domingo, 22 de agosto de 2021

E se... O quadro de medalhas da Olimpíada fosse por esportes?

A Jamaica terminou a Olimpíada em 21º no quadro de medalhas, à frente de países como Espanha, Suíça e Bélgica. É uma boa posição para um país tão pequeno, mas que expõe uma distorção grave da lista que é divulgada pelo mundo todo. Diferentemente dos outros países mencionados, que se saem bem em diversos esportes, a Jamaica só é forte em corridas de curta distância. A sorte da Jamaica é que esse tipo específico de prova distribui DEZ medalhas de ouro, das quais os jamaicanos ganharam quatro (mais uma prata e quatro bronzes) em Tóquio.

Outra distorção: em 2008, Michael Phelps ganhou sozinho, na natação, oito medalhas de ouro, o que seria suficiente para colocá-lo em 11º no quadro de medalhas da Olimpíada atual. Por outro lado, um país forte no futebol, por exemplo, precisa de 23 atletas para ganhar apenas uma medalha.

Por esses motivos, proponha aqui um quadro alternativo. Em vez de computar três medalhas por modalidade esportiva, como se faz tradicionalmente, contamos três medalhas por esporte. Para isso, somam-se os vencedores de medalhas de ouro em cada esporte (seguindo a divisão do site oficial da Olimpíada) e atribui-se o ouro para o país que ficou em primeiro, a prata para o segundo e o bronze para o terceiro.

De acordo com esse critério, o quadro de medalhas da Olimpíada de Tóquio 2020 seria o seguinte:

Pos

País

Ouro

Prata

Bronze

Total

1

Estados Unidos

9

2

4

15

2

Reino Unido

6

4

2

12

3

China

6

1

1

8

4

Rússia

5

4

6

15

5

Japão

5

2

3

10

6

Brasil

3

0

2

5

7

França

2

3

1

6

8

Holanda

2

2

3

7

9

Alemanha

2

1

1

4

9

Nova Zelândia

2

1

1

4

11

Espanha

1

1

3

5

12

Eslovênia

1

1

0

2

12

Noruega

1

1

0

2

12

Rep. Tcheca

1

1

0

2

12

Sérvia

1

1

0

2

16

Canadá

1

0

1

2

16

Coreia do Sul

1

0

1

2

16

Hungria

1

0

1

2

19

Bulgária

1

0

0

1

19

Bélgica

1

0

0

1

19

Cuba

1

0

0

1

19

Israel

1

0

0

1

19

Letônia

1

0

0

1

19

Suíça

1

0

0

1

25

Austrália

0

5

3

8

26

Croácia

0

2

0

2

27

Dinamarca

0

1

1

2

27

Egito

0

1

1

2

27

Equador

0

1

1

2

27

Itália

0

1

1

2

27

Taiwan

0

1

1

2

32

Bermuda

0

1

0

1

32

Bielorrússia

0

1

0

1

32

Eslováquia

0

1

0

1

32

Fiji

0

1

0

1

32

Lituânia

0

1

0

1

32

Turquia

0

1

0

1

38

Suécia

0

0

2

2

39

Argentina

0

0

1

1

39

Áustria

0

0

1

1

39

Colômbia

0

0

1

1

39

Geórgia

0

0

1

1

39

Grécia

0

0

1

1

39

Indonésia

0

0

1

1

39

Kosovo

0

0

1

1

39

Quênia

0

0

1

1

39

Rep. Dominicana

0

0

1

1

39

Ucrânia

0

0

1

1

39

Venezuela

0

0

1

1

 

Neste novo critério, o grande beneficiado é o Brasil, que subiria para o 6º lugar. O País ganharia ouro no surfe, maratona aquática e futebol, e medalhas de bronze no skate e no vôlei de praia. Assim, o Brasil só fica atrás das grandes potências olímpicas (EUA, Reino Unido, China, Rússia e Japão) e aparece em pé de igualdade com nações importantes do segundo escalão, como França, Holanda e Alemanha. Na minha opinião, esse resultado reflete melhor a importância que os brasileiros tiveram nos Jogos - nosso País é um dos grandes prejudicados por ser forte em esportes que distribuem poucas medalhas.

Note-se que, neste quadro, a Jamaica nem aparece (as medalhas do atletismo foram para EUA, Itália e Quênia), e a “Michael-Phelps-lândia” ficaria apenas em 32º, com uma prata na natação. Ou seja, duas grandes distorções foram corrigidas.

Por outro lado, não dá para negar que há um injustiçado: a Austrália, país que é sem dúvida uma potência olímpica, mas que aqui aparece só em 25º, só porque deu azar de não ficar em primeiro em nenhum esporte. Por isso, também é importante verificar o total de “medalhas” no quadro: por esse critério, a Austrália ficaria em quinto lugar, junto com a China, e o Brasil cairia para nono.

Tudo isso serve para mostrar como a obsessão da imprensa com o número de medalhas é exagerada. O sucesso de um país nas Olimpíadas pode (ou melhor, deve) ser medido a partir de diferentes perspectivas, levando em conta quais seus reais objetivos na área do esporte. Com certeza, seria muito legal ter uma classificação absoluta e objetiva para dizer quem “ganhou” uma Olimpíada e em que posição o Brasil ficou. Mas, infelizmente, o quadro de medalhas não é um bom indicador para isso.