
Segundona.
Ou seja, se é fácil cair, também parece ser fácil voltar. O Palmeiras alcançou
um feito negativo ao tornar-se o primeiro grande a cair duas vezes. Só precisa
ficar esperto para não passar outro vexame: ser o primeiro grande a não
conseguir voltar direto para a elite (desde a adoção da fórmula de disputa por pontos corridos e o fim das "viradas de mesa").
No texto passado, apresentei uma nova maneira de contar o número de golsmarcados por Pelé.
Além de uniformizar os critérios de contagem, eliminando gols em amistosos e
separando os marcados pela Seleção, foi feita uma conta para “desinflacionar”
os números do Rei.
Explico: como nos anos 1960 eram marcados muito mais gols do que hoje,
jogadores dessa época levam vantagem em relação aos atuais. Para colocar os craques
em pé de igualdade, é preciso dividir seus gols pela média da época (e
multiplicar pela média atual). No caso de Pelé, o número de gols
“desinflacionado” ficou em 605 – o que não deixa de ser uma marca impressionante.
E como será que outros grandes artilheiros da história se sairiam nessa
metodologia? Para responder essa pergunta e montar o ranking abaixo, escolhi 15
jogadores que frequentemente aparecem nas listas de maiores goleadores. A
seleção foi subjetiva e eliminou nomes para os quais não há disponível uma
lista de gols minimamente confiável – por isso Túlio e Friedenreich, entre
outros, não aparecem.
Foram considerados só gols marcados em partidas oficiais por clubes. Para
calcular a média da época do jogador, escolhi o período de 8 temporadas
contínuas em que o atleta foi mais produtivo (em termos de gols marcados),
atuando em um mesmo país (ou Estado, para os brasileiros). Depois, dividi o
total de gols pela média da época e multipliquei por 2,699 (média das últimas 8
temporadas do Campeonato Espanhol).
Com esses critérios, vejamos a lista de gols “desinflacionados” de 16
grandes artilheiros:
Nome
|
Gols
|
Temporadas
|
País/Estado
|
Média Gols
|
Gols Atual
|
Romário
|
687
|
1995 a 2002
|
Rio de Janeiro
|
2,841
|
653
|
Pelé
|
751
|
1958 a 1965
|
São Paulo
|
3,353
|
605
|
Roberto Dinamite
|
512
|
1972 a 1979
|
Rio de Janeiro
|
2,367
|
584
|
Zico
|
522
|
1976 a 1983
|
Rio de Janeiro
|
2,414
|
584
|
Ferenc Puskas
|
616
|
1958/9 a 1965/6
|
Espanha
|
3,010
|
552
|
Eusébio
|
565
|
1965/6 a 1972/3
|
Portugal
|
2,773
|
550
|
Gerd Müller
|
635
|
1966/7 a 1973/4
|
Alemanha
|
3,175
|
540
|
Hugo Sánchez
|
424
|
1983/4 a 1990/1
|
Espanha
|
2,356
|
486
|
Gunnar Nordahl
|
513
|
1948/9 a 1955/6
|
Itália
|
2,894
|
478
|
Uwe Seeler
|
575
|
1955/6 a 1962/3
|
Alemanha
|
3,597
|
431
|
Henrik Larsson
|
434
|
1997/8 a 2003/4
|
Escócia
|
2,771
|
423
|
Josef Bican
|
730
|
1938/9 a 1945/6
|
Rep. Tcheca
|
5,176
|
381
|
Jimmy McGrory
|
518
|
1925/6 a 1932/3
|
Escócia
|
3,711
|
377
|
Alfredo di Stéfano
|
475
|
1953/4 a 1960/1
|
Espanha
|
3,415
|
375
|
Jimmy Greaves
|
422
|
1961/2 a 1968/9
|
Inglaterra
|
3,162
|
360
|
Lionel Messi
|
273
|
2005/6 a 2012/3
|
Espanha
|
2,699
|
273
|
Por esse critério, Romário conseguiu o feito de superar Pelé. Isso deixa
claro duas coisas:
1) O Baixinho era realmente inigualável na frente do gol, tendo marcado
quase 700 vezes em uma época em que a média era pouco mais alta que a atual – e
muito menor que a dos anos 1960.
2) Número de gols, “desinflacionados” ou não, não é critério para definir
qual jogador é melhor.
Também chama a atenção como o critério faz com que jogadores brasileiros
apareçam nas 4 primeiras posições da lista. Trata-se de uma distorção do
método? Não necessariamente. Pelé e Romário são, de fato, dois jogadores que
podem ser considerados os maiores goleadores da história. Já Zico e Roberto
Dinamite merecem grande reconhecimento por terem feito mais de 500 gols em uma
época em que a média era ainda menor que a atual.
O que se pode questionar é que os quatro – Romário principalmente – se
beneficiaram por enfrentar muitas molezas nos campeonatos estaduais. Mas aí já
entramos no campo da subjetividade...
Entre os estrangeiros, Puskas e Eusébio ocupam merecida posição de destaque.
Quem perde muito com a atualização é o austro-tcheco Josef Bican, o segundo
maior da história em números absolutos (730 gols). Como o campeonato tcheco da
época tinha uma inacreditável média de 5,18 gols por partida, a marca
“desinflacionada” do jogador cai bastante.
E o craque da atualidade, Lionel Messi? Evidentemente, ainda tem um longo
caminho para percorrer – precisa de mais 160 gols para entrar no “top 10”
histórico. Mas, com 25 anos de idade, o argentino ainda tem tempo de sobra para
isso.