quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Times que virão ao Brasil em 2014 são (quase) os mesmos de 2010

As eliminatórias para a Copa de 2014 não trouxeram grandes surpresas, em termos de classificados. Como mostrado no texto anterior, houve só um estreante, e nenhuma das “grandes” seleções mundiais ficou de fora. Mais: apesar de algumas zebras em partidas isoladas, o fato é que a lista de classificados não ficou muito longe da previsão mais óbvia – ou seja, apostar exatamente nos mesmos times que disputaram o Mundial da África do Sul.

Das 32 equipes que estarão na próxima Copa, apenas 8 não jogaram na África do Sul: Bélgica, Rússia, Bósnia, Croácia, Colômbia, Equador, Irã e Costa Rica (inversamente, as 8 de 2010 que não virão ao Brasil são África do Sul, Coreia do Norte, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Nova Zelândia, Paraguai e Sérvia).

Essa “renovação” de apenas 25% em relação ao Mundial anterior é a segunda menor da história, superando apenas a Copa de 1966. Veja no gráfico:


Curiosamente, o Mundial que teve maior diferença em relação ao anterior foi o outro disputado no Brasil, o de 1950, quando 9 dos 13 participantes (69%) não estiveram na Copa anterior. Claro que essa alta porcentagem foi muito influenciada pelo hiato de 12 anos entre esse torneio e o anterior e pela maneira apressada como o Mundial de 1950 foi organizado.

Olhando para os torneios recentes, fica claro como foi baixo o número de mudanças de participantes para a próxima Copa. Desde que o Mundial passou a ter 32 equipes, a média de “renovação” estava em 13 seleções (foram 14 em 1998, 12 em 2002 e em 2006, e 13 em 2010) e caiu para 8 em 2014.

Quando se analisa o número de estreantes, é natural que a quantidade diminua a cada Mundial (afinal de contas, cada vez há menos países para estrear). Mas quando a comparação é feita apenas com a Copa anterior, não haveria motivo para queda. Será que estamos diante de uma nova tendência, ou foi apenas uma flutuação aleatória? As próximas Copas dirão.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O estreante da Copa de 2014


Em julho de 2011, publiquei um texto em que indicava as 10 seleções quetinham mais chances de estrearem em Copas do Mundo em 2014. Com as eliminatórias encerradas, vale a pena revisitar essa lista.

Pela segunda vez seguida, a Copa do Mundo terá apenas 1 estreante. E, assim como em 2010, será uma equipe do Leste Europeu: a Bósnia-Herzegovina. Não se trata de uma grande surpresa. Com um time em ascensão e um grupo fraco nas eliminatórias, o país já aparecia como 2º favorito a fazer sua estreia em 2014.

O 1º favorito da lista era a Burkina Fasso, que realmente passou muito perto de se classificar para a Copa do Mundo – foi eliminada na fase final africana pela Argélia, na regra dos gols fora de casa. Uzbequistão, Jordânia e Panamá eram outros possíveis estreantes que também chegaram bem perto da classificação.

De acordo com os resultados das eliminatórias, qual seria, então, a lista “perfeita” dos 10 estreantes para 2014, considerando as equipes que chegaram mais perto da classificação? Só para matar a curiosidade, aí vai:

1) Bósnia-Herzegovina: será o único estreante na Copa de 2014.

2) Burkina Fasso: perdeu na última fase das eliminatórias, pela regra dos gols fora de casa.

3) Islândia: eliminada na repescagem europeia, com 2 gols a menos que a Croácia.

4) Etiópia: caiu na última fase das eliminatórias, perdendo por 3 gols para a Nigéria.

5) Jordânia: chegou até a repescagem intercontinental, quando foi goleada pelo Uruguai.

6) Uzbequistão: chegou até a repescagem asiática, mas perdeu para a Jordânia.

7) Cabo Verde: classificou-se para a fase final das eliminatórias africanas, mas foi substituído pela Tunísia no tapetão.

8) Congo: ficou a 1 ponto de conseguir uma vaga na fase final africana.

9) Panamá: acabou o hexagonal decisivo a 3 pontos do México, time que ficou com a vaga da Concacaf na repescagem intercontinental.

10) Zâmbia: esteve a 4 pontos de passar para a fase final das eliminatórias africanas (Líbia e Uganda ficaram à mesma distância do líder, mas a Zâmbia foi escolhida por ter feito campanha melhor).

Comparando essa lista com a publicada em 2011, foram 5 acertos. Nada mal, dada a dificuldade de acertar esse tipo de previsão. Vale uma menção honrosa para o leitor Vinicius, que já naquela época cravou que a Bósnia seria a única estreante na Copa de 2014 (e ainda acertou sobre o desempenho de Uzbequistão, Burkina, Panamá e Venezuela). Parabéns!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Países onde é mais difícil ficar na primeira divisão


Quem lê este blog com frequência deve ter notado que tenho uma postura bastante crítica quanto ao nível técnico do Campeonato Brasileiro. Trata-se de um torneio bastante equilibrado e imprevisível, mas que há muito tempo deixou de ser um dos melhores do mundo em termos de qualidade das equipes.

No entanto, a atual edição do Brasileirão vem repetindo uma qualidade positiva do campeonato: a alta “exigência” para um time não ser rebaixado. Ok, isso não compensa a baixa qualidade técnica, mas pelo menos mantém interessante a disputa para os times pequenos e evita que equipes muito fracas permaneçam na elite com uma curta série de bons resultados.

Considerando o número de pontos do melhor time rebaixado e fazendo a média das últimas 5 temporadas, veja quantos pontos é preciso para uma equipe não ser rebaixada nos principais campeonatos do mundo:

Pos
País
Pontos
(em 38 jogos)
1
Argentina
44,7
2
Brasil (Série B)
43,6
3
Brasil (Série A)
42,7
4
Espanha
38,2
5
Japão
37,9
6
França
35,7
7
Inglaterra
35,1
8
Alemanha
33,9
9
Itália
33,5
10
Portugal
30,2
11
Escócia
27,7
12
Holanda
26,7
*Média de todos os campeonatos foi ajustada para um torneio com 38 rodadas.
**Para estabelecer o “último rebaixado” foi considerada a regra atual de rebaixamento em cada país, mesmo em anos em que o regulamento era diferente.

Nota-se que o Brasileirão só fica atrás do Campeonato Argentino e da Série B, em termos de números de pontos necessários para não cair. A dificuldade do campeonato nacional se dá por dois motivos: o equilíbrio inegável do torneio, que permite aos pequenos “roubar” mais pontos dos grandes, e o fato de serem 4 equipes rebaixadas, número maior que em todos os outros campeonatos pesquisados.

Na Segundona do Brasil, onde a dificuldade é ainda maior, estão presentes os mesmos fatores da Série A – e com equilíbrio ainda maior entre as equipes. O líder da lista é o Campeonato Argentino, onde o número de pontos para não cair é inflado pela regra que calcula o rebaixamento com base nas últimas 3 temporadas. Ao mesmo tempo em que costuma proteger os times grandes (que carregam por 3 anos pontos de uma boa temporada), a regra dificulta a vida dos recém-promovidos, que enfrentam uma barreira de entrada artificialmente alta.

Na outra ponta da lista aparecem três campeonatos notoriamente desequilibrados: Portugal, Escócia e Holanda. Mas, mais que a diferença técnica entre as equipes, o que explica a moleza para permanecer na elite é o baixo número de rebaixados – são só 2 em Portugal e na Holada, e 1 única equipe entre as 12 que disputam o Escocês.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ranking de títulos do futebol argentino


Já que estamos falando do futebol argentino, é hora de apresentar outra lista: o Ranking de Títulos do país.

Esta lista é parecida com o desempenho dos argentinos no ranking de títulosda América do Sul. Há, porém, duas diferenças importantes. Na lista argentina, a diferença de importância entre os títulos domésticos e os internacionais é menor. Além disso, foram incluídos alguns títulos de menor importância, que não cabia considerar no ranking que considera toda a Conmebol.

Para montar esta lista, foram considerados os seguintes títulos:

Leg.
Título
Pontos
A
Campeonato Argentino
25
B
Copa Argentina
15
C
Copa Carlos Ibaguren
1
D
Copa Libertadores
35
E
Copa Intercontinental / Mundial de Clubes
30
F
Supercopa / Copa Mercosul /
Copa Sul-Americana / Copa Conmebol

15
G
Recopa Sul-Americana
2
H
Cup Tie / Honor Cup / Copa Ricardo Aldao
2

E, assim, eis o Ranking de Títulos do Futebol Argentino:

Pos
Time
A
B
C
D
E
F
G
H
Pontos
1
Boca Juniors
30
2
5
6
3
3
4
2
1.142
2
River Plate
34

4
2
1
1

6
981
3
Independiente
16

2
7
2
3
1
2
758
4
Racing
16

5
1
1
1

3
491
5
San Lorenzo
13




2

2
359
6
Estudiantes
6


4
1



320
7
Vélez Sarsfield
9


1
1
1
1

307
8
Alumni
10






7
264
9
Huracán
5

2





127
10
Newell's Old Boys
5

1





126
11
Lomas Athletic
5







125
12
Rosario Central
4

1


1


116
13
Argentinos Juniors
3


1




110
14
Belgrano Athletic
3






2
79
15
Arsenal
1
1



1


55
16
Estudiantil Porteño
2







50
16
Ferro Carril Oeste
2







50
16
Porteño
2







50
16
Quilmes
2







50
20
Lanús
1




1


40
21
Banfield
1







25
21
Barracas
1







25
21
Chacarita Juniors
1







25
21
Dock Sud
1







25
21
Gimnasia La Plata
1







25
21
Lomas Academicals
1







25
27
Talleres Córdoba





1


15
28
Rosario Athletic







3
6
29
San Isidro







1
2
30
Liga Cordobesa


1





1
30
Liga Mendocina


1





1
30
Liga Santiago


1





1
30
Tiro Federal


1





1
34
Godoy Cruz








0
34
Atlético Rafaela








0
34
Belgrano (Córdoba)








0
34
Tigre








0
34
All Boys








0
34
Olimpo








0
34
Colón








0

Neste ranking de títulos, que leva em conta todos os torneios, o Boca Juniors é o líder, com considerável vantagem sobre o River Plate – situação inversa do Ranking Histórico do Campeonato Argentino, em que os Millonarios ocupam a primeira posição com folga.

Depois dos dois “gigantes”, aparecem os outros três “grandes” do futebol argentino – Independiente, Racing e San Lorenzo –, seguidos pelos dois “quase grandes”, ou seja, Estudiantes e Vélez. Ambos os rankings apresentam essa mesma relação de forças, apenas com variação de posições dentro dos grupos.

Em seguida, aparecem com mais destaque times bem-sucedidos na época do amadorismo que depois sumiram, casos de Alumni, Lomas Athletic e Belgrano Athletic. Excluindo esses, os clubes mais bem colocados são os mesmos do outro ranking: Huracán, Newell’s e Rosario Central.