Já faz quase duas semanas que a Copa do Mundo chegou
ao fim. Uma vez que a poeira abaixou, podemos olhar para o Mundial da Rússia e
fazer um balanço do desempenho de cada uma das 32 equipes no torneio mais
importante do futebol.
Diferentemente dos textos que costumo publicar no
blog, esta é uma análise subjetiva, baseada nas expectativas antes da Copa, no
futebol apresentado e, principalmente, nos resultados dentro de campo. Não há
embasamento estatístico para as notas atribuídas às equipes.
Avaliação das equipes
França – 9
Não foi um campeão que encantou, mas com certeza foi o
melhor time da Copa do Mundo. Nos jogos mais difíceis (contra Argentina e
Bélgica), mostrou ampla gama de recursos, tanto no ataque quanto na defesa, e
venceu todas suas partidas merecidamente. Só não ganha 10 porque, com o talento
que de que dispõe, poderia ter mostrado um futebol mais ousado.
Croácia – 9
A previsão para a Croácia neste Mundial parecia
simples: se tudo desse certo, ficaria em segundo lugar em seu grupo e perderia
para a França nas oitavas-de-final. Mas os croatas fizeram uma ótima primeira
fase e, com méritos, ficaram com a liderança do grupo, à frente da Argentina.
Graças a isso (e um pouco de sorte), a Croácia pegou uma chave fácil no
mata-mata e a aproveitou ao máximo, chegando ao vice-campeonato e tornando-se a
grande surpresa da Copa do Mundo.
Bélgica – 8
Finalmente, a “Ótima Geração Belga” fez valer a sua
fama. Jogou bem, ganhou do Brasil e só caiu frente à França, time mais forte do
torneio. Pelos jogadores e futebol mostrado, a Bélgica mereceria até o
vice-campeonato, mas o fato de ter caído no lado mais difícil da chave (por não
ter feito marmelada contra a Inglaterra, na primeira fase) limitou-a à terceira
colocação.
Inglaterra – 8
Os ingleses voltam da Rússia com uma campanha muito
positiva. Mesmo com alguns bons nomes no elenco, poucos esperavam que a
Inglaterra chegasse até a semifinal. É importante ressalvar que a chave ajudou
muito e que, na realidade, o English Team não venceu nenhum adversário forte
(só derrotou Tunísia, Panamá e Suéca) – a única novidade em relação a fracassos
anteriores é que desta vez o time ganhou uma disputa de pênaltis. Mesmo assim, a
Inglaterra tem motivos para otimismo em relação ao futuro, já que o time é
jovem e o país é o atual campeão mundial sub-17 e sub-20.
Rússia – 8
Antes da Copa, muitos russos temiam um vexame. Mas não
foi o que aconteceu. A Rússia foi indiscutivelmente melhor que Arábia e Egito e
passou tranquila de fase. Melhor ainda: com muita raça, superou as limitações
técnicas para eliminar a Espanha e chegar até as quartas-de-final, quando fez
jogo duro contra a Croácia e só caiu nos pênaltis. Para quem esperava um
desastre, ficar entre os oito melhores do mundo é quase um título.
Suécia – 7
A Suécia prometia ser um coadjuvante no forte grupo F,
onde poderia, no máximo, brigar pelo segundo lugar. Mas os suecos foram além.
Mesmo sem um grande elenco, ganharam da Coreia, foram azarados ao perder para a
Alemanha e deram um baile no México. Como recompensa, ganharam um confronto de
oitavas fácil contra a Suíça e chegaram a uma improvável quarta-de-final.
Uruguai – 7
Depois de sofrer (mas vencer) contra os fracos Egito e
Arábia Saudita, o Uruguai acelerou o ritmo e conseguiu vitórias convincentes
contra Rússia e Portugal. Mas aí o time encontrou pela frente a França, ainda
por cima sem Cavani, e foi derrotado. No final, a Celeste fez seu papel:
avançou até onde poderia e ainda acabou como o sul-americano mais bem classificado
do Mundial (5º lugar).
Japão – 7
O Japão teve seu “momento México” no segundo tempo do
jogo das oitavas-de-final contra a Bélgica: fez os melhores 45 minutos de sua
história em Copas do Mundo, mas acabou derrotado por 3 a 2, num jogo que chegou
a liderar por 2 a 0. Apesar dos altos e baixos, foi uma campanha positiva para
os japoneses, que derrotaram a forte Colômbia (ajudados pela expulsão de Carlos
Sánchez no comecinho do jogo) e se tornaram o único time de fora da
Ásia/América a passar da primeira fase do Mundial.
Dinamarca – 6
A partida que decidiria o sucesso ou fracasso da
Dinamarca no Mundial era a estreia, contra o Peru – e os dinamarqueses
venceram. Depois, tropeçaram contra a Austrália, mas se beneficiaram de um jogo
de compadres com a França (o único 0 a 0 da Copa) para avançar em 2º lugar no
grupo, ou seja, dentro do previsto. Nas oitavas, chegaram até a disputa dos
pênaltis contra a Croácia, mas perderam a chance de ser a “Cinderela” da Copa
devido à péssima pontaria de seus jogadores (desperdiçaram 3 de 5 cobranças).
Irã – 6
O Irã ganha o prêmio de time mais “encardido” do
Mundial. Mesmo com pouquíssimo talento no elenco, e quase sem atacar, arrancou
uma vitória do Marrocos, vendeu caro a derrota para a Espanha e empatou
merecidamente com Portugal. Acabou eliminado, mas volta para casa com a cabeça
erguida, dada a força dos adversários que enfrentou.
México – 6
Se existe uma constante nas últimas Copas do Mundo, é
a eliminação do México nas oitavas-de-final – já é o 7º Mundial seguido em que
isso acontece. Desta vez, a “amarelada” não aconteceu no dia da eliminação, já
que o Brasil era superior em todos os aspectos, mas sim no último jogo da
primeira fase. Um empate nessa partida, contra a Suécia, colocaria os mexicanos
no lado fácil da chave, onde teriam plenas condições de ir longe. A derrota
colocou o Brasil em seu caminho e garantiu que a história se repetiria para El
Tri.
Suíça – 5
Sem empolgar, a Suíça mostrou solidez para superar a
primeira fase de maneira tranquila: achou um empate contra o Brasil na estreia,
venceu bem a Sérvia, sua principal rival na chave, e depois empatou com a já
eliminada Costa Rica. Só não pode dizer que fez uma boa Copa porque pegou um
adversário limitado nas oitavas-de-final, a Suécia, e foi derrotada sem mostrar
o menor poder de reação.
Portugal – 5
Portugal começou bem a Copa, fazendo um jogaço contra
a Espanha e arrancando um empate contra um time tecnicamente superior. Mas, daí
em diante, foi ladeira abaixo: venceu Marrocos em uma partida fraca, só empatou
contra o Irã e foi eliminado de forma merecida pelo Uruguai, time que tem nível
técnico similar. Tudo somado, a campanha ficou dentro do esperado, mesmo que
fique uma sensação de que os Tugas poderiam ter dado um passinho a mais.
Colômbia – 5
A Colômbia teve uma campanha de altos e baixos.
Começou muito mal, perdendo para o Japão. Depois, deu um baile na Polônia. Por
fim, fechou a primeira fase fazendo o mínimo para bater o Senegal e se
classificar em primeiro no grupo. Nas oitavas, decepcionou: foi dominada pela
Inglaterra em uma partida feia, em que os dois times se preocuparam mais em
enganar o juiz do que jogar bola. Acabou eliminada nos pênaltis, fechando uma participação
que não foi ruim, mas sem dúvida inferior à de 2014.
Brasil – 5
O Brasil não mostrou um futebol convincente em nenhum
momento da Copa do Mundo. E, se tivesse jogado tudo o que pode, teria condições
de vencer a Bélgica. Mas o Mundial também mostrou que, apesar do oba-oba, o
elenco do Brasil não era tudo isso que se falava, e só com um enorme golpe de
sorte a Seleção ganharia da França na semifinal. Diferentemente do que
aconteceu nas últimas Copas, desta vez o Brasil pelo menos sai do Mundial com
uma base jovem (com exceção da defesa) e, mantendo Tite no comando, tem a
chance de dar continuidade a um trabalho e evoluir até 2022. Não dá para dizer
que o saldo foi positivo, mas pelo menos foi melhor que os das três Copas
anteriores.
Coreia do Sul – 5
Em um grupo difícil, ninguém esperava nada dos
sul-coreanos. E, de fato, o time começou a Copa com derrotas para México e
Suécia. Mas, na despedida, já eliminada, a Coreia do Sul brilhou e conseguiu
uma história (e amplamente merecida) vitória sobre a Alemanha, o que deu um
viés positivo para a campanha da equipe, apesar da eliminação na primeira fase.
Senegal – 5
Se tem alguém que ficou no “quase” nesta Copa, foi o
Senegal. Começou com uma boa vitória sobre a Polônia, depois empatou com o
Japão e perdeu para a Colômbia, time inegavelmente mais forte. Resultado: foi
eliminado pelos japoneses, no discutível critério do “fair play”. Ainda assim,
foi o melhor africano do Mundial.
Nigéria – 5
A Nigéria teve alguns bons momentos, mas, em um grupo
difícil, faltou consistência para seguir adiante. No plano original, a melhor
chance que os nigerianos tinham de se classificar seria vencendo a Croácia na
estreia – jogo em que foram derrotados, de forma inapelável. Depois, ganharam
bem da Islândia e chegaram à rodada final com chances de classificação, graças
ao drama argentino. Mas aí veio nova derrota – o que não é nenhuma novidade, já
que o time também perdera os outros 4 jogos contra a Argentina em Mundiais –,
fazendo com que a Nigéria se despedisse da Rússia sem dar vexame nem
impressionar.
Marrocos – 5
Os marroquinos voltam para casa com apenas um ponto,
mas deixam a sensação de que mereciam mais. Seja pela derrota para o Irã na estreia
– em um jogo no qual foi amplamente melhor – ou pelo empate cedido para a
Espanha nos acréscimos da última partida, parece que Marrocos, com um pouco
mais de sorte, poderia até ter lutado por uma vaga nas oitavas. Mas, como o que
vale são os resultados, não dá para dizer que a campanha tenha sido boa.
Argentina – 4
A Argentina viveu um verdadeiro dramalhão na Copa do
Mundo. Sofrendo com a bagunça generalizada da Federação e comissão técnica sem
rumo e excessiva pressão da mídia, o time se abalou com o empate contra a
Islândia na estreia. Depois, entrou em parafuso quando sofreu o primeiro gol
contra a Croácia – jogo no qual a Argentina poderia ter levado uma goleada
histórica. A sorte é que a partida decisiva foi contra a Nigéria, freguês
tradicional em Mundiais. Mesmo com essa vitória, a Argentina ficou apenas em
segundo lugar, o que a colocou frente à França, logo nas oitavas. Contra os
Bleus, os argentinos não jogaram mal e acabaram eliminados num memorável 4 a 3.
O vexame foi evitado, mas as perspectivas para o futuro não são nada
animadoras.
Arábia Saudita – 4
Não se esperava muita coisa da Arábia Saudita, e sua
péssima estreia contra a Rússia confirmava as piores previsões. Depois, o time
melhorou e vendeu caro a derrota para o Uruguai. Maior surpresa foi a vitória
sobre o favorito Egito na despedida, que pelo menos permitiu aos sauditas
voltarem para casa com algo de positivo.
Islândia – 4
Na estreia, a Islândia mostrou exatamente o que se
esperava dela: muita luta e uma defesa de aço, que conseguiu arrancar um empate
da tradicionalíssima Argentina. Mas depois veio a decepção. Num jogo que
poderia vencer – e encaminhar a classificação –, perdeu para a Nigéria e depois
fechou a campanha com nova derrota, para a Croácia. Era mesmo difícil que a
Islândia passasse da primeira fase, mas, depois da boa estreia, seria possível
esperar algo a mais.
Peru – 4
O jogo que decidiria o sucesso ou fracasso da campanha
do Peru na Copa era a estreia, contra a Dinamarca. E essa partida o Peru
perdeu, selando sua sorte no Mundial. Nos jogos seguintes, a derrota para a
França e a vitória sobre a Austrália estavam dentro do previsto. A eliminação
na primeira fase não foi nenhum desastre, mas certamente ficou aquém das
expectativas peruanas.
Austrália – 4
Por um lado, pode-se dizer que a Austrália vendeu caro
a derrota para a França, na estreia, e conseguiu empatar com a Dinamarca, na
segunda rodada. Por outro, é fato que os Socceroos não mostraram na Copa nada
além de empenho e dedicação – não por acaso, seus únicos dois gols marcados
foram de pênalti. Esperava-se pouca coisa dos australianos, e foi exatamente
isso o que mostraram.
Sérvia – 4
A Sérvia até que se empolgou na estreia, ao vencer a
Costa Rica. Mas no jogo que realmente definiria a sua sorte, contra a Suíça, o
time cedeu uma virada, depois de começar bem. Com isso, precisaria de um
milagre contra o Brasil – que obviamente não veio. Foi uma campanha limitada
para um time limitado.
Costa Rica – 4
A grande pergunta que fica depois deste Mundial é:
como foi que a Costa Rica conseguiu chegar até as quartas-de-final em 2014????
Ok, os Ticos perderam só por um gol para a Sérvia, fizeram jogo duro contra o
Brasil e empataram contra a Suíça. Mas o fato é que nunca deram pinta de que
poderiam se classificar, em um grupo que nem era tão forte.
Tunísia – 4
Já se sabia que o time da Tunísia era fraco. Contra a
Inglaterra, os Leões do Atlas até que não fizeram mau papel, perdendo por
apenas um gol. Contra a Bélgica, porém, foi um passeio, e a goleada de 5 a 2 só
não foi maior porque os belgas jogaram o segundo tempo em ritmo de treino. A
honra dos tunisianos foi salva pela vitória na despedida contra o Panamá, o que
garantiu que a campanha terminasse dentro do esperado.
Panamá – 3
Ok, ninguém esperava nada do Panamá. Ok, a torcida
panamenha comemorou muito o fato de seu time ter marcado dois gols no Mundial.
Mas não dá para elogiar a campanha de uma equipe que perdeu para a Tunísia e
levou 6 a 1 da Inglaterra, terminando a Copa na última colocação.
Espanha – 3
Na cabeça dos torcedores de todo o mundo, ficará para
sempre a pergunta: o que teria acontecido se a Federação Espanhola não tivesse
demitido o técnico Julen Lopetegui às vésperas da Copa? Afinal, na estreia,
apesar de só empatar com Portugal, os jogadores da Espanha mostraram grande
potencial. Mas ficou nisso. A Fúria suou sangue para ganhar do Irã e precisou
de um gol nos acréscimos para não perder do Marrocos. Nas oitavas, nova
decepção: o time não conseguiu sair de um tedioso empate com a Rússia e acabou
eliminado nos pênaltis. Para um elenco que tinha talento para chegar até a
final, a campanha foi uma grande decepção.
Egito – 3
Antes do Mundial, não eram poucos os que acreditavam
que o Egito poderia tirar da Rússia o segundo lugar do grupo A. Não só isso não
aconteceu, como ainda os egípcios perderam para o Uruguai (conforme esperado) e
para a fraca Arábia Saudita. De candidato a classificação, o Egito acabou como
um dos únicos dois times a perder todos os jogos que fez na Copa.
Polônia – 2
Já se sabia que era um absurdo a Polônia ter sido um
dos cabeças-de-chave desta Copa – não por acaso, a Fifa decidiu rever os
critérios para elaboração de seu ranking. Mas, como o grupo era fraco,
esperava-se dos poloneses pelo menos um segundo lugar. Só que o time já se
complicou na estreia, ao perder para o Senegal, e foi eliminado com
antecedência depois de levar um baile da Colômbia. Só não foi o maior vexame da
Copa porque teve a...
Alemanha – 1
Difícil explicar o que aconteceu com os alemães nesta
Copa do Mundo. O planejamento foi bem feito, o elenco era forte em todas as
posições, titulares foram poupados da Copa das Confederações, não havia
contusões significativas... E, mesmo assim, o que se viu foi uma equipe
ineficaz no ataque, sem ideias no meio-campo e vulnerável na defesa. Foi só com
um gol aos 50 minutos do segundo tempo que os alemães evitaram a eliminação já
na segunda rodada, contra a Suécia. Bastaria “só” uma vitória contra a já
eliminada Coreia do Sul para passar de fase. O resultado: uma histórica derrota
por 2 a 0, que selou o pior resultado na história das Copas do Mundo para a
Alemanha. Depois desse vexame, o que fazer? A resposta, aqui, não é fácil de
dar.
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