terça-feira, 15 de abril de 2014

Ranking Histórico do Campeonato Paulista – 2014


Pode-se dizer que o Campeonato Paulista de 2014 foi um dos mais surpreendentes da história. Não só o Ituano foi campeão, derrotando o Santos na final e o Palmeiras na semi, como o São Paulo foi eliminado por um “pequeno” do interior (a Penapolense) e o Corinthians conseguiu a proeza de cair na primeira fase.

As zebras são simpáticas e conferem imprevisibilidade ao Paulista (algo que praticamente não existe nos outros principais Estados). Mas, por outro lado, eliminam as poucas partidas importantes e de bom nível técnico que poderiam ter acontecido no torneio – incrivelmente, o campeonato terminou sem nenhum clássico no mata-mata. Além disso, deve-se lembrar que uma zebra pode até ser explicada por um bom time montado por um “pequeno”, mas quando muitas zebras acontecem a única explicação possível é o baixo nível técnico dos times grandes.

Feita a introdução, vamos ver como ficou o Ranking Histórico do Campeonato Paulista, incluindo os resultados de 2014:

Pos
Time
Total
1
Corinthians
5.042,1
2
Palmeiras
4.569,2
3
Santos
3.949,3
4
São Paulo
3.848,7
5
Portuguesa
2.055,0
6
Paulistano
1.775,0
7
Guarani
1.045,2
8
Ponte Preta
903,9
9
Ypiranga
863,3
10
Juventus
777,7
11
São Bento (Capital)
730,0
12
Internacional (Capital)
707,8
13
Germânia
699,6
14
A.A. Palmeiras
602,4
15
Portuguesa Santista
574,1
16
Botafogo
567,0
17
São Paulo Athletic
535,0
18
Ferroviária
464,6
19
Americano
438,3
20
XV de Piracicaba
425,2
21
América (S. José R. Preto)
412,1
22
Jabaquara
381,5
23
Mackenzie
372,3
24
Ituano
356,1
25
São Caetano
341,3
26
Paulista
339,5
27
Internacional (Limeira)
322,3
28
Noroeste
318,4
29
São Paulo da Floresta
300,0
30
Comercial (Rib. Preto)
295,4
31
São Bento (Sorocaba)
288,5
32
Mogi Mirim
276,7
33
Bragantino
274,1
42
Marília
156,4
52
Linense
74,7
56
Oeste
61,5
64
Penapolense
37,5
73
Rio Claro
26,9
77
São Bernardo
24,2
78
Atlético Sorocaba
23,9
94
Audax
9,1
102
Capivariano
0,0
102
Red Bull Brasil
0,0
*São apresentados os 30 primeiros colocados, mais os times que disputaram a Série A-1 em 2014 e os promovidos para 2015.

Como era de se esperar, em vista dos resultados do campeonato, a principal mudança na tabela foi a disparada do Ituano, que saiu do 34º lugar e foi para a 24ª posição. Outro time que subiu muito foi a Penapolense, que ganhou 25 posições graças a seu surpreendente 4º lugar em 2014. Os outros times que subiram no ranking são todos nanicos: Rio Claro (ganhou 3 posições), São Bernardo (subiu 9) e Audax (ganhou 7).

Na ponta, com as fracas campanhas dos quatro “grandes”, pouca coisa mudou. Quem se saiu melhor foi o Santos, que, com os 50 pontos do vice-campeonato, abriu mais de 100 pontos sobre o São Paulo, garantindo que não perderá a 3ª posição em 2015.

Em termos de promoção e rebaixamento, mais uma vez, o Campeonato Paulista perde em tradição. Os rebaixados foram dois times de média importância histórica (Paulista e Comercial) e dois nanicos (Oeste e Atlético Sorocaba). O problema foram os promovidos. O tradicionalíssimo Guarani não conseguiu mais que o 12º lugar na Série A-2, enquanto o São Caetano, que já foi campeão paulista, escapou por um triz de cair para a Terceirona.

Assim, o time mais importante a subir foi o São Bento (31º no ranking). O Marília, 42º da lista, também não é tão insignificante, mas, assim como o time de Sorocaba, estava na Série A-3 ano passado, então não deve-se esperar muito deles. Os outros dois promovidos são estreantes: Capivariano e Red Bull Brasil. Já imaginou uma partida entre Audax (ex-Pão de Açúcar) e Red Bull? É o Paulistão-2015 que vem por aí...

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Quantas medalhas o Brasil deveria ganhar?


A pouco mais de dois anos de receber a Olimpíada, os sinais não são nada encorajadores – nem na parte de organização, nem na parte esportiva. Previsivelmente, governo e confederações mantiveram políticas míopes e de última hora, que privilegiam sempre os mesmos, e que terão como consequência um resultado decepcionante no quadro de medalhas (só haverá crescimento graças ao “fator casa”).

Mas aí vem uma questão: na verdade, quantas medalhas o Brasil “deveria” ganhar? Para um país de nosso porte, qual seria um desempenho adequado no quadro de medalhas? Se as 17 ganhas em Londres foram poucas, será que 30 seriam suficientes? Ou talvez 40? Ou 50???

Para fazer esse cálculo, primeiro precisamos encontrar uma variável econômica/geográfica que tenha uma forte correlação com o número de medalhas ganhas pelos países (uso sempre como referência o total de medalhas – e não o número de ouros – porque permite menos distorções). Pode-se imaginar três hipóteses: tamanho da população (mais gente = mais atletas de ponta), tamanho do PIB (economia maior = mais dinheiro para investir em esporte) e PIB per capita (população mais rica = mais dinheiro “sobrando” para lazer e esporte).

Primeiro, vamos comparar as populações dos 150 países com mais habitantes no mundo e seus desempenhos na Olimpíada de 2012:


*A correlação traçada é linear; ela se apresenta como uma curva porque o gráfico está apresentado em escala logarítmica.

Comparando população com medalhas, chegamos a um coeficiente de determinação (r²) de 0,209. Em termos leigos, isso significa que as duas variáveis provavelmente estão correlacionadas, mas essa relação não é forte.

Vejamos, agora, como fica a comparação entre o Produto Interno Bruto (ajustado pela paridade do poder de compra, para eliminar distorções cambiais) das 150 maiores economias do mundo e o desempenho no quadro de medalhas:


*A correlação traçada é linear; ela se apresenta como uma curva porque o gráfico está apresentado em escala logarítmica.

Aqui, o coeficiente de determinação é bem mais alto: 0,688. Para a área de ciências humanas, trata-se de um número expressivo. Ou seja, dá para afirmar que o tamanho do Produto Interno Bruto de um país influencia bastante a quantidade de medalhas que ele ganha nos Jogos Olímpicos.

Uma curiosidade: se compararmos apenas o número de medalhas de ouro com o PIB, o coeficiente de determinação fica ainda maior – chega a 0,727.

Por fim, vamos comparar o PIB per capita (tamanho do PIB dividido pelo número de habitantes) desses mesmos 150 países com seu desempenho na Olimpíada de Londres:



Desta vez, o coeficiente de determinação ficou apenas em 0,026. Isso significa que não há relação entre o PIB per capita e o desempenho nas Olimpíadas.

Levando em consideração as três comparações, dá para concluir que ser um país rico (PIB per capita), como, por exemplo, Luxemburgo, não adianta; ser muito populoso, como a Índia, ajuda, mas não é suficiente. A variável que realmente está ligada ao sucesso na Olimpíada é o PIB, que, na prática, leva em conta a riqueza e o tamanho do país ao mesmo tempo.

Voltando à pergunta original: e então, quantas medalhas o Brasil deveria ganhar na Olimpíada?

A partir da curva de regressão calculada pelo Excel, um país com um PIB do tamanho do Brasil deveria ganhar nada menos que 26 medalhas em uma Olimpíada – 9 a mais do que o Brasil levou em Londres. É um número considerável, mas factível de se alcançar em 2016 (graças ao fator casa).

Comparando-se a previsão baseada no PIB com a realidade, apenas 6 países saíram-se pior que o Brasil em 2012: Estados Unidos, China, Japão, Índia, México e Indonésia. No caso dos três primeiros, é evidente que o déficit deve-se ao fato de que, por contarem com PIBs imensos, os países acabam com “metas” de medalhas impossíveis de serem alcançadas. Já os outros três (assim como o Brasil) sem dúvida têm desempenhos esportivos incompatíveis com a importância de suas economias.

No outro lado da moeda, os países que mais superaram suas projeções foram Rússia (55 medalhas além do previsto pelo PIB!!!), Reino Unido e Austrália. Mesmo os britânicos tendo sido favorecidos por jogar em casa, seu bom resultado, assim como o de russos e australianos, pode ser creditado a investimentos altos e bem planejados na área esportiva.

Se fizermos, a título de curiosidade, a mesma projeção com base na população, o Brasil se sai ainda pior: com seus mais de 200 milhões de habitantes, o País deveria ter voltado para casa com 36 medalhas. Por outro lado, se o parâmetro fosse o PIB per capita, o Brasil não precisaria ter trazido medalha nenhuma (assim como todos os outros países com valor inferior a $ 15.800).