segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Os reis do ioiô


Mais um Campeonato Brasileiro vai chegando ao fim, e mais uma vez encontramos Coritiba e Vitória correndo risco de rebaixamento. Por que destaco essas duas equipes, em um ano no qual Botafogo e Palmeiras podem voltar a cair juntos? Porque o Coxa e o Leão têm chances de trocar de divisão pela 5ª vez em 10 temporadas, colocando-os como dois dos principais “clubes ioiô” do futebol brasileiro.

Esse termo, “clube ioiô”, é usado para designar equipes que alternam com frequência estadias na 1ª e 2ª divisões. Eles ficam em um eterno purgatório: são muito fracos para a elite, mas muito fortes para a Segundona. Com a consolidação dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro, começam a aparecer “clubes ioiô” por aqui.

Desde 2004 até 2014, Coritiba e Vitória acumulam 4 trocas de divisão. O recordista, no entanto (falando só de acessos e quedas envolvendo a Série A) é o Sport, que trocou de nível 5 vezes durante o período, mas em 2014 conseguiu evitar nova queda.

E no exterior, quais têm sido os maiores “times ioiô”? Vejamos a situação nos principais países (desde a temporada 2004/5):

ARGENTINA: Olimpo (6 trocas de divisão)
FRANÇA: Caen (6 trocas de divisão)
ITÁLIA: Lecce e Livorno (5 trocas de divisão)
HOLANDA: Excelsior Rotterdam e RKC Waalwijk (5 trocas de divisão)
INGLATERRA: Birmingham (5 trocas de divisão)
ALEMANHA: Colônia (5 trocas de divisão)
PORTUGAL: Beira-Mar (5 trocas de divisão)
ESPANHA: Levante, Deportivo La Coruña e Valladolid (4 trocas de divisão)

Os recordistas, hoje, são Olimpo e Caen, que conseguiram trocar de divisão 6 vezes, em 10 temporadas! Em todo esse período, ambos não passaram mais que 2 anos seguidos no mesmo nível nenhuma vez. Uma coisa é certa: seus torcedores nunca devem ficar entediados...

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Quem é o melhor mandante do Brasil?




Após a vitória sobre o Cruzeiro, na partida de ida da final da Copa do Brasil, Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG, saiu-se com a seguinte pérola: “Somos o maior mandante da história do mundo”. É óbvio o exagero, e o próprio cartola, com a cabeça fria, não atestaria semelhante afirmação.

Mas, sendo mais realistas, será que o desempenho do Atlético-MG como mandante é mesmo notável? Vejamos os resultados dos 20 times da Série A em jogos em casa, durante 2014, considerando todas as competições (até 17/nov):

Pos
Time
V
E
D
%
Brasileiro
1
Cruzeiro
25
6
2
81,8%
1
2
Internacional
24
1
6
78,5%
5*
3
Grêmio
23
5
4
77,1%
3
4
Santos
24
4
5
76,8%
9
5
Atlético-MG
22
10
2
74,5%
6
6
São Paulo
21
8
4
71,7%
2
7
Corinthians
17
7
4
69,0%
4
8
Coritiba
16
8
4
66,7%
16
8
Goiás
17
7
5
66,7%
11
8
Sport
19
7
6
66,7%
12
11
Flamengo
19
8
6
65,7%
8
12
Fluminense
17
8
5
65,6%
7
13
Atlético-PR
17
6
7
63,3%
10
14
Palmeiras
18
4
9
62,4%
14
15
Chapecoense
14
8
6
59,5%
17
15
Figueirense
15
5
8
59,5%
13
17
Criciúma
14
6
7
59,3%
20
18
Bahia
15
7
9
55,9%
19
19
Vitória
13
8
9
52,2%
15
20
Botafogo
13
7
11
49,5%
18
*Na data de publicação do texto, o Inter ocupava o 3º lugar no Brasileirão, mas, como estava empatado com outras duas equipes e disputou 1 jogo a mais, a 5ª posição reflete melhor sua situação no momento.

Nota-se facilmente que o desempenho em casa do Atlético-MG em 2014 não é nada fora do normal, considerando seus bons resultados na temporada, em geral. Vale dizer, porém, que o clube está invicto em seus domínios há 20 jogos (16 vitórias e 4 empates). Isso, somado aos “milagres” na Copa do Brasil, explica a empolgação do presidente Alexandre Kalil.

Em números absolutos, o melhor mandante do Brasil em 2014 é, sem dúvida, o Cruzeiro. Nenhuma surpresa aí, já que o time é líder do Brasileirão, campeão mineiro e finalista da Copa do Brasil.

Comparando com o desempenho no Nacional, quem realmente se destaca em casa é o Santos, 9º no Brasileirão, mas o 4º melhor em seus domínios. O Coritiba também é muito forte como mandante – é o 8º melhor da lista, sendo que briga para não cair na Série A.

Desempenho oposto têm São Paulo, Fluminense e Vitória, todos ocupando posições bem piores na lista de mandantes do que no Campeonato Brasileiro. No entanto, o time com pior retrospecto em casa, no geral, é o Botafogo – única equipe que não chega a 50% de pontos ganhos em casa.

Os altos índices de aproveitamento dos mandantes – todos entre 49% e 82% – se explicam por dois fatores: o equilíbrio geral do Brasileirão, que faz com que o “fator casa” se torne mais importante, e o fato de os jogos dos Estaduais estarem incluídos na lista – vitórias contra “molezas” nos regionais inflam as médias de quase todas as equipes da Série A.