Estamos às vésperas dos Jogos Olímpicos de Paris e, como sempre acontece, o otimismo exagerado em relação aos atletas brasileiros já tomou conta da imprensa. Em geral, os “analistas” têm falado em um novo recorde de medalhas para o Brasil. Mas será que essa é uma expectativa realista?
Para fugir desse “oba-oba”, venho usando desde 2016 um método de previsão mais objetivo, baseado exclusivamente nos rankings mundiais de cada categoria. Embora esteja longe de ser perfeita, essa técnica pelo menos garante o distanciamento, permitindo analisar as chances dos atletas com base apenas em seus resultados – não naquilo que gostaríamos que eles conseguissem.
O método é o seguinte: em cada modalidade em que há a participação de brasileiros, foi consultado o ranking oficial mais recente. Nessa lista, sempre que possível, foram excluídos os atletas que sabidamente não estarão na Olimpíada, para então apurar a posição final dos brasileiros. Nas modalidades em que não há ranking, foram tomados como base os melhores tempos no último ano (caso da natação) ou o desempenho no último campeonato mundial (caso da ginástica artística, entre outros).
Com base nesses critérios, os brasileiros foram divididos em quatro níveis:
1º colocado = Favorito ao ouro
2º ao 4º colocado = Briga por medalhas
5º ao 8º colocado = Pode surpreender
9º colocado em diante = Sem chances realistas (por isso, não aparece na lista)
Assim, a lista dos atletas brasileiros que podem ganhar medalhas na Olimpíada de Paris é a seguinte:
Atleta |
Esporte |
Modalidade |
Situação |
Alison dos Santos |
Atletismo |
400m c/ barreiras |
Briga por medalhas |
Izabela da Silva |
Atletismo |
Arremesso disco |
Pode surpreender |
Caio Bonfim |
Atletismo |
Marcha 20km |
Briga por medalhas |
Caio Bonfim/Viviane Lyra |
Atletismo |
Revezamento Maratona Marcha |
Briga por medalhas |
Equipe |
Basquete |
Masculino |
Pode surpreender |
Jucielen Romeu |
Boxe |
57kg |
Pode surpreender |
Beatriz Ferreira |
Boxe |
60kg |
Favorito ao ouro |
Bárbara dos Santos |
Boxe |
66kg |
Briga por medalhas |
Ana Sátila |
Canoagem Slalom |
C1 |
Pode surpreender |
Isaquias Queiroz |
Canoagem Sprint |
C1 1000m |
Pode surpreender |
Equipe |
Canoagem Sprint |
C2 500m |
Pode surpreender |
Gustavo Batista de Oliveira |
Ciclismo BMX |
Freestyle Park |
Pode surpreender |
Nathalie Moellhausen |
Esgrima |
Espada |
Briga por medalhas |
Equipe |
Futebol |
Feminino |
Pode surpreender |
Arthur Nory |
Ginástica Artística |
Barra |
Pode surpreender |
Rebeca Andrade |
Ginástica Artística |
Cavalo |
Favorito ao ouro |
Equipe |
Ginástica Artística |
Geral Feminino |
Briga por medalhas |
Rebeca Andrade |
Ginástica Artística |
Geral |
Briga por medalhas |
Rebeca Andrade |
Ginástica Artística |
Solo |
Briga por medalhas |
Flávia Saraiva |
Ginástica Artística |
Solo |
Briga por medalhas |
Rebeca Andrade |
Ginástica Artística |
Trave |
Briga por medalhas |
Alice Gomes |
Ginástica de Trampolim |
Individual |
Pode surpreender |
Equipe |
Ginástica Rítmica |
Geral Feminino |
Pode surpreender |
Equipe |
Hipismo |
Saltos |
Pode surpreender |
Beatriz Souza |
Judô |
+78kg |
Pode surpreender |
Rafaela Silva |
Judô |
57kg |
Briga por medalhas |
Willian Lima |
Judô |
66kg |
Pode surpreender |
Daniel Cargnin |
Judô |
73kg |
Pode surpreender |
Guilherme Schimidt |
Judô |
81kg |
Briga por medalhas |
Laura Amaro |
Levantamento de Peso |
81kg |
Pode surpreender |
Ana Marcela Cunha |
Maratona Aquática |
Briga por medalhas |
|
Equipe |
Natação |
4x100m livre feminino |
Pode surpreender |
Equipe |
Natação |
4x200m livre feminino |
Briga por medalhas |
Augusto Akio |
Skate |
Park |
Pode surpreender |
Raicca Ventura |
Skate |
Park |
Pode surpreender |
Luigi Cini |
Skate |
Park |
Pode surpreender |
Pedro Barros |
Skate |
Park |
Pode surpreender |
Rayssa Leal |
Skate |
Street |
Briga por medalhas |
Gabriel Medina |
Surfe |
Pode surpreender |
|
Tatiana Weston-Webb |
Surfe |
Pode surpreender |
|
Luana Silva |
Surfe |
Pode surpreender |
|
Maria Clara Pacheco |
Taekwondo |
57kg |
Pode surpreender |
Luisa Stefani/Bia Haddad |
Tênis |
Duplas |
Pode surpreender |
Hugo Calderano |
Tênis de Mesa |
Simples |
Briga por medalhas |
Marcus d'Almeida |
Tiro com Arco |
Simples |
Favorito ao ouro |
Martine Grael/Kahena Kunze |
Vela |
49erFX |
Pode surpreender |
Bruno Lobo |
Vela |
Fórmula Kite |
Pode surpreender |
Equipe |
Vôlei |
Feminino |
Briga por medalhas |
Equipe |
Vôlei |
Masculino |
Pode surpreender |
Ana Patrícia/Duda |
Vôlei de Praia |
Favorito ao ouro |
|
George/André |
Vôlei de Praia |
Briga por medalhas |
|
Carol/Bárbara |
Vôlei de Praia |
Pode surpreender |
|
Evandro/Arthur |
Vôlei de Praia |
Pode surpreender |
Tomando o ranking ao pé da letra, o Brasil deve ganhar 4 medalhas de ouro, 6 de prata e 8 de bronze, número um pouco inferior ao da última Olimpíada (7-6-8).
Mas essa previsão funciona? No geral, sim. Em Tóquio, foi previsto que o Brasil ganharia 19 medalhas [http://futrankings.blogspot.com/2021/07/medalhas-brasil-olimpiada-toquio.html], e no final ficou com 21. Assim, a expectativa realista é que o Brasil fique muito próximo do número de medalhas alcançado na última Olimpíada.
Independentemente de recordes, é interessante constatar como o País se consolidou como um participante relevante dos Jogos Olímpicos. Há 53 modalidades, em 20 esportes diferentes, nas quais os brasileiros participarão em alto nível (ou seja, com expectativa de ficar entre os oito primeiros) – e isso já vem acontecendo há algumas Olimpíadas. Se não é realista imaginar o Brasil como uma verdadeira “potência olímpica”, o País parece ter se firmado no “segundo escalão”, o que não deixa de ser uma conquista importante.