sexta-feira, 27 de julho de 2018

Copa do Mundo 2018: desempenho das equipes



Já faz quase duas semanas que a Copa do Mundo chegou ao fim. Uma vez que a poeira abaixou, podemos olhar para o Mundial da Rússia e fazer um balanço do desempenho de cada uma das 32 equipes no torneio mais importante do futebol.

Diferentemente dos textos que costumo publicar no blog, esta é uma análise subjetiva, baseada nas expectativas antes da Copa, no futebol apresentado e, principalmente, nos resultados dentro de campo. Não há embasamento estatístico para as notas atribuídas às equipes.

Avaliação das equipes


França – 9
Não foi um campeão que encantou, mas com certeza foi o melhor time da Copa do Mundo. Nos jogos mais difíceis (contra Argentina e Bélgica), mostrou ampla gama de recursos, tanto no ataque quanto na defesa, e venceu todas suas partidas merecidamente. Só não ganha 10 porque, com o talento que de que dispõe, poderia ter mostrado um futebol mais ousado.

Croácia – 9
A previsão para a Croácia neste Mundial parecia simples: se tudo desse certo, ficaria em segundo lugar em seu grupo e perderia para a França nas oitavas-de-final. Mas os croatas fizeram uma ótima primeira fase e, com méritos, ficaram com a liderança do grupo, à frente da Argentina. Graças a isso (e um pouco de sorte), a Croácia pegou uma chave fácil no mata-mata e a aproveitou ao máximo, chegando ao vice-campeonato e tornando-se a grande surpresa da Copa do Mundo.

Bélgica – 8
Finalmente, a “Ótima Geração Belga” fez valer a sua fama. Jogou bem, ganhou do Brasil e só caiu frente à França, time mais forte do torneio. Pelos jogadores e futebol mostrado, a Bélgica mereceria até o vice-campeonato, mas o fato de ter caído no lado mais difícil da chave (por não ter feito marmelada contra a Inglaterra, na primeira fase) limitou-a à terceira colocação.

Inglaterra – 8
Os ingleses voltam da Rússia com uma campanha muito positiva. Mesmo com alguns bons nomes no elenco, poucos esperavam que a Inglaterra chegasse até a semifinal. É importante ressalvar que a chave ajudou muito e que, na realidade, o English Team não venceu nenhum adversário forte (só derrotou Tunísia, Panamá e Suéca) – a única novidade em relação a fracassos anteriores é que desta vez o time ganhou uma disputa de pênaltis. Mesmo assim, a Inglaterra tem motivos para otimismo em relação ao futuro, já que o time é jovem e o país é o atual campeão mundial sub-17 e sub-20.

Rússia – 8
Antes da Copa, muitos russos temiam um vexame. Mas não foi o que aconteceu. A Rússia foi indiscutivelmente melhor que Arábia e Egito e passou tranquila de fase. Melhor ainda: com muita raça, superou as limitações técnicas para eliminar a Espanha e chegar até as quartas-de-final, quando fez jogo duro contra a Croácia e só caiu nos pênaltis. Para quem esperava um desastre, ficar entre os oito melhores do mundo é quase um título.

Suécia – 7
A Suécia prometia ser um coadjuvante no forte grupo F, onde poderia, no máximo, brigar pelo segundo lugar. Mas os suecos foram além. Mesmo sem um grande elenco, ganharam da Coreia, foram azarados ao perder para a Alemanha e deram um baile no México. Como recompensa, ganharam um confronto de oitavas fácil contra a Suíça e chegaram a uma improvável quarta-de-final.

Uruguai – 7
Depois de sofrer (mas vencer) contra os fracos Egito e Arábia Saudita, o Uruguai acelerou o ritmo e conseguiu vitórias convincentes contra Rússia e Portugal. Mas aí o time encontrou pela frente a França, ainda por cima sem Cavani, e foi derrotado. No final, a Celeste fez seu papel: avançou até onde poderia e ainda acabou como o sul-americano mais bem classificado do Mundial (5º lugar).

Japão – 7
O Japão teve seu “momento México” no segundo tempo do jogo das oitavas-de-final contra a Bélgica: fez os melhores 45 minutos de sua história em Copas do Mundo, mas acabou derrotado por 3 a 2, num jogo que chegou a liderar por 2 a 0. Apesar dos altos e baixos, foi uma campanha positiva para os japoneses, que derrotaram a forte Colômbia (ajudados pela expulsão de Carlos Sánchez no comecinho do jogo) e se tornaram o único time de fora da Ásia/América a passar da primeira fase do Mundial.

Dinamarca – 6
A partida que decidiria o sucesso ou fracasso da Dinamarca no Mundial era a estreia, contra o Peru – e os dinamarqueses venceram. Depois, tropeçaram contra a Austrália, mas se beneficiaram de um jogo de compadres com a França (o único 0 a 0 da Copa) para avançar em 2º lugar no grupo, ou seja, dentro do previsto. Nas oitavas, chegaram até a disputa dos pênaltis contra a Croácia, mas perderam a chance de ser a “Cinderela” da Copa devido à péssima pontaria de seus jogadores (desperdiçaram 3 de 5 cobranças).

Irã – 6
O Irã ganha o prêmio de time mais “encardido” do Mundial. Mesmo com pouquíssimo talento no elenco, e quase sem atacar, arrancou uma vitória do Marrocos, vendeu caro a derrota para a Espanha e empatou merecidamente com Portugal. Acabou eliminado, mas volta para casa com a cabeça erguida, dada a força dos adversários que enfrentou.

México – 6
Se existe uma constante nas últimas Copas do Mundo, é a eliminação do México nas oitavas-de-final – já é o 7º Mundial seguido em que isso acontece. Desta vez, a “amarelada” não aconteceu no dia da eliminação, já que o Brasil era superior em todos os aspectos, mas sim no último jogo da primeira fase. Um empate nessa partida, contra a Suécia, colocaria os mexicanos no lado fácil da chave, onde teriam plenas condições de ir longe. A derrota colocou o Brasil em seu caminho e garantiu que a história se repetiria para El Tri.

Suíça – 5
Sem empolgar, a Suíça mostrou solidez para superar a primeira fase de maneira tranquila: achou um empate contra o Brasil na estreia, venceu bem a Sérvia, sua principal rival na chave, e depois empatou com a já eliminada Costa Rica. Só não pode dizer que fez uma boa Copa porque pegou um adversário limitado nas oitavas-de-final, a Suécia, e foi derrotada sem mostrar o menor poder de reação.

Portugal – 5
Portugal começou bem a Copa, fazendo um jogaço contra a Espanha e arrancando um empate contra um time tecnicamente superior. Mas, daí em diante, foi ladeira abaixo: venceu Marrocos em uma partida fraca, só empatou contra o Irã e foi eliminado de forma merecida pelo Uruguai, time que tem nível técnico similar. Tudo somado, a campanha ficou dentro do esperado, mesmo que fique uma sensação de que os Tugas poderiam ter dado um passinho a mais.

Colômbia – 5
A Colômbia teve uma campanha de altos e baixos. Começou muito mal, perdendo para o Japão. Depois, deu um baile na Polônia. Por fim, fechou a primeira fase fazendo o mínimo para bater o Senegal e se classificar em primeiro no grupo. Nas oitavas, decepcionou: foi dominada pela Inglaterra em uma partida feia, em que os dois times se preocuparam mais em enganar o juiz do que jogar bola. Acabou eliminada nos pênaltis, fechando uma participação que não foi ruim, mas sem dúvida inferior à de 2014.

Brasil – 5
O Brasil não mostrou um futebol convincente em nenhum momento da Copa do Mundo. E, se tivesse jogado tudo o que pode, teria condições de vencer a Bélgica. Mas o Mundial também mostrou que, apesar do oba-oba, o elenco do Brasil não era tudo isso que se falava, e só com um enorme golpe de sorte a Seleção ganharia da França na semifinal. Diferentemente do que aconteceu nas últimas Copas, desta vez o Brasil pelo menos sai do Mundial com uma base jovem (com exceção da defesa) e, mantendo Tite no comando, tem a chance de dar continuidade a um trabalho e evoluir até 2022. Não dá para dizer que o saldo foi positivo, mas pelo menos foi melhor que os das três Copas anteriores.

Coreia do Sul – 5
Em um grupo difícil, ninguém esperava nada dos sul-coreanos. E, de fato, o time começou a Copa com derrotas para México e Suécia. Mas, na despedida, já eliminada, a Coreia do Sul brilhou e conseguiu uma história (e amplamente merecida) vitória sobre a Alemanha, o que deu um viés positivo para a campanha da equipe, apesar da eliminação na primeira fase.

Senegal – 5
Se tem alguém que ficou no “quase” nesta Copa, foi o Senegal. Começou com uma boa vitória sobre a Polônia, depois empatou com o Japão e perdeu para a Colômbia, time inegavelmente mais forte. Resultado: foi eliminado pelos japoneses, no discutível critério do “fair play”. Ainda assim, foi o melhor africano do Mundial.

Nigéria – 5
A Nigéria teve alguns bons momentos, mas, em um grupo difícil, faltou consistência para seguir adiante. No plano original, a melhor chance que os nigerianos tinham de se classificar seria vencendo a Croácia na estreia – jogo em que foram derrotados, de forma inapelável. Depois, ganharam bem da Islândia e chegaram à rodada final com chances de classificação, graças ao drama argentino. Mas aí veio nova derrota – o que não é nenhuma novidade, já que o time também perdera os outros 4 jogos contra a Argentina em Mundiais –, fazendo com que a Nigéria se despedisse da Rússia sem dar vexame nem impressionar.

Marrocos – 5
Os marroquinos voltam para casa com apenas um ponto, mas deixam a sensação de que mereciam mais. Seja pela derrota para o Irã na estreia – em um jogo no qual foi amplamente melhor – ou pelo empate cedido para a Espanha nos acréscimos da última partida, parece que Marrocos, com um pouco mais de sorte, poderia até ter lutado por uma vaga nas oitavas. Mas, como o que vale são os resultados, não dá para dizer que a campanha tenha sido boa.

Argentina – 4
A Argentina viveu um verdadeiro dramalhão na Copa do Mundo. Sofrendo com a bagunça generalizada da Federação e comissão técnica sem rumo e excessiva pressão da mídia, o time se abalou com o empate contra a Islândia na estreia. Depois, entrou em parafuso quando sofreu o primeiro gol contra a Croácia – jogo no qual a Argentina poderia ter levado uma goleada histórica. A sorte é que a partida decisiva foi contra a Nigéria, freguês tradicional em Mundiais. Mesmo com essa vitória, a Argentina ficou apenas em segundo lugar, o que a colocou frente à França, logo nas oitavas. Contra os Bleus, os argentinos não jogaram mal e acabaram eliminados num memorável 4 a 3. O vexame foi evitado, mas as perspectivas para o futuro não são nada animadoras.

Arábia Saudita – 4
Não se esperava muita coisa da Arábia Saudita, e sua péssima estreia contra a Rússia confirmava as piores previsões. Depois, o time melhorou e vendeu caro a derrota para o Uruguai. Maior surpresa foi a vitória sobre o favorito Egito na despedida, que pelo menos permitiu aos sauditas voltarem para casa com algo de positivo.

Islândia – 4
Na estreia, a Islândia mostrou exatamente o que se esperava dela: muita luta e uma defesa de aço, que conseguiu arrancar um empate da tradicionalíssima Argentina. Mas depois veio a decepção. Num jogo que poderia vencer – e encaminhar a classificação –, perdeu para a Nigéria e depois fechou a campanha com nova derrota, para a Croácia. Era mesmo difícil que a Islândia passasse da primeira fase, mas, depois da boa estreia, seria possível esperar algo a mais.

Peru – 4
O jogo que decidiria o sucesso ou fracasso da campanha do Peru na Copa era a estreia, contra a Dinamarca. E essa partida o Peru perdeu, selando sua sorte no Mundial. Nos jogos seguintes, a derrota para a França e a vitória sobre a Austrália estavam dentro do previsto. A eliminação na primeira fase não foi nenhum desastre, mas certamente ficou aquém das expectativas peruanas.

Austrália – 4
Por um lado, pode-se dizer que a Austrália vendeu caro a derrota para a França, na estreia, e conseguiu empatar com a Dinamarca, na segunda rodada. Por outro, é fato que os Socceroos não mostraram na Copa nada além de empenho e dedicação – não por acaso, seus únicos dois gols marcados foram de pênalti. Esperava-se pouca coisa dos australianos, e foi exatamente isso o que mostraram.

Sérvia – 4
A Sérvia até que se empolgou na estreia, ao vencer a Costa Rica. Mas no jogo que realmente definiria a sua sorte, contra a Suíça, o time cedeu uma virada, depois de começar bem. Com isso, precisaria de um milagre contra o Brasil – que obviamente não veio. Foi uma campanha limitada para um time limitado.

Costa Rica – 4
A grande pergunta que fica depois deste Mundial é: como foi que a Costa Rica conseguiu chegar até as quartas-de-final em 2014???? Ok, os Ticos perderam só por um gol para a Sérvia, fizeram jogo duro contra o Brasil e empataram contra a Suíça. Mas o fato é que nunca deram pinta de que poderiam se classificar, em um grupo que nem era tão forte.

Tunísia – 4
Já se sabia que o time da Tunísia era fraco. Contra a Inglaterra, os Leões do Atlas até que não fizeram mau papel, perdendo por apenas um gol. Contra a Bélgica, porém, foi um passeio, e a goleada de 5 a 2 só não foi maior porque os belgas jogaram o segundo tempo em ritmo de treino. A honra dos tunisianos foi salva pela vitória na despedida contra o Panamá, o que garantiu que a campanha terminasse dentro do esperado.

Panamá – 3
Ok, ninguém esperava nada do Panamá. Ok, a torcida panamenha comemorou muito o fato de seu time ter marcado dois gols no Mundial. Mas não dá para elogiar a campanha de uma equipe que perdeu para a Tunísia e levou 6 a 1 da Inglaterra, terminando a Copa na última colocação.

Espanha – 3
Na cabeça dos torcedores de todo o mundo, ficará para sempre a pergunta: o que teria acontecido se a Federação Espanhola não tivesse demitido o técnico Julen Lopetegui às vésperas da Copa? Afinal, na estreia, apesar de só empatar com Portugal, os jogadores da Espanha mostraram grande potencial. Mas ficou nisso. A Fúria suou sangue para ganhar do Irã e precisou de um gol nos acréscimos para não perder do Marrocos. Nas oitavas, nova decepção: o time não conseguiu sair de um tedioso empate com a Rússia e acabou eliminado nos pênaltis. Para um elenco que tinha talento para chegar até a final, a campanha foi uma grande decepção.

Egito – 3
Antes do Mundial, não eram poucos os que acreditavam que o Egito poderia tirar da Rússia o segundo lugar do grupo A. Não só isso não aconteceu, como ainda os egípcios perderam para o Uruguai (conforme esperado) e para a fraca Arábia Saudita. De candidato a classificação, o Egito acabou como um dos únicos dois times a perder todos os jogos que fez na Copa.

Polônia – 2
Já se sabia que era um absurdo a Polônia ter sido um dos cabeças-de-chave desta Copa – não por acaso, a Fifa decidiu rever os critérios para elaboração de seu ranking. Mas, como o grupo era fraco, esperava-se dos poloneses pelo menos um segundo lugar. Só que o time já se complicou na estreia, ao perder para o Senegal, e foi eliminado com antecedência depois de levar um baile da Colômbia. Só não foi o maior vexame da Copa porque teve a...

Alemanha – 1
Difícil explicar o que aconteceu com os alemães nesta Copa do Mundo. O planejamento foi bem feito, o elenco era forte em todas as posições, titulares foram poupados da Copa das Confederações, não havia contusões significativas... E, mesmo assim, o que se viu foi uma equipe ineficaz no ataque, sem ideias no meio-campo e vulnerável na defesa. Foi só com um gol aos 50 minutos do segundo tempo que os alemães evitaram a eliminação já na segunda rodada, contra a Suécia. Bastaria “só” uma vitória contra a já eliminada Coreia do Sul para passar de fase. O resultado: uma histórica derrota por 2 a 0, que selou o pior resultado na história das Copas do Mundo para a Alemanha. Depois desse vexame, o que fazer? A resposta, aqui, não é fácil de dar.