sexta-feira, 4 de abril de 2014

Zebras nos Estaduais estão desaparecendo


O Campeonato Paulista de 2014 terá a presença de uma grande zebra em sua final: o Ituano. No Paraná, a decisão será entre Londrina e Maringá. Estamos falando de uma temporada cheia de surpresas? Na verdade, não. Nos oito principais Estaduais do Brasil, os casos citados são os únicos que fugiram do roteiro previsível.

Os campeonatos estaduais nunca foram grandes fontes de surpresas, mas, nos últimos anos, elas se tornaram ainda mais raras. Vejamos:


2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
Total
SP
1
0
1
0
1
0
1
1
0
0
5
RJ
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
2
RS
0
1
1
0
0
0
1
1
0
1
5
MG
0
0
1
0
1
0
0
0
1
1
4
PR
2
0
0
0
0
1
0
2
2
0
7
BA
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
2
PE
0*
0
0
0
0
0
1
1
0
0
2
SC
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
5
Total
3
2
3
2
2
2
3
6
5
4
32
*O Pernambucano-2014 ainda não tem os finalistas definidos, mas o mais provável é que não haja nenhuma zebra na decisão.

Na tabela acima, é considerada “zebra” a chegada à final de um time que não seja um dos grandes do Estado. Para esta conta, foram consideradas “grandes” as seguintes equipes:

- SP: São Paulo, Santos, Corinthians, Palmeiras
- RJ: Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo
- RS: Grêmio, Internacional
- MG: Atlético, Cruzeiro
- PR: Atlético, Coritiba
- BA: Bahia, Vitória
- PE: Náutico, Sport, Santa Cruz
- SC: Avaí, Figueirense, Criciúma, Joinville

Assim, entre 2005 e 2007, a média era de 5 zebras nas finais dos campeonatos considerados. De 2008 em diante, nunca foram mais de 3 surpresas nas decisões.

Isso é ruim? Nem tanto. Por um lado, é inegável que as zebras trazem um pouco mais de emoção e interesse para torneios que há muito tempo são monótonos, previsíveis e desimportantes. Por outro lado, a realidade é que, nos dias de hoje, zebras acontecem muito mais por despreparo (ou desinteresse) dos times grandes do que graças a bons times montados pelos pequenos.

Outra análise interessante da tabela é ver em quais Estados mais zebras têm acontecido. Paraná, com 7 ocorrências, é o líder (mesmo que o Paraná Clube seja considerado “grande”, ainda seriam 5 casos), o que pode ser creditado, em parte, ao desinteresse explícito que Coxa e Furacão têm demonstrado pelo Estadual em anos recentes.

Outros Estados com razoável índice de zebras (5 em 10 anos) são Santa Catarina (onde o torneio é sabidamente mais equilibrado), Rio Grande do Sul (graças, em parte, ao Juventude, que chegou a duas decisões) e São Paulo (único Estado que talvez ainda tenha times relevantes fora dos “grandes”, casos de Guarani e Ponte Preta).

3 comentários:

  1. E o mais interessante dos casos de SP e SC é que o número de zebras é (relativamente) alto mesmo tendo 4 grandes, ou seja, é um fenômeno estatisticamente muito mais difícil. Bom, em relação à última frase: Em Santa Catarina, ainda temos um "neogrande", que é a Chapecoense, que inclusive estará na Série A do Brasileirão este ano, além de ter sido a responsável por 4 das 5 zebras do estadual citadas, o que justifica seu crescimento.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Ah, fiz uma pesquisa extra então: Aproveitando o tema, desde quando não temos uma final sem os grandes em cada estado (sem contar a final paranaense de 2014, e considerando o Paraná como grande):
    - SP - 2004: São Caetano x Paulista;
    - PR - 1992: Londrina x União Bandeirante;
    - SC - 1970: América de Joinville x Próspera de Criciúma (Se bem que em 1970 não havia ainda o Joinville, nem o Criciúma e nem a Chapecoense... E, inclusive, o Joinville foi o resultado de uma fusão do América com o Caxias em 1976);
    - BA - 1968: Galícia x Fluminense de Feira (Isso que não houve final em 1968. Esses dois ali foram os dois melhores colocados no octogonal final);
    - MG - 1964: Siderúrgica de Sabará x América (Isso que não houve final, foi por pontos corridos. Se forçar e botar o América como grande, aí tem que voltar lá pra 1937, entre Siderúrgica e Villa Nova);
    - RS - 1954: Renner x Brasil de Pelotas (na verdade, naquele ano Grêmio e Inter não disputaram o campeonato);
    - PE - 1934: Torre x América do Recife (Naquele ano foi em pontos corridos e não teve final. Aliás, o campeonato nem terminou por causa da revolução, mas o Torre foi declarado campeão pois era o líder);
    - RJ: 1905 - nunca houve uma final sem Flamengo, Vasco, Botafogo ou Fluminense, então como o primeiro campeonato foi em 1906, botei 1905 como o último ano sem os grandes...

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